Fomento

Pix dá início à revolução no sistema financeiro brasileiro

Embora tenha registrado mais de 1 milhão de transações no primeiro dia de operação, em 16 de novembro, o Pix é uma ferramenta de pagamentos e transferências de valores ainda desconhecida pela maioria das pessoas.

Tal impressão foi compartilhada pelo economista Leandro Zen, diretor do SINFAC-SP e sócio-diretor da Size, durante sua participação como moderador de live transmitida no último dia 12 de novembro, quando abordou a mais nova ferramenta desenvolvida pelo BACEN e a tecnologia open banking.

Realizada no canal do YouTube do SINFAC-SP, a transmissão contou com a efetiva participação do empresário Marcelo Martins, sócio da Pay Ventures, líder de pagamentos e coordenador do grupo do Pix na Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

Nos últimos meses, o especialista auxiliou diversas empresas a se tornarem aptas a participar do Pix, que é um meio de pagamento eletrônico desenvolvido pelo BACEN, operante nas 24 horas e sete dias por semana, a custo zero para pessoas físicas.

Em sua breve participação no evento, o presidente do SINFAC-SP, Hamilton de Brito Júnior (Credere Consultoria e Fomento Mercantil), lembrou que o Pix foi um dos temas abordados no “13º Simpósio dos Empresários de Fomento Comercial do Estado de São Paulo”, realizado em 16 de outubro.

“Estamos vivendo um momento histórico no mundo financeiro, como podemos acompanhar pela corrida que as instituições estão fazendo em torno das chaves do Pix. Vai aumentar a bancarização. O mercado vai ficar mais concorrido. Com o Pix, os bancos vão ter de oferecer serviços mais completos”, ponderou o dirigente.

Para Marcelo Martins, o Pix trará ainda mais mudanças no ano que vem, principalmente porque o BACEN hoje tem mais autonomia, se comportando inclusive como uma verdadeira startup.

O palestrante lembrou que a ABFintechs, maior associação de fintechs do Brasil, congrega atualmente em torno de 400 fintechs. Somente em meios de pagamentos são de 90 a 100 players. A entidade montou um grupo de trabalho sobre Pix e open banking e tem atuado em parceria com o regulador.

Hoje, 718 instituições estão aptas a operar com o Pix, que só é obrigatório para instituições com mais de 500 mil contas transacionais – que não chegam a 50 em todo Brasil. O BACEN divulga diariamente as informações do volume de transações e o valor em reais movimentado na véspera.

O Pix utiliza como uma de suas ferramentas o QR Code, que recentemente começou a entrar na vida do brasileiro. “O pagamento digital via QR Code é muito comum na China e na Ásia em geral. Na China, os maiores players são o WeChat e o Alipay. São tão comuns que até moradores de rua têm o seu”, salientou.

Há dois tipos de QR Code – o estático, para uso em múltiplas transações, é ideal para pequenos varejistas, prestadores de serviço e pessoas físicas. Permite definir um valor fixo para um produto ou a inserção de um valor pelo pagador.

Já o dinâmico é de uso exclusivo em cada transação. Além do valor, permite a inserção de outras informações, como identificação do recebedor, multa e juros. É gerado por um sistema, para diversas transações. É também chamado pelo BACEN de Pix Cobrança.

Ainda neste ano, afirmou Martins, será implantado o Pix Agendado, com garantia de pagamento, e já em 2021, os pagamentos por aproximação.

“No caso do QR Code do pagador, ele poderá estar off-line, com a pessoa não precisando estar conectada à Internet, mudança que certamente vai incluir muita gente no sistema”, explicou.

A partir de 2021, o Pix também vai incluir saque no varejo, ficando para o ano seguinte a requisição de pagamento nos moldes de um DDA. Martins igualmente ressaltou o processo de implantação do open banking (sistema bancário aberto) ou compartilhamento de dados bancários pessoais, que está em andamento, sendo dividido em quatro fases.

Em 30 e novembro, por exemplo, será a vez do open data, com informações de produtos e das instituições. Em 31 de maio de 2021 começará a segunda fase, cujos Grupos de Trabalho já começaram a atuar, com foco nas informações dos usuários. Já a intersecção do Pix com o open banking está prevista para 30 de agosto do mesmo ano. Em outubro, por sua vez,  será aberto para outros serviços. “O open banking vai permitir o crédito instantâneo. Teremos um bom produto que vai se integrar com outras plataformas”, salientou.

“As instituições mais enraizadas em processos de pagamentos, como os bancos, serão mais impactadas pelo Pix, enquanto as mais distantes desses processos se beneficiarão deles, principalmente por já terem uma base de usuários. Empresas como Carrefour estão criando suas próprias fintechs de pagamentos”, exemplificou Martins, lembrando que a partir de 1º de dezembro abre-se novamente a porta para a entrada de novos players diretos e indiretos.

Por mais facilite a vida de empresas e pessoas, ele acredita que a massificação do sistema requeira a disseminação da cultura do QR Code entre os brasileiros. “Na minha visão, o Pix vai substituir o cartão, mas existe um tempo para a sociedade se acostumar com ele”, sentenciou.

Para Leandro Zen, temos como vantagem, no Brasil, o fato de estarmos em um momento em que o BACEN mostra a intenção de aumentar a competitividade. “Estamos aprendendo com os erros e os acertos de outros países”, lembrou.

Fonte: Reperkut

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/pix-da-inicio-a-revolucao-no-sistema-financeiro-brasileiro