Economia

Crédito volta a crescer em 2017, mas ainda abaixo da inflação, prevê Febraban

SÃO PAULO - A retomada da economia brasileira para a trajetória de crescimento em 2017 deve ter como desdobramento a volta da expansão do crédito, embora em ritmo inferior ao da inflação, segundo previu nesta segunda-feira o presidente da Febraban, a entidade que representa os bancos.

"Após uma queda esperada de cerca de 2 por cento do estoque de crédito do sistema este ano, em 2017 deve ter uma recuperação, uma alta de 4 por cento", disse Murilo Portugal a jornalistas, após evento com banqueiros.

Se confirmada, essa variação ficaria abaixo da inflação prevista pelo mercado para o ano que vem, de 4,9 por cento, segundo o boletim Focus divulgado nesta manhã.

A previsão do Banco Central é de que o volume de crédito do sistema financeiro este ano tenha retração de 2 por cento, mas a autoridade monetária admiti a chance de piorar a previsão, após o crédito ter tido retração de 3,9 por cento nos 10 primeiros meses de 2016. A previsão do mercado para o IPCA deste ano é de 6,52 por cento.

Portugal admitiu que o spread bancário no país está elevado e sua queda é um dos fundamentos para que o crédito volte a deslanchar, mas disse que esse movimento não pode ser feito de maneira forçada.

Em outubro, o spread, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final, avançou para o recorde de 42,2 pontos percentuais, ante 41,2 pontos percentuais em setembro.

"É preciso que a queda dos spreads não seja feita com artificialismos", disse Portugal, referindo-se à diferença entre os juros da economia e os cobrados pelos bancos na concessão de empréstimos.

Segundo o executivo, mais do que a queda da Selic, o que deve motivar um recuo do spread é a queda na percepção de risco por parte dos bancos, dado que os níveis de inadimplência ainda seguem elevados.

A previsão da Febraban para 2017 é de que os índices de calotes fiquem estáveis em relação aos patamares atuais.

Portugal comentou ainda que espera estabilidade dos índices de inadimplência no próximo ano. De acordo com ele, a economia brasileira voltará a crescer no ano que vem e atingirá um ritmo anual de expansão superior a 2 por cento no quarto trimestre.

"Os agentes econômicos começam a ganhar confiança com as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo", disse ele durante discurso no encontro.

Reuters

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