Economia

Estatísticas monetárias e de crédito

Nota para a imprensa – 26/6/2024

1.      Crédito ampliado ao setor não financeiro
Em maio, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$17,0 trilhões (153,6% do PIB), aumentando 1,9% no mês, com expansões nos saldos de títulos públicos de dívida (3,2%), de empréstimos externos (2,1%) e de empréstimos do SFN (0,7%). Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 12,2%, destacando-se elevações dos títulos de dívida (16,6%) e da carteira de empréstimos do SFN (8,9%).

O crédito ampliado a empresas atingiu R$5,9 trilhões (52,7% do PIB), aumentando 1,2% no mês, com elevações nos títulos privados de dívida (2,3%) e nos empréstimos externos (2,1%). Em relação a maio de 2023, a expansão de 10,0% refletiu aumentos de 23,6% em títulos de dívida e de 4,7% nos empréstimos do SFN.

O crédito ampliado às famílias situou-se em R$4,0 trilhões (35,6% do PIB), com aumentos de 0,9% no mês e de 11,0% em doze meses, em função do incremento nos empréstimos do SFN.

2.      Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O saldo das operações de crédito do SFN alcançou R$6,0 trilhões em maio, com crescimento de 0,7% em relação ao mês anterior. Esse resultado decorreu dos avanços de 0,4% no saldo das operações de crédito com pessoas jurídicas, total de R$2,3 trilhões, e de 0,9% no de pessoas físicas, que somou R$3,7 trilhões. Em doze meses, o saldo total de crédito do SFN cresceu 9,2%, ante 9,0% nos doze meses até abril. Por segmento, tanto o crédito às empresas quanto o destinado às famílias registraram aceleração, com altas de 6,6% ante 6,1% e de 11,0% ante 10,9%, na ordem.

O saldo das operações de crédito com recursos livres atingiu R$3,5 trilhões em maio, com altas de 0,6% no mês e de 6,8% em doze meses. No crédito livre às empresas, saldo de R$1,5 trilhão, com avanços de 0,1% no mês e de 4,4% em doze meses. Contribuíram para o crescimento a alta nos estoques de adiantamentos de contratos de câmbio – ACC (+5,8%), de outros créditos livres (+2,8%) e de conta garantida (+5,4%).

O saldo de crédito livre às famílias totalizou R$2,0 trilhões em maio, com incrementos de 1,0% no mês e de 8,6% em doze meses. Nas modalidades de crédito não rotativo, incrementos de 0,9% no mês e de 9,3% em doze meses. Nas modalidades rotativas, crescimentos de 1,3% e 6,8%, na ordem. Destacaram-se as altas nas modalidades de cartão de crédito à vista (+1,4%), financiamento para aquisição de veículos (+1,6%) e de crédito pessoal não consignado (+1,6%).

O saldo das operações de crédito direcionado somou R$2,5 trilhões em maio, com expansão de 0,8% no mês e de 12,8% em doze meses. Nas operações com empresas, crescimento de 1,0% no mês e de 10,7% em doze meses, alcançando R$824,6 bilhões. No crédito direcionado às famílias, saldo de R$1,7 trilhão, com acréscimos de 0,7% e de 13,9%, na ordem, destacando-se o crescimento de 1,1% nos financiamentos imobiliários com taxas reguladas.

As concessões de crédito alcançaram R$570,0 bilhões em maio. Nas séries sazonalmente ajustadas, as concessões totais cresceram 1,0% no mês, com recuo de 1,0% no crédito às empresas e aumento de 2,0% no crédito às famílias. No acumulado em doze meses até maio de 2024, as novas contratações cresceram 8,6%, comparativamente aos doze meses anteriores, com altas de 6,3% nas operações com pessoas jurídicas e de 10,5% nas operações com pessoas físicas. As concessões médias diárias em maio, mês com um dia útil a menos que o anterior, aumentaram 5,2% em relação a abril, com altas de 3,5% nas operações com empresas e de 6,5% nas realizadas com as famílias.

