Economia

Mercado já espera que economia cresça mais próximo de 1% em 2018

O crescimento de 0,2% da economia brasileira no segundo trimestre veio em linha com o esperado, mas a revisão para baixo dos números do primeiro trimestre surpreendeu e sinaliza que as projeções do mercado para o PIB do ano todo devem ser baixadas para um alta em torno de 1%, segundo economistas ouvidos pelo G1. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baixou de 0,4% para 0,1% o avanço da economia nos três primeiros meses do ano.

A atual estimativa Tendências é de uma alta de 1,7% no PIB do ano, mas pode ser revisada para um patamar abaixo dos 1,47% esperados pelo mercado no último boletim Focus.

"Como derrubou muito no primeiro trimestre, por mais que a economia cresça no terceiro, e é esperada uma alta mais forte por causa do contraponto com a greve, é bem razoável que o mercado revise para baixo, porque a base mudou muito", disse Alessandra Ribeiro, economista da consultoria.

Nas contas dela, se a economia crescer 0,8% no segundo trimestre e 0,5% no quarto trimestre, o avanço no ano fica em torno de 1,2%.

Já o número do segundo trimestre vieram exatamento como esperado pela Tendências. "(Os dados) mostram que a greve dos caminhoneiros realmente deu uma boa quebrada (no ritmo de recuperação da economia). A indústria sofreu bem, especialmente a de transformação, muito por efeito da greve, e os serviços fizeram o contraponto positivo", afirma Alessandra.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, apesar de esperada, a queda de 1,8% no investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) é o movimento que mais preocupa no segundo trimestre.

"Esse é o pior sinal. Porque, obviamente, uma economia que não investe não cresce e, pior, não gera emprego".

Ele esperava investimento zero neste ano, mas diz que vai rever a previsão.

"Se o segundo trimestre foi assim, não vejo motivos para que investimento se recupere no terceiro trimestre. Não se vê sinal de decisões relevantes (no terceiro tri), pelo contrário, é um trimestre de revisões", diz.

"Vai demorar bastante e para se recuperar e não se sabe bem quanto".

Retomada lenta

Na avaliação de Alessandra, da Tendências, os dados divulgados nesta sexta reforçam uma retomada lenta e gradual da economia, mas há espaço para uma recuperação mais robusta em 2019.

"No fundo, a gente vê uma economia que cresce muito muito devagar, mas por outro lado a indústria tem osciosidade e estamos com os fundamentos macro em ordem. Apesar da questão fiscal, que precisa ser resolvida, temos o teto de gastos, inflação controlada e juros muito baixos", explica.

Essa tração mais forte depende, de acordo com a economista, da volta da confiança, tanto das famílias para consumir quanto dos empresários para investir. "E sabemos que boa parte disso depende de eleições", pondera. “O problema é que caímos muito (na recessão). Nossa expectativa é de uma uma volta para o nível do PIB de 2014 em 2021, talvez só em 2022."

"(A economia) vai demorar bastante e para se recuperar e não se sabe bem quanto", diz José Francisco, do Fator.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/31/mercado-ja-espera-que-economia-cresca-em-torno-de-1-em-2018.ghtml