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FIDCs: investimento em Renda Fixa, “poderoso nas entregas”, diz Binelli

Os FIDCs estão em alta. Graças à mudanças na regulação, agora eles são acessíveis a qualquer pessoa e vêm ganhando uma exposição inédita, chamando a atenção dos investidores, inclusive dos mais conservadores.

Ricardo Binelli, sócio-diretor da Solis Investimentos, é um entusiasta dos FIDCs e um dos maiores especialistas do país no assunto. “Na Solis, optamos por nos especializar em um investimento que é muito poderoso nas suas entregas”, afirmou, em painel da Money Week, evento da EQI Investimentos.

FIDCS: o que são

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) são uma modalidade de investimento relativamente nova no Brasil, projetada para captar recursos no mercado financeiro e direcioná-los para a aquisição de direitos creditórios. Esses direitos, na prática, são valores que uma empresa tem a receber de seus clientes, como contas a receber, duplicatas e outros créditos que podem ser negociados.

O funcionamento dos FIDCs se baseia na securitização de ativos. Basicamente, uma empresa cede seus direitos creditórios para o fundo, que, por sua vez, emite cotas para investidores.

Esses investidores recebem rendimentos provenientes dos pagamentos desses créditos, que são administrados pelo fundo. O objetivo é gerar uma rentabilidade para os cotistas enquanto oferece à empresa uma antecipação de receita.

“Eu gosto de chamar o FIDC pelo apelido, fundo de recebíveis. Porque é o que ele é. Ele compra um crédito que vai ser pago lá na frente. É um instrumento de Renda Fixa que compra crédito com desconto. Então, é interessante, não só porque remunera bem, mas porque protege bem o investidor”, explica Binelli.

FIDC acessível a pessoas físicas

Uma novidade importante no mercado é que os FIDCs agora são acessíveis para pessoas físicas. Anteriormente, esses fundos eram mais voltados para investidores institucionais devido ao seu perfil de risco e complexidade. Contudo, com a regulação recente, agora é possível para indivíduos investirem nesses fundos, o que democratiza o acesso a essa modalidade de investimento.

Investir em FIDC através de FOF é mais seguro

Binelli chama atenção para um ponto importante para as pessoas físicas que pretendem investir em FIDCs: os Fundos de Fundos (FOFs) são mais recomendados.

Isso porque, investir em FIDC através de um fundo de fundo é considerado uma opção mais segura. Essa estratégia envolve a aplicação de recursos em um fundo que, por sua vez, investe em outros FIDCs. E a principal vantagem desse modelo é a diversificação.

Ao aplicar em vários FIDCs, o fundo de fundo reduz o risco associado a um único ativo ou credor, proporcionando uma proteção adicional ao investidor.

Vantagens e riscos

No entanto, como qualquer investimento, os FIDCs têm suas vantagens e riscos. Entre as vantagens, destaca-se a possibilidade de obter rendimentos mais altos em comparação com investimentos tradicionais, como a poupança e os títulos de Renda Fixa. Além disso, a estrutura dos FIDCs permite uma certa previsibilidade de retorno, dado que eles estão lastreados em recebíveis de empresas.

Por outro lado, os riscos não devem ser subestimados. Os principais incluem o risco de crédito, que é a possibilidade de inadimplemento por parte dos devedores dos créditos adquiridos pelo fundo. Além disso, a liquidez pode ser uma preocupação, já que esses fundos não são tão facilmente negociáveis quanto ações ou fundos de investimento mais tradicionais. A gestão dos FIDCs também pode ser complexa, e a qualidade da administração é fundamental para a performance do fundo.

Como funciona a estrutura de cotas de um FIDC

A estrutura de cotas em um FIDC é projetada para acomodar diversos perfis de investidores e proporcionar uma forma de gerenciamento de risco e retorno.

Com diferentes classes de cotas, os investidores podem escolher onde aplicar seus recursos com base em sua tolerância ao risco e expectativas de retorno.

A prioridade no pagamento e o potencial de retorno são claramente definidos, permitindo uma gestão mais eficiente dos recursos e uma distribuição mais equitativa dos riscos associados aos direitos creditórios. Entenda em detalhes abaixo:

Classes de Cotas

Os FIDCs geralmente são estruturados em diferentes classes de cotas, que podem ser divididas em cotistas subordinados e cotistas sêniores. Cada classe tem um perfil de risco e retorno distinto:
 
  • Cotas sêniores: São as cotas que possuem prioridade no recebimento dos pagamentos provenientes dos direitos creditórios do fundo. Isso significa que, em caso de liquidação dos ativos, os cotistas sêniores são pagos antes dos cotistas subordinados. Essas cotas geralmente oferecem um retorno menor em comparação com as cotas subordinadas, devido à sua menor exposição ao risco.
  • Cotas subordinadas: Também conhecidas como cotas de risco ou cotas mezanino, são as últimas a receber pagamentos e têm prioridade inferior em relação às cotas sêniores. Em contrapartida, essas cotas oferecem um retorno potencialmente maior, refletindo o maior risco associado. Se houver inadimplência ou perdas nos direitos creditórios, as perdas são primeiramente absorvidas pelos cotistas subordinados.
Como funciona um FIDC na prática?

A estrutura de cotas permite que o FIDC ofereça um equilíbrio entre risco e retorno, diversificando as oportunidades para investidores com diferentes perfis de risco. Veja como funciona na prática:
 
  • Captação de recursos: O fundo emite diferentes classes de cotas, e investidores compram essas cotas conforme suas preferências de risco e retorno.
  • Aquisição de direitos creditórios: Com os recursos captados, o fundo adquire direitos creditórios de empresas ou outros ativos similares. Esses ativos geram fluxos de caixa que serão usados para pagar os cotistas.
  • Pagamento aos cotistas: Os pagamentos feitos pelos devedores dos direitos creditórios são distribuídos de acordo com a prioridade das cotas. Primeiro, os cotistas sêniores recebem seus pagamentos. Qualquer valor restante é então direcionado para os cotistas subordinados.
  • Gestão do fundo: O fundo é gerido por uma instituição financeira ou uma gestora especializada, responsável por administrar os ativos, realizar a cobrança dos créditos e distribuir os pagamentos aos cotistas.
  • Risco e retorno: A estrutura de classes de cotas dos FIDCs permite que os investidores escolham o nível de risco que estão dispostos a assumir. Cotistas sêniores têm um risco menor e um retorno mais baixo, enquanto cotistas subordinados enfrentam maior risco, mas com potencial para retornos mais altos.
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