Economia

Após recessão, banco privado deverá sair na frente na concessão de crédito

Depois de um longo período de redução no volume de empréstimos (2013-2017), os bancos privados mostram espaço para expandir o crédito para seus clientes – pessoas físicas e jurídicas.

É o que mostra o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado ontem, pelo Banco Central (BC). Segundo o documento, a expansão anualizada das carteiras das instituições bancárias privadas voltou em dezembro de 2017 (+0,16% em 12 meses) e alcançou 3,75% em junho de 2018, já deflacionada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), enquanto bancos públicos comerciais ainda apresentam queda de 6,14%, e baixa de 12,97% nos bancos públicos de desenvolvimento.

“Os bancos privados vão sair na frente para dar crédito. A melhora na economia pode tanto ajudar os privados como os públicos nessa expansão”, aponta o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira.

De acordo com o REF, o sistema bancário no País dispõe de capital robusto “com capacidade de suportar a tendência de crescimento da carteira de crédito”, ou seja, há espaço para o avanço das concessões.

Alguns números gerais do relatório ilustram essa robustez: o lucro líquido dos bancos alcançou R$ 92 bilhões nos últimos 12 meses até junho, alta de 23,5% em relação ao resultado de R$ 74,5 bilhões do período anualizado anterior; e o custo de captação dos grandes bancos caiu de 96% da taxa de depósito interfinanceiro (DI) em junho de 2016 para 90% do DI em junho de 2018.

“Os bancos privados não estão precisando de dinheiro, há espaço para o crescimento do crédito, mas isso implica em assumir mais riscos no curto prazo”, avalia a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto.

O próprio anexo do REF com o Panorama do Sistema Financeiro mostra que houve um aumento da preocupação dos bancos com os riscos políticos, de 36% em fevereiro de 2018 para 51% em agosto de 2018, e com o risco do cenário internacional, de 5% para 9% na mesma comparação. “Os bancos estão preocupados com a questão fiscal do governo e com o ambiente internacional adverso”, observou Miguel de Oliveira, da Anefac.

No radar externo, o risco dos bancos italianos é acompanhado pelos principais mercados globais com apreensão devido a mudança política.

Dito de outra forma, o crédito só deverá crescer de forma mais significativa se os bancos tiverem confiança numa recuperação da economia local e sem sobressaltos externos.

“Os bancos públicos vão continuar na mesmice, no arroz com feijão, e dependem de resultados melhores e de sustentabilidade para só depois expandirem suas carteiras”, argumenta Simone Pasianotto.

Desempenho dos estatais

Vale citar que Banco do Brasil focado em crédito ao agronegócio e a líder em financiamento imobiliário, a Caixa Econômica Federal, apresentaram resultados melhores no primeiro semestre de 2018. O lucro líquido da Caixa cresceu 63,3% para R$ 6,7 bilhões, e o lucro do BB teve alta de 21,4% para R$ 6,3 bilhões, ante igual período do ano passado.

Mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra desempenho negativo nas concessões (-17%) para fazer frente a devolução de recursos ao Tesouro Nacional para abater da dívida pública federal.

http://www.sinfacsp.com.br/noticia/apos-recessao-banco-privado-devera-sair-na-frente-na-concessao-de-credito-dci