Economia

Estagnação no crédito para grandes empresas diminui a carteira do Itaú


 
Apesar da leve queda de 0,6% no total de crédito no primeiro trimestre – ante igual período de 2017 –, Itaú projeta crescimento de 4% a 7% na carteira até o final do ano. Expectativa também é de queda nos spreads e de menor ritmo de recuo da inadimplência.

A carteira total de crédito do Itaú Unibanco no Brasil atingiu R$ 451,1 bilhões de janeiro a março deste ano.

O valor corresponde a uma queda de 0,6% em comparação a igual período de 2017 (R$ 453,7 bilhões) e de 0,7% frente ao trimestre anterior (R$ 454,5 bilhões).

Para o presidente do banco privado, Candido Bracher, “onde as perspectivas são piores e o crescimento está frustrante” é a carteira Corporate – grandes empresas.

“Esse segmento está praticamente estagnado em tamanho”, comenta o executivo e explica que o movimento a se esperar é de um “mercado de capitais bastante ativo”.

“As grandes companhias , agora, ainda aguardam por um cenário mais claro no quadro eleitoral”, completa.

Só no primeiro trimestre, a emissão de títulos privados coordenados pelo Itaú quase que triplicaram em relação ao mesmo período de 2017, de 66 pontos para 193 pontos. A carteira Corporate, ao mesmo tempo, registrou recuo de 8,3%, de R$ 176,6 bilhões para R$ 162 bilhões.

Ainda segundo Bracher, porém, as perspectivas são positivas para os próximos trimestres, com aumento das concessões puxado principalmente pelo segmento de pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

“O guidance é de alta de 4% a 7% na carteira de crédito do Brasil neste ano e é um ritmo de crescimento nessas linhas que já acontece desde o ano passado”, afirma o presidente.

No segmento de pessoas físicas, o aumento ano a ano foi de 6%, de R$ 180,5 bilhões para R$ 191,4 bilhões. Para PMEs, a alta foi de 5,2% na mesma comparação, de R$ 60 bilhões para R$ 63 bilhões.

Somando a carteira total do banco com o resultado da América Latina, o aumento no crédito foi de 2,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses do ano passado, de R$ 587 bilhões para R$ 601,1 bilhões.

Projeções

Já em relação aos níveis de inadimplência do Itaú e do custo de crédito, o presidente da instituição reforça uma tendência forte de queda para este ano.

O índice de calotes acima de 90 dias no País ficaram em 3,7% – queda de 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao primeiro trimestre de 2017.

“A queda na inadimplência, no entanto, deve ficar menos acentuada nos próximos trimestres, até alcançar a estabilidade”, afirma o presidente.

O custo de crédito, por sua vez, registrou recuo de 28,3% na mesma comparação, de R$ 5,281 bilhões para R$ 3,788 bilhões, puxado principalmente pela redução de impairments de ativos financeiros, de R$ 444 milhões para R$ 187 milhões (-57,9%) e pela queda nos volumes passados a prejuízo, de R$ 5,392 bilhões para R$ 4,111 bilhões (-23,8%).

Segundo Bracher, apesar de existir uma diferença entre queda de spreads e redução do custo de crédito, os estímulos do Banco Central estão sendo positivos para o setor, que vê uma tendência mais forte de recuo em ambas as situações.

“Tivemos uma redução nos compulsórios, por exemplo que, embora não tenha sido muito vantajosa, já contribui. Além disso, a votação do cadastro positivo também favorece esses elementos”, diz.

Ele pondera, porém, que em questão da margem financeira do banco, os esforços serão para tentar compensar a redução da Selic (taxa básica de juros) e dos próprios spreads com mudanças no mix de produtos.

“A tentativa será de fazer com que o aumento de volume de ativos compense, além de alterações no mix como consequência da demanda do mercado, onde já cresce a busca por linhas de PMEs, por exemplo, que possuem o spread maior. Isso deve trazer um equilíbrio”, completa Bracher.

A margem financeira do Itaú ficou em R$ 17 bilhões, queda de 2,4% em relação ao primeiro trimestre de 2017 (R$ 17,4 bilhões). O lucro do banco privado no período foi de R$ 6,4 bilhões, alta de 3,9% na mesma relação (R$ 6,2 bilhões).

Na B3, as ações relacionadas à instituição estiveram entre as maiores baixas do pregão. Itaúsa (PN) caiu 5,95%, a R$ 12,80 e Itaú Unibanco (PN) baixou 4,53%, a R$ 48,70.

https://www.dci.com.br/financas/estagnac-o-no-credito-para-grandes-empresas-diminui-a-carteira-do-itau-1.703748