Economia

Gerenciamento de risco pode reduzir juros e inadimplência no curto prazo

São Paulo - O gerenciamento integrado de riscos e de capital (GIR) proposto a partir da segmentação de instituições financeiras pode impulsionar maior apetite dos credores. Com reflexo previsto para o curto prazo, estimativa é de queda mais forte de juros e calotes até 2018.

De acordo com o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Hilgo Gonçalves, à medida que o gerenciamento de risco trouxer uma "transparência" maior, os credores terão uma queda de inadimplência nas suas carteiras e, consequentemente, um maior apetite ao empréstimo.

"Inclusive barateia o custo do crédito, uma vez que o volume maior de informações traz mais eficiência para o sistema financeiro. Somado à concorrência, isso pode, sim, ser repassado para as taxas cobradas do tomador. A instituição fica mais segura", avalia o executivo da Acrefi.

Os últimos dados do Banco Central (BC) apontam que os juros para pessoas físicas caíram 5,6 pontos percentuais em julho contra igual mês de 2016, de 42,1% ao ano, para 36,5%. Para pessoas jurídicas, as taxas foram de 22,1% a.a. para 19% a.a., na mesma comparação.

A segmentação - de S1 a S5 - se dá conforme o tamanho e a capacidade de risco. Assim, na modalidade S1 se enquadram as instituições financeiras que possuem porte igual ou maior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, enquanto na categoria S5 estão aquelas de porte inferior a 0,1% do PIB.

Nessa linha, a aprovação da resolução que aborda o GIR em questão de proporcionalidade com tal divisão foi agilizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ante o atual cenário, e as instituições têm de 180 dias (S1) a 360 dias (S2 a S5) para implementação das estruturas de gerenciamento.

"O momento é de extrema necessidade para instituições que oferecem crédito, principalmente porque ser forte, líquida e solvente foi o que as auxiliou na crise. Com menos custos regulatórios e maior competitividade para instituições de menor porte, o processo veio para ficar", afirma o diretor de fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles e destaca que "qualquer norma demandada exigirá uma "análise sobre os possíveis impactos em todos os segmentos", o que acaba favorecendo o sistema financeiro.

Ao mesmo tempo, o presidente da Acrefi salienta o Cadastro Positivo como reforço para diminuir os atuais níveis de inadimplência e a competitividade como "pressão natural" no mercado para o repasse de custos menores com a efetividade do processo.

"Credores e tomadores estão cada vez mais conscientes do crédito e esse movimento vai diminuir a inadimplência e aumentar a concorrência, ameaçando aqueles que não oferecerem um preço justo às consequências da portabilidade", pondera Gonçalves.

Novos entrantes

Da outra ponta, assim como o BC ainda está em consulta pública para um detalhamento maior do segmento S5 em relação a riscos e enquadramento, os especialistas já discutem a chegada de novos riscos, como os de fintechs e blockchains.

"É um gerenciamento integrado e o que vem daqui para frente diz respeito à infraestrutura de mercado. Há uma velocidade imensa de novos entrantes no mercado e essa nova realidade traz desafios pontuais e novos riscos e modalidades a serem analisadas pelo regulador", completa o consultor de compliance da Acrefi Sergio Odilon.

Isabela Bolzani

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