Economia

Para Bradesco, demanda por crédito em 2018 está em linha com projeções

A demanda por crédito nos primeiros meses deste ano está alinhada com as projeções do Bradesco, de acordo com o vice-presidente da instituição, Marcelo Noronha. “Há uma demanda maior em crédito, mas é difícil especificar em quais segmentos uma vez que liquidações de operações ocorrem diariamente e precisamos fazer reposição e crescer os ativos”, afirmou ele, em coletiva de imprensa, durante evento do Bradesco BBI, que acontece entre esta terça-feira, 3, e a quarta-feira, 4, em São Paulo, o 5 Annual Brazil Investment Forum.

O executivo reforçou que o crescimento da carteira em 2018 será gradual. “Algumas empresas não estão em um momento de demanda por crédito, mas estão melhores e aumentando caixa”, acrescentou Noronha.

Oferta

O vice-presidente do Bradesco afirmou que a expectativa do banco em relação a oferta de crédito em 2018 é positiva, mas o crescimento começa pela pessoa física. No ponto médio do guidance da instituição, o saldo de empréstimos deve crescer 5% em 2018 na comparação com o ano passado, conforme reiterou o executivo.

“Obviamente, (a oferta de crédito) começa a crescer pela pessoa física, passa pelas pequenas empresas, depois pelas médias e o corporate (grandes grupos), que será o último a reagir”, detalhou Noronha, em conversa com jornalistas.

De acordo com o executivo, o Bradesco já tem visto um “pequeno” aumento de demanda de forma lenta e gradual na ordem inversa do tamanho companhias. Ele ponderou, contudo, que as empresas, a despeito da retomada da economia brasileira, não vão mudar sua estrutura de capital, mas que alguns grupos que passaram por fase de ajustes já estão vendo um aumento da demanda. No entanto, segundo Noronha, é preciso gerar um pouco mais de caixa no ciclo operacional para que o próximo passo, de investimentos e aquisições, avance.

O vice-presidente do Bradesco reforçou fato de o “pior da crise já ter passado” e que as empresas que conseguiram sair estão mais fortalecidas. “As empresas reestruturaram suas dívidas e estão cumprindo os compromissos honrados. Não são todas, mas, de forma geral, as empresas se ajustaram”, acrescentou ele, reforçando que a expectativa do banco em relação à economia brasileira, ainda que pese um cenário de eleições, também é positiva.

Sem grande surpresa

De acordo com o diretor-adjunto do banco, Bruno Boetger, o Bradesco não espera “grande surpresa” em termos de crédito concedido a empresas de maior porte. A instituição, porém, conforme ele, assim como as demais do sistema financeiro, não está livre de casos pontuais que ainda podem ocorrer a despeito de o pior momento da crise no Brasil já ter ficado no passado.

Lava Jato

Em relação à liberação de recursos para empresas envolvidas na Operação Lava Jato, maior esquema de corrupção do País, Marcelo Noronha disse que, de forma geral, as empresas vêm conseguindo atravessar a “tempestade” e agora começam a olhar o futuro de forma “bem mais positiva”.

Questionado sobre a demanda da Odebrecht por crédito novo mesmo sem apetite dos grandes bancos, principais credores da construtora, o executivo afirmou que, por sigilo bancário, não pode comentar casos específicos. Segundo ele, alguns setores sofreram mais que outros na crise e o de construção foi um deles.

“Acreditamos que o pior já passou. Obviamente, tem um rabicho da crise que está aí, mas acreditamos que temos bem mapeadas as situações que aconteceram e não esperamos nenhuma grande surpresa”, acrescentou Boetger.

De acordo com o executivo, o ano de 2018, com base nas projeções já divulgadas pelo Bradesco, tende a ser melhor sob o ponto de vista de provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. O banco que, segundo ele é líder em crédito para grandes empresas, tem apetite e quer crescer crédito junto a esses grupos.

Fusões e aquisições
 
Os compradores em operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) voltaram a buscar crédito bancário para financiar as operações, disse o diretor executivo do Bradesco, Renato Ejnisman. Segundo ele, a queda de juros no Brasil, que no momento chegou à mínima histórica, ajudou a trazer de volta a estrutura clássica de financiamento dessas operações, com um empréstimo bancário ponte de um ano a 18 meses e um financiamento definitivo, no mercado de capitais.

Nos anos de aprofundamento da crise econômica no Brasil, as empresas mais alavancadas tiveram que se desfazer de ativos para fazer caixa e melhorar sua estrutura financeira. Nesse momento, em que a economia já mostra recuperação, as transações de M&A já começam a ser motivadas, novamente, pelo interesse do comprador em fazer o negócio, destacou.

O diretor gerente do Bradesco BBI, Leandro Miranda, afirmou que os investidores estratégicos se aproveitam das sinergias no momento da aquisição e que, agora, os fundos de private equity, de olho no retorno, devem também retomar os financiamentos para suas aquisições, realizando compras alavancadas que ajudam na meta de rentabilidade do fundo. Esse movimento é possível com as taxas de juros baixas e a expectativa de manutenção. “Nos últimos anos os estratégicos chineses estavam muito mais competitivos”, disse.

Oferta de ações

O volume de ofertas de ações neste ano no Brasil deverá ficar, no mínimo, em R$ 25 bilhões, afirmou Miranda. Segundo ele, esse número, menor do que o volume das emissões registradas no ano passado, que superaram os R$ 40 bilhões, não deve ser considerado um retrocesso, visto que o ano de 2018 é um ano eleitoral e algumas empresas anteciparam suas captações.

Miranda destaca ainda que as operações devem se concentrar até a primeira metade do ano, mas que, a depender de uma maior clareza do cenário eleitoral, a janela para captações poderá seguir aberta no segundo semestre. “Com isso poderemos ter um adiantamento das ofertas de 2019 e ter uma atividade no segundo semestre”, disse. Se todas as operações se concretizarem, destacou o executivo, o volume de ofertas de ações poderá chegar em R$ 40 bilhões, ou seja, um montante próximo ao visto no ano passado.
 
Afirmou ainda que as operações têm sido de diferentes setores e, das ofertas no pipeline, há uma predominância das ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) em relação às ofertas subsequentes (follow ons). “Isso mostra que investidores estão tomando risco em novos nomes”, disse. Neste ano, dois IPOs acabaram sendo suspensos, da Blau Farmacêutica e da Ri Happy.

Para abril a janela está sendo olhada com mais otimismo no mercado, com a chegada ds IPOs da Hapvida, Notredame Intermédica, Dass e Banco Inter.

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