Os grandes bancos brasileiros tiveram crescimento expressivo no crédito no primeiro trimestre deste ano, apesar do contexto global turbulento e das taxas de juros elevadas no Brasil.
Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil (BB) tinham juntos um saldo de R$ 4,35 trilhões em operações no fim de março, volume que representa expansão de 11,9% em um ano. Na comparação com dezembro, o estoque avançou apenas 0,3% - o primeiro trimestre é sazonalmente mais fraco.
Com esse desempenho, a carteira de crédito avançou a um ritmo superior ao de 8,6% previsto para este ano pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Também avançou mais que o projetado pelas próprias instituições financeiras.
O crédito foi importante para o resultado dos bancos no trimestre. Itaú, Bradesco, Santander e BB tiveram um lucro líquido combinado de R$ 28,2 bilhões no primeiro trimestre, o que representa alta de 7,3% em relação ao mesmo período de 2024. A margem financeira cresceu 5,8%, a R$ 87,4 bilhões, e as despesas com provisões devedores duvidosos (PDD) - um indicativo do risco co crédito - aumentaram 6,3%, a R$ 33,2 bilhões.
O BB, que divulgou balanço ontem, jogou para baixo o resultado combinado. Se considerados só os bancos privados, o lucro somado teria crescido 22,6%. A instituição financeira estatal sofreu um impacto maior que os rivais na adaptação às regras do padrão contábil IFRS9. Itaú, Bradesco e Santander já trabalhavam mais alinhados com a norma, e por isso foram menos afetados agora pela mudança adotada pelo Banco Central.
Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil (BB) tinham juntos um saldo de R$ 4,35 trilhões em operações no fim de março, volume que representa expansão de 11,9% em um ano. Na comparação com dezembro, o estoque avançou apenas 0,3% - o primeiro trimestre é sazonalmente mais fraco.
Com esse desempenho, a carteira de crédito avançou a um ritmo superior ao de 8,6% previsto para este ano pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Também avançou mais que o projetado pelas próprias instituições financeiras.
O crédito foi importante para o resultado dos bancos no trimestre. Itaú, Bradesco, Santander e BB tiveram um lucro líquido combinado de R$ 28,2 bilhões no primeiro trimestre, o que representa alta de 7,3% em relação ao mesmo período de 2024. A margem financeira cresceu 5,8%, a R$ 87,4 bilhões, e as despesas com provisões devedores duvidosos (PDD) - um indicativo do risco co crédito - aumentaram 6,3%, a R$ 33,2 bilhões.
O BB, que divulgou balanço ontem, jogou para baixo o resultado combinado. Se considerados só os bancos privados, o lucro somado teria crescido 22,6%. A instituição financeira estatal sofreu um impacto maior que os rivais na adaptação às regras do padrão contábil IFRS9. Itaú, Bradesco e Santander já trabalhavam mais alinhados com a norma, e por isso foram menos afetados agora pela mudança adotada pelo Banco Central.
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Os principais executivos do setor se mostraram relativamente otimistas para o resto do ano durante teleconferências com analistas e jornalistas. A expectativa é que a Selic alta - a taxa básica está em 14,75% ao ano - deve fazer o crédito desacelerar e a inadimplência subir um pouco. Porém, isso ainda não começou a aparecer nos números e alguns fatores podem mitigar essa piora.
No crédito, um fator que pode atenuar a desaceleração é o novo consignado privado. Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, já foram concedidos R$ 10,1 bilhões na modalidade. BB e Caixa lideram a oferta entre os grandes bancos, enquanto algumas fintechs e bancos médios, como PicPay e Pan, se destacam. A distribuição pelos canais próprios das instituições financeiras só começou em 24 de abril, então as contratações por meio dos incumbentes devem ganhar força a partir do segundo trimestre.
“O consignado privado vai ter um papel importante no mercado e na geração de PIB. Tem desafios operacionais importantes, que já eram esperados, mas é uma iniciativa fantástica, que vemos com bons olhos”, afirmou CEO do Itaú, Milton Maluhy. Segundo ele, o banco tem participação de cerca de 30% no consignado privado antigo - que dependia de convênio com as empresas - e vai buscar uma fatia adequada na nova linha.
Ainda não se sabe como vão funcionar algumas questões operacionais da modalidade, por isso não está claro qual será o nível de inadimplência dela. De qualquer forma, a expectativa é que seja menor que a de um crédito