Economia

Concentração bancária cai, mas 5 maiores ainda detêm mais de 70% do crédito

A concentração bancária no Brasil até caiu nos últimos dois anos, mas ainda assim os cinco maiores bancos do país respondem por mais de dois terços do total de crédito do país.

Dados do Banco Central mostram que Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander detinham juntos 70,9% dessas operações em 2018, ante uma fatia de 74,3% dois anos antes. Mesmo com as iniciativas da autoridade monetária para a entrada de novos participantes, como a regulamentação das chamadas fintechs (empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros), essa concentração recua de forma lenta.

Uma das razões para esse lento recuo são iniciativas do próprio mercado. Quando se olha o número de bancos, eles caíram de 176 para 172 no período, refletindo movimentos como a compra do Citibank pelo Itaú e do HSBC pelo Bradesco. "A redução na quantidade de instituições autorizadas no período analisado está relacionada com o próprio movimento do mercado, com as instituições buscando maior racionalização e ganhos de escala, ou saindo de mercado em razão de perda de competitividade", explica o BC no Relatório de Economia Bancária.

Ao mesmo tempo, o número de instituições que se enquadram nas novas modalidades criadas pelo BC, como as de pagamento ou sociedades de crédito, ainda são uma pequena parte desse mercado. As instituições de pagamento somavam apenas dez em 2018 (em 2016, 1) e apenas uma conseguiu o registro de sociedade de crédito em 2018.

-- Estamos no início de um processo. Ainda não dá para dizer que (os novos entrantes) já surtiram efeito, mas a nossa expectativa é que eles levem a uma redução dos custos, não só de crédito, mas de serviços também --  disse Carlos Viana, diretor de Política Econômica do BC, durante apresentação do documento.

O diretor do BC, no entanto, afirma que não é a concentração de crédito que, sozinha, influencia a concorrência. Enquanto a concentração é medida pela participação das maiores instituições no crédito (ou no total de depósitos ou ativos), a concorrência é medida pela disputa de um grupo de clientes em uma determinada localidade e, para isso, o BC fez uso de usa série de análises dos dados fornecidos pelas instituições financeiras.

A conclusão é que nos mercados em que a concorrência é baixa, ou seja, há uma menor disputa pelo cliente, o spread (diferença entre o custo de captação de um banco e o custo final ao cliente) tende a ser maior. No entanto, pela análise desses dados em relação à concentração bancária, não é possível afirmar que os spreads cairiam com uma concentração menor.

Para Viana, é possível ter concentração e, ao mesmo tempo, concorrência.

- Nosso entendimento é que a carga tributária e a falta de concorrência elevam o custo do crédito no país - disse.

Pelos dados do relatório, a decomposição do índice do custo de crédito (ICC) mostra que, de 2016 para 2018, o ICC passou de 20,46% para 19,26%. Esse índice é composto por cinco itens: custo de captação, inadimplência, despesas administrativas, tributos e margem financeira (lucro dos bancos). Apesar da queda do ICC como um todo, houve aumento de dois desses itens: o lucro dos bancos passou a representar 2,08 ponto percentual do ICC, ante 1,72 ponto percentual registrado em 2016. Os tributos subiram de 2,51 pontos percentuais para 2,70 pontos percentuais.

Fonte: Ana Paula Ribeiro, de O Globo

http://www.fintechspress.com/18-destaques/2214-concentracao-bancaria-cai-mas-5-maiores-ainda-detem-mais-de-70-do-credito