A taxa média de juros das concessões alcançou 27,8% a.a. em maio, com diminuição de 0,1 p.p. no mês e de 4,4 p.p. em doze meses. As taxas médias nas operações com pessoas jurídicas e com pessoas físicas recuaram, situando-se, respectivamente em 18,2% a.a. e 32,4% a.a., ambas com reduções mensais de 0,2 p.p. Em doze meses, reduções respectivas de 2,7 p.p. e 5,6 p.p. O spread bancário situou-se em 18,9 p.p., com decréscimos de 0,2 p.p. no mês e de 3,1 p.p. em doze meses.

No crédito livre, a taxa média de juros atingiu 40,0% a.a. em maio, com diminuições de 0,3 p.p. no mês e de 5,0 p.p. em doze meses. Nas operações com pessoas jurídicas, a taxa média situou-se em 20,8% a.a., com decréscimos de 0,4 p.p. no mês e de 2,7 p.p. comparativamente a maio do ano anterior. Na variação mensal prevaleceu o efeito resultante de alterações na composição da carteira (efeito saldo).

No crédito com recursos livres às pessoas físicas, a taxa média de juros recuou 0,5 p.p. no mês e 7,5 p.p. em doze meses, situando-se em 52,4% a.a. Contribuíram para a redução as mudanças na composição da carteira (efeito saldo), com destaque para o aumento da participação do cartão de crédito à vista, bem como a diminuição das taxas médias praticadas nas principais modalidades, destacando-se o crédito pessoal não consignado (-1,8 p.p.).
 

 
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, diminuiu para 21,8% a.a., recuando 0,1 p.p. no mês e 0,7 p.p. em 12 meses.

A inadimplência atingiu 3,3% da carteira total de crédito do SFN em maio, com incremento de 0,1 p.p. no mês e recuo de 0,2 p.p. em doze meses. A inadimplência no crédito às empresas e às famílias manteve-se estável no mês, situando-se em 2,6% e 3,7% das respectivas carteiras. Em doze meses, o indicador avançou 0,1 p.p. na carteira de pessoas jurídicas e recuou 0,5 p.p. na de pessoas físicas.

No crédito com recursos livres, a taxa de inadimplência situou-se em 4,6% em maio, com elevação de 0,1 p.p. no mês e redução de 0,2 p.p. em doze meses. No crédito livre às empresas, a inadimplência alcançou 3,2% da carteira, com diminuição mensal de 0,1 p.p. e avanço de 0,3 p.p. em doze meses. No crédito livre às famílias, a inadimplência avançou 0,1 p.p. no mês e recuou 0,7 p.p. em doze meses, correspondendo a 5,6% da carteira.

O endividamento das famílias situou-se em 47,9% em abril, com alta de 0,1 p.p. no mês e queda de 0,7 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda atingiu 26,6% em abril, aumentando 0,4 p.p. no mês e recuando 1,4 p.p. em doze meses.

3.      Agregados monetários
A base monetária somou R$436,6 bilhões no mês de maio, com aumentos de 7,5% no mês e de 10,2% em doze meses. No mês, o papel-moeda em circulação e as reservas bancárias cresceram 2,5% e 29,9%, respectivamente.

Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, apresentaram expansão as operações do Tesouro Nacional (R$32,6 bilhões), as operações do setor externo (R$378 milhões), as operações com derivativos (R$7,7 bilhões) e os depósitos de instituições financeiras (R$8,2 bilhões, cujos principais componentes foram as liberações de recursos da caderneta de poupança, R$6,5 bilhões,  de depósitos de garantias em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, R$2,2 bilhão, de recursos do Proagro, R$0,3 bilhões, e de depósitos voluntários a prazo, -R$0,8 bilhões). Impactaram no sentido contracionista as operações com títulos públicos federais (R$5,5 bilhões resultado de colocações líquidas de R$130,5 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$125,1 bilhões no mercado secundário).

