Economia

Compras com cartões têm alta anual de 17% no 1º tri; inadimplência cai à mínima

As compras realizadas com cartão de crédito, débito e pré-pago cresceram 17,3% no primeiro trimestre de 2021, somando R$ 558,3 bilhões, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela Abecs, associação que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamento. O resultado confirma a tendência de recuperação do setor, que teve início no segundo semestre de 2020, mesmo com o recrudescimento da pandemia.

Se avaliado apenas o mês de março, o crescimento foi ainda maior, de 24,6%.

Na comparação entre as modalidades, todas tiveram crescimento de dois dígitos, segundo o presidente da Abecs, Pedro Coutinho.

O cartão de crédito foi o meio de pagamento que apresentou o maior valor transacionado no primeiro trimestre, registrando R$ 335,9 bilhões (alta de 12,8%), seguido pelo cartão de débito, com R$ 204,4 bilhões (alta de 19,7%). Já o cartão pré-pago somou R$ 18 bilhões, com o maior crescimento, de 150,3%.

Em quantidade de transações, foram ao todo 6,5 bilhões de pagamentos com cartões nos três primeiros meses do ano, o equivalente a 50 mil por minuto, 11,8% a mais do que no ano anterior.

Os gastos de brasileiros no exterior tiveram forte redução de 62,8%, para US$ 654,1 milhões (R$ 3,6 bilhões). Já as compras realizadas por estrangeiros no Brasil caíram 42%, somando US$ 585,9 milhões (R$ 3,2 bilhões).

Inadimplência

A Abecs informou que, mesmo com o aumento expressivo do uso de cartões, o índice de inadimplência do cartão de crédito apresentou quedas consecutivas ao longo dos últimos meses e chegou ao seu menor patamar em março deste ano: 4,2%.

“É a primeira vez na série histórica (divulgada pelo Banco Central e iniciada em março de 2011) que esse indicador do cartão se iguala à taxa média de inadimplência da pessoa física”, disse Coutinho. Essa taxa calculada pelo BC inclui outras categorias de empréstimo em recursos livres, como crédito consignado, crédito pessoal, aquisição de veículos, cheque especial e arrendamento mercantil.

“Este cenário mostra uma melhor gestão de crédito por parte dos emissores e é positivo para a indústria”, comentou Coutinho.

Recebíveis

O presidente da Abecs afirmou que a indústria poderá atender a nova regulação do Banco Central sobre a antecipação de recebíveis em junho. O novo modelo proposto pelo BC prevê que, a partir do dia 7 de junho, todos os pagamentos com cartões sejam registrados em centrais de registro, que assegurem a unicidade desses ativos financeiros. Com isso, os lojistas terão mais flexibilidade para usar os recebíveis como garantia de operações de crédito.

“Trabalhamos para ter uma padronização. É um projeto que deu trabalho para todo mundo. Muita gente entrou no segmento. Mas tudo indica que a implementação ocorra em junho”, disse.

Na avaliação de Coutinho, a partir de agosto o segmento deve mostrar uma boa concorrência, de modo que uma determinada empresa terá a oportunidade de optar entre antecipar recebíveis ou ter mais acesso a crédito de longo prazo com taxas de juros de acordo com seu perfil e risco. Além disso, o presidente da Abecs sinalizou que com essa medida é aberto um espaço para reduzir as taxas cobradas pelas adquirentes, processo esse que, segundo ele, já vem em andamento desde 2014.

Ainda em relação à concorrência, principalmente com a implementação de novas tecnologias de pagamento, como Pix e o WhatsApp Pay, Coutinho entende que são mais opções para o consumidor. “Com a maior digitalização, há espaço para todos os meios crescerem”, disse, acrescentando que TED, DOC e boletos podem ser substituídos nesse cenário.

Ele menciona que ao mesmo tempo em que aumenta a penetração do Pix – o BC informou que o arranjo está perto de atingir 500 milhões de transações — o cartão de débito também avança. Pelos dados da Abecs, no primeiro trimestre deste ano o valor transacionado com débito alcançou R$ 204,4 bilhões, alta de 19,7% em um ano; em relação à quantidade de transações, o avanço foi de 9,4%, para 3 bilhões.

Esse bom resultado do débito se estendeu para o cartão de crédito e o pré-pago, o que reforça a expectativa da associação de que o setor como um todo possa crescer 19% neste ano. Mantendo o cenário atual e com a vacinação em andamento, Coutinho acredita que a tendência é que cada trimestre seja melhor que anterior.

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