Economia

Crise afeta mais a pequena indústria

Os dados surpreenderam até os economistas que esperavam um desempenho ruim das pequenas indústrias nos últimos dois anos. Nenhum dos sete indicadores da Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra um cenário positivo para a pequena indústria entre 2015 e 2017.

Um dos problemas é que as pequenas e médias são responsáveis por 50% dos empregos industriais no país.

Diante disto, nesta quarta-feira, 7 de junho, a CNI está reunindo em sua sede, em Brasília, especialistas e o governo na busca de caminhos para facilitar o acesso ao crédito e de mecanismos para fortalecer a produtividade e a adesão à Indústria 4.0, além de discutir os benefícios da reforma trabalhista para aumentar a empregabilidade nas micro, pequenas e médias indústrias.

“O fortalecimento da economia brasileira passa pelo estímulo a micro e pequena empresa. Por meio do Seminário vamos, com objetividade, realçar a pauta atual do segmento e propor medidas concretas de defesa, reconhecimento e apoio à micro e pequena empresa. Lutamos, em síntese, por um ambiente melhor de negócios, com juros mais baixos; menos burocracia e mais eficácia; condições de competitividade que permitam o desenvolvimento das empresas e do Brasil”, diz o presidente do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da CNI, Amaro Sales.

A Sondagem Industrial é medida de zero a 100 pontos, sendo 50 a linha de corte que indica estabilidade. Abaixo de 50, é sempre um cenário ruim. E foi justamente nesta posição que as pequenas indústrias ficaram nos últimos dois anos, sempre atrás das grandes empresas.

Nos indicadores de produção, número de empregados, situação financeira e no índice de confiança, as pequenas flutuaram em torno dos 40 pontos entre 2015 e 2017. Em março, no indicador de produção, as pequenas até chegaram a esboçar uma recuperação, mas em abril todos os portes de empresas mostraram queda. Nos últimos dois anos, o número de empregados tem caído consistentemente e de forma mais intensa.

“A situação financeira percebida pelas pequenas empresas é sempre pior do que as demais. Ela sempre foi negativa oscilando entre 42 e 48 pontos. Mas, a partir de 2015, essa percepção piora, caindo para a faixa de 34 e 37 pontos”, explica a especialista em Política e Indústria da CNI, Suzana Peixoto.

Crédito e demanda

O acesso a crédito é difícil para as entidades industriais e, em especial, para as pequenas. O indicador ficou em torno de 30 pontos, caindo a 26 pontos em 2016. Segundo pesquisa da CNI sobre crédito e capital de giro, as principais dificuldades são as taxas de juros muito elevadas e exigência de garantias reais.

A pesquisa mostra ainda que apenas 20% das pequenas empresas conseguiram contratar uma nova linha de crédito, 40% renovaram uma linha antiga e 40% das pequenas empresas não conseguiram contratar nem renovar crédito em 2016.

A falta de crédito impede o acesso ao capital de giro, causa atraso no pagamento de fornecedores, perda de oportunidades de negócio, necessidade de renegociação de prazos para pagamento de credores e atraso no pagamento de tributos.

Apenas em expectativa de demanda o indicador se aproxima de 50 pontos. E sempre abaixo das grandes empresas. O uso da capacidade instalada está em torno de 67%, o que mostra grande ociosidade das máquinas industriais neste porte.

http://www.tribunadabahia.com.br/2017/06/07/crise-afeta-mais-pequena-industria