Os meios de pagamento restritos (M1) atingiram R$652,2 bilhões, aumento de 1,8% no mês, refletindo os aumentos do papel-moeda em poder do público (3,1%) e dos depósitos à vista (0,7%). Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 cresceu 2,6% em maio.

O M2 avançou 1,2% no mês, com saldo total de R$6,1 trilhões, refletindo crescimento de 1,5% no saldo dos depósitos a prazo, que totalizou R$2,9 trilhões. No período, o saldo dos depósitos de poupança cresceu 1,4%, após captações líquidas de R$8,2 bilhão. O M3 cresceu 1,4% em maio, totalizando R$11,4 trilhões, refletindo o aumento do M2 e a variação no saldo das quotas de fundos monetários, que totalizou R$5,1 trilhões (+1,1%). O M4 avançou 1,3% no mês e 12,9% em doze meses, totalizando R$12,6 trilhões.  

4.      Limitação do montante de juros e encargos financeiros em cartões de crédito
A Lei nº 14.690, de 3 de outubro de 2023, determinou que, no crédito rotativo e no parcelamento do saldo devedor das faturas de cartões de crédito e de outros instrumentos de pagamento pós-pagos, o montante total cobrado a título de juros e encargos financeiros não poderá exceder o valor original da dívida. Essa medida entrou em vigor em 3 de janeiro de 2024 e, como não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão do crédito, não houve impacto na metodologia de apuração estatística das taxas de juros apresentadas nesta Nota para a Imprensa.

Visando contribuir para o acompanhamento dos efeitos dessa legislação, o Banco Central passou a divulgar em página específica na internet os percentuais acumulados dos montantes de juros e encargos nas operações de cartão rotativo e parcelado a partir da entrada em vigor da lei. Esses dados mostram a distribuição de frequência da proporção dos montantes de juros e encargos financeiros cobrados pelas instituições financeiras em relação ao valor original da dívida e estão disponíveis no site do Banco Central, no endereço www.bcb.gov.br/estatisticas/juros-cartao-de-credito ou através do caminho Estatísticas > Taxas de Juros > Juros acumulados no cartão de crédito. 
 

 
5.      Revisão das estatísticas de crédito
De acordo com a Política de Revisão das Estatísticas Econômicas Oficiais Compiladas pelo Departamento de Estatísticas (DSTAT) do Banco Central do Brasil, 3ª edição, de junho de 2023, as estatísticas de crédito sofrem revisão ordinária anual nos meses de junho. Essas revisões visam, principalmente, o aprimoramento da consistência entre os diferentes documentos remetidos pelas instituições financeiras ao Banco Central, a retificação de informações anteriormente enviadas e a revisão de séries históricas. 

Na revisão anual de junho de 2024, destacam-se as seguintes alterações metodológicas:

i)  Segmentos de instituições financeiras: o acompanhamento do mercado de crédito evidenciou o rápido crescimento de novos segmentos, destacadamente as Sociedades de Crédito Direto e Sociedades de Empréstimos entre Pessoas. Assim, a partir de março de 2024, as estatísticas de crédito incorporaram também os saldos destes novos segmentos financeiros. Adicionalmente, foram aprimoradas as ferramentas de captação dos saldos dos demais segmentos, como por exemplo as Instituições de Pagamentos. 

ii)  Crédito por setor de atividade econômica: dando continuidade ao aprimoramento introduzido na revisão anual de 2023, as operações de antecipação de recebíveis foram incorporadas nas estatísticas por setor de atividade econômica. Dessa forma, diversas séries tiveram suas informações revisadas desde junho de 2020, dentre as quais destacamos as seguintes (vide gráficos):    

iii)  As seguintes séries sofreram alterações em função de aprimoramentos nas fontes de dados e/ou atualizações disponibilizadas nos últimos 12 meses: 

Crédito ampliado ao setor não financeiro – Empresas não financeiras – Empréstimos do SFN;
Crédito do SFN – Saldos por porte de empresas;
Crédito do SFN – Saldos por tipo de cliente;
Crédito do SFN – Endividamento e comprometimento de renda das famílias.








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