Economia

Empresários e entidades relatam dificuldades para acesso a crédito de baixo custo para retomada do RS

Em um levantamento da Prefeitura de Porto Alegre, 45 mil empresas foram atingidas diretamente pela enchente. Apenas no Quarto Distrito, conforme a Associação dos Empresários do Quarto Distrito Vítimas da Enchente, foram 4,3 mil. Entretanto, a secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre, Júlia Tavares, aponta que 3 mil empresas da Capital conseguiram acesso a linhas de créditos do Governo Federal para a retomara das atividades.

“Só em restaurantes foram 3 mil empreendimentos atingidos. No comércio varejista, principalmente de roupa, outras 7 mil empresas. Mas apenas 3 mil empresas de Porto Alegre conseguiram acesso a crédito. É um número menor de 10%. Então o acesso ao crédito barato vai ser um desafio enorme para as empresas se reerguerem”, destacou a secretária.

O presidente da Associação dos Empresários do Quarto Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romeiro, também citou que os recursos do governo federal são insuficientes. Já para o vice-presidente de Integração da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rafael Goelzer, apontou que não há aparente esforço do Governo Federal em resolver as dificuldades dos empresários na obtenção de crédito para a retomada.

“As linhas existem, mas foram mantidas exigências absurdas. As empresas que estão na mancha de inundação precisam de linhas a fundo perdido. Além disso, temos uma ‘segunda mancha’, que é econômica. Um exemplo são as empresas que trabalham com importação e exportação e tiveram quedas drásticas. Estamos sendo incisivos, pois o RS não vive uma situação normal de mercado. Vivemos um momento de exceção e o governo precisa entender isso”, afirmou.

Cerca de R$ 2,4 bilhões para 25 mil empresas

Conforme dados do Ministério da Reconstrução, até a última sexta-feira, cerca de 25 mil negócios já haviam conseguido acessar operações de crédito relacionados com os planos emergenciais apresentados pelo Governo Federal. Já foram direcionados R$ 2,4 bilhões para 22,7 mil empresas e outros R$ 203,6 milhões para 1,9 mil agricultores.

Questionado sobre o relato dos empresários e entidades empresariais sobre os financiamentos, o secretário-executivo da pasta, Emanuel Hassen (Maneco) ressaltou que o acesso já está facilitado, restando apenas identificar se as empresas têm direito ou não ao valor emergencial. Além disso, ele afirmou que o ministro Paulo Pimenta solicitou na última semana a ampliação de crédito para capital de giro.

“A responsabilidade da análise de crédito não é do governo, mas do banco. Para as empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões, é com o BNDES. Para as empresas abaixo dos R$ 300 milhões, a análise é feita pelas 42 instituições bancárias que estão autorizadas a concederem o crédito. Os critérios estabelecidos são de estar dentro da mancha de inundação e faturamento. Se o banco quiser dar crédito para quem tem inscrição no SPC, a responsabilidade é dele”, contou.

Maneco destacou que, no momento, só existem linhas de crédito para empresas que estão dentro da mancha de inundação. “Justamente porque os bancos estavam ligando para as empresas que não foram atingidas e oferecendo crédito. Então a gente se obrigou a adotar esta medida. E taxa de juros menores que as oferecidas, só se forem negativas”, finalizou.

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