Economia

Micro e pequenas empresas brasileiras dão primeiros sinais de recuperação na pandemia

Um dos efeitos colaterais do coronavírus é o impacto na economia. No Brasil, as micro e pequenas empresas começam a reagir. De cada três que tinham parado de produzir, uma já voltou a funcionar.

O ritmo de recuperação é lento, o faturamento em média, ainda é metade do que costumava ser antes da pandemia. Ainda assim, 800 mil empresas conseguiram interromper a queda de receita que vinha ocorrendo desde março. É o que mostra um levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a FGV.

O uso maior das plataformas digitais vem ajudando a manter os negócios. Em dois meses, 12% das empresas se adaptaram ao formato digital. O auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais ajudou no consumo das famílias e no movimento de micro e pequenas empresas, diz o presidente do Sebrae.

“Isso tem dado uma injeção na economia positiva. Isso vai alcançar aí quase R$ 250 bilhões. Bem distribuído. Na verdade, o ambiente da micro e pequena empresa parou de piorar’, destaca Carlos Melles, presidente do Sebrae.

Um dos maiores desafios segundo a pesquisa, ainda é o acesso ao crédito bancário neste período de pandemia. Em maio quase a metade dos pequenos e microempresários foi a bancos pedir empréstimos para socorrer o caixa. Apenas 18% conseguiram.

Uma pequena empresa do setor têxtil tentou, por quatro vezes, pegar financiamento em bancos para se manter, no período em que ficou parada. Todos os pedidos negados. A companhia produzia 200 mil peças por mês. Com a crise, o volume caiu pela metade e foi preciso suspender os contratos de trabalho e seis funcionários foram demitidos.

O dono conta que teve ajuda de um cliente - uma grande rede do varejo de moda - para não fechar as portas.

“A gente recebeu um recurso financeiro, uma doação da empresa para a gente poder manter o nosso pequeno negócio também. Ajudou inclusive para gente conseguir a obtenção de crédito de folha de pagamento em banco. Para gente aqui foi muito importante isso”, afirma Leandro Wachter, dono da empresa.

O dinheiro veio da Renner. A empresa criou um programa para apoiar pequenos fornecedores. O presidente conta que desse jeito foi possível ajudar 200 companhias.

“Duas mil pessoas, R$ 1,5 milhão. Se eles têm necessidade a gente triangula operações junto a bancos entrando como garantidor. Esses produtos são fabricados por parceiros, e nós dependemos deles, assim como eles dependem da gente nesse momento, nós dependemos muito deles também”, destaca Fabio Faccio, presidente da Lojas Renner.

Iniciativas como essa tem ajudado micro e pequenas empresas a sobreviver nesta crise.

“Isso vale para a parte de cima de quem fornece para as grandes empresas produzir o material e depois as grandes empresas produzindo, ela passa a pequena empresa para a venda. Ou seja, há uma sinergia positiva. É um bom exemplo também de parcerias em cadeia”, diz Carlos Melles, presidente do Sebrae.

O Ministério da Economia declarou que liberou, até agora, R$ 10 bilhões em linhas de financiamento para micro e pequenas empresas e que não tem poupado esforços para que o crédito chegue ao setor.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse, em nota, que durante a pandemia, o setor bancário já concedeu cerca de R$ 200 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas. A Febraban reconheceu que essa demanda por empréstimo ainda não foi plenamente atendida, mas disse que os bancos estão empenhados para que mais recursos cheguem às empresas que precisam.

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/07/11/micro-e-pequenas-empresas-brasileiras-dao-primeiros-sinais-de-recuperacao-na-pandemia.ghtml