Economia

“2021 será melhor que esse ano que está terminando”, diz economista Alagoano

A pandemia de corona vírus derrubou a economia global em 2020. Em Alagoas não foi diferente, o estado teve uma queda econômica através da necessidade de isolamento social para conter o avanço da covid-19, mas foi beneficiado por um conjunto de medidas públicas, que manteve o consumo dos trabalhadores. Ao CadaMinuto, o professor e economista Cícero Péricles de Carvalho analisa como será a economia no Brasil e em Alagoas no ano de 2021.

O economista explica que, 2021 poderá ser melhor economicamente comparado a 2020, principalmente no segundo semestre. “Provavelmente 2021 será melhor que esse ano que está terminando, primeiro porque o anúncio da vacinação massiva acalma os setores econômicos mais afetados pela pandemia. É quase seguro que teremos, até o mês de junho do próximo ano, um grau elevado de cobertura vacinal e, portanto, de diminuição do número de infectados e mortos. Segundo, porque a partir de julho a economia fica mais movimentada. O primeiro semestre é sempre mais lento na economia regional porque, depois do carnaval, termina o verão e com ele a alta estação do turismo. A safra da cana também é concluída entre os meses de fevereiro e março; o setor comercial vende menos porque já realizou sua parte mais importante em dezembro e nas promoções e queimas de janeiro. A construção civil já entregou as obras de final de ano e entra num ritmo mais lento no período de chuvas. É um processo conhecido e esperado. No segundo semestre, esses setores são reativados com mais força”, destaca.

Questionado sobre como a pandemia do corona vírus afetou a economia em Alagoas, o economista explica que o fechamento de setores não essenciais, o aumento do desemprego e a suspensão de investimentos são as principais consequências. “O fechamento dos chamados “setores não essenciais”, de março a junho, penalizou segmentos inteiros do comércio e da rede de serviços; segundo pelo aumento do desemprego e queda da renda média, que provocaram a retração no consumo que, por sua vez, atingiu alguns segmentos que se mantiveram funcionado; terceiro pela suspensão ou adiamento de alguns investimentos anunciados no ano passado ou no começo deste ano; quarto pela permanência da pandemia, mesmo período de reabertura, de julho em diante, diminuindo o movimento comercial e de outras atividades, a exemplo do turismo e da rede escolar. Em outubro, o Ibge anunciava que o desemprego chegou a 20%, o comércio de Alagoas acumulava uma taxa negativa de -4% e o setor de serviços -19,0%. É bom lembrar que estes dois setores somam 72% do PIB estadual”, explica.

Péricles salienta que o maior desafio econômico para 2021 será superar o final do conjunto de medidas aprovadas este ano no Congresso Nacional e explica o impacto da suspensão do auxilio emergencial diante da pandemia. “O Auxílio Emergencial tem um grau elevado de cobertura. São 1,2 milhão de alagoanos que recebem este benefício mensal. O valor foi reduzido, em setembro, pela metade, passando de 600 reais para 300 e, no caso das mães solteiras, de 1200 para 600 reais. O comércio sentiu esse corte. Em janeiro ele deixa de existir e volta o Bolsa Família, que cobre 400 mil famílias e paga 186 reais, em média, mensalmente, ou seja, um total de 78 milhões de reais no estado, exatamente 10% do valor do Auxílio entre abril e agosto. O impacto será grande”, alerta.

Ainda de acordo com o economista, o programa de Manutenção do Emprego e Renda permitiu a assinatura de 200 mil contratos de redução da jornada de trabalho ou suspensão do contrato formal de trabalho em troca de um benefício mensal e da garantia do emprego. “Esse programa foi acionado por 15 mil empresas de Alagoas, principalmente micro e pequenas empresas. Seu final impactará negativamente. As linhas emergenciais de crédito serão suspensas ou passarão por uma outra leitura do sistema financeiro, que deverá aumentar as taxas de juros, reduzindo o prazo de carência e de pagamento. O final desse pacote de medidas penalizará fortemente a economia estadual”, ressalta.

Cícero Péricles frisou também que por ser pequena e periférica, a economia estadual dependerá do desempenho da economia brasileira e, um pouco menos, da regional nordestina. “Dependerá da agenda de medidas que podem ser aprovadas, outra vez, no Congresso, como a ampliação da cobertura do Bolsa Família para todo o público do Cadastro Único, que são 680 mil famílias aqui no estado; da criação de um programa de crédito para os microempreendedores individuais, os MEI, que, em Alagoas, são 108 mil; depende da criação de linhas especiais de crédito e da transformação de algumas linhas emergenciais em permanentes, programas que atendam as 60 mil micro e pequenas empresas; depende da antecipação da 13ª parcela do INSS para os meses próximos, para aliviar a queda de renda. Ou seja, uma agenda que venha, de alguma forma, compensar as perdas da agenda deste ano que está terminando.”

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