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BNDES escolhe propostas de FIDC de pequena empresa

O BNDES divulgou ontem as 12 propostas escolhidas na chamada pública para o investimento de R$ 4 bilhões do banco em fundos de direitos creditórios (FIDC) voltados a micro, pequenas e médias empresas. Foram selecionadas seis gestoras independentes: Brasil Plural, Captalys, Empírica, Nova SRM, a parceria Solis-Augme e XP Vista. Nessa modalidade, o BNDES vai se unir a essas gestoras que, em parceria com uma ou mais fintechs, vão originar os créditos.

Em outra estratégia, as propostas vieram de seis grandes empresas, que focarão o crédito a sua base de clientes: Cielo, PagSeguro, SumUp e Stone; e dois marketplaces: B2W e Magazine Luiza. Agora as escolhidas passarão por um processo de diligência e ao final sobrarão dez escolhidos.

O banco terá participação limitada a R$ 500 milhões por fundo. E espera-se que eles atraiam a participação de outros investidores no mercado. No total, banco recebeu 73 propostas de interessados, que somaram R$ 24 bilhões, demanda que surpreendeu o BNDES.

Os FIDCs que serão lançados se assemelham à categoria multicedente/multisacado, no sentido de que terão uma base pulverizada de operações - espera-se 1 milhão de operações num prazo de seis anos. Mas eles não devem fazer necessariamente as operações típicas de desconto de duplicata, com prazos de 45 dias, de vendas já realizadas.

Filipe Borsato, chefe de departamento do BNDES, explica que vão olhar operações a prazos mais longos, superiores a 9 ou 12 meses, e com carência acima de 60 dias. “Isso é possível porque estamos trabalhando com plataformas digitais capazes de fazer estruturação de crédito de forma elaborada.”

O produto terá taxas de mercado. “A intenção é alongar prazos e aumentar o acesso. Não se trata de um subsídio. Estamos trabalhando com recursos próprios e em parceria com investidores privados. Não podem ser taxas sem sustentabilidade de longo prazo”, diz.

Do ponto de vista de acesso, a missão é alcançar o pequeno empreendedor, que hoje só tem crédito pessoal, muito caro. “É o ambulante que opera via maquininhas, o jornaleiro, o pequeno varejista que vende na plataforma on-line. Operações com prazos muito maiores do que ele teria em outros produtos”, diz.

Questionado sobre como o banco vai se certificar de que o crédito vai chegar de fato a esse tomador, uma vez que o que se viu da crise foi também esses FIDCs multicedentes multisacados colocando o freio em novas operações, Borsato diz em primeiro lugar que os fundos serão fechados. Como não haverá resgate, com recursos do BNDES, o gestor terá mais tranquilidade, acredita.

O segundo ponto é que nas duas modalidades de produto, a escolha de propostas o BNDES buscou grupos com diferencial informacional que os permitisse fazer operações diferenciadas. “Um exemplo claro é o gestor de marketplace, que consegue ver se o lojista continua vendendo, se a entrega está sendo feita no prazo, como ele está sendo avaliado pelos clientes, se teve alguma perda operacional. Ele tem várias formas de verificação da qualidade da empresa e do crédito, buscamos esse reforço de capacidade de análise também”, diz Borsato. “Queremos induzir um movimento de maior participação do mercado de capitais no crédito trabalhando com novos players e formas de análise que vão permitir vencer algumas barreiras na concessão de crédito”, disse Borsato.

Bruno Laskowsky, diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do BNDES, afirmou que o banco procura dar os incentivos certos. “É natural que o crédito no momento demais estresse se recolha e que todos sejam mais cuidadosos. Ele vai voltar a fluir em função de quanto mais informação houver, pois terá mais chance de conhecer o risco e estar mais confortável com a operação. Segundo Laskowsky, depois do papel de fomentar o mercado de ações, BNDESpar quer melhorar acesso a crédito no país. “A iniciativa tomou corpo e tem tudo para ser quase que um big bang de um movimento bastante estruturante para o país”, disse.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/bndes-escolhe-propostas-de-fidc-de-pequena-empresa-valor-economico