Economia

Crédito bancário vai crescer menos que em 2019, indica BC

A crise do coronavírus vai limitar a expansão do crédito bancário no Brasil, mesmo depois das medidas de estímulo que vêm sendo anunciadas pelo governo para tentar mitigar os impactos da pandemia na economia brasileira. E quem diz isso é o próprio Banco Central (BC).
 
O BC informou nesta quinta-feira (26) que reduziu de 8,1% para 4,8% a sua previsão para a expansão do crédito bancário em 2020. O dado faz parte do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) da autoridade monetária e, se for confirmado, vai fazer com o que a carteira de crédito cresça menos do que em 2019, quando a expansão foi de 6,5%.
 
"A projeção de menor crescimento do saldo de crédito reflete cenário substancialmente mais desafiador para a atividade econômica diante da pandemia de coronavírus (COVID-19), haja vista a elevação de incertezas no ambiente econômico internacional e a expressiva queda nas expectativas de crescimento para o Brasil em 2020", explicou o Banco Central, que prevê reduções tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas.
 
A perspectiva do BC para o crescimento do saldo de crédito destinado a pessoas físicas foi reduzida de 12,2% para 7,8%. E essa queda foi puxada pelos empréstimos financiados com recursos livres, que, segundo o BC, são "o principal vetor de crescimento do crédito no país". "O ritmo de expansão dessas modalidades em 2020 foi revisto para 10,0%, ante estimativa anterior de 15,4%, em linha com redução na expectativa de crescimento da economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho, com impactos sobre a expansão da massa salarial", explicou o BC, lembrando que a desaceleração econômica provocada pelo coronavírus deve reduzir o rendimento e até o nível de emprego da população brasileira, fazendo com que menos consumidores recorram ao mercado de crédito para fazer empréstimos ou financiamentos.
 
Já para as pessoas jurídicas, o BC reduziu a sua projeção de alta da carteira de crédito de 2,5% para 0,6%. "Em relação ao estoque de crédito a pessoas jurídicas, houve redução na projeção de crescimento do segmento de recursos livres (de 9,7% para 6,0%), influenciada pela reversão nas expectativas de crescimento da economia", afirmou o BC, destacando que o baque só não foi maior porque "para fins de projeções, parte desse efeito foi, no entanto, compensado pelo impacto da desvalorização cambial sobre o montante em reais das dívidas indexadas a moedas estrangeiras".
 
As revisões do BC, contudo, vêm na sequência de uma série de anúncios que visavam conter os impactos econômicos do coronavírus através da concessão de crédito. Só a Caixa Econômica Federal (CEF) ampliou em R$ 75 bilhões a sua oferta de crédito por conta da pandemia. O Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) liberou mais R$ 55 bilhões. E o próprio Banco Central anunciou um pacote de medidas, inclusive com a redução dos compulsórios cobrados dos bancos, para tentar injetar liquidez nos bancos brasileiros. O BC estima que o pacote poderia injetar R$ 1,2 trilhão no Sistema Financeiro Nacional (SFN). As revisões de crescimento do crédito bancário divulgadas nesta quinta indicam, portanto, que essas medidas não serão suficientes para conter os impactos do Covid-19 no setor. 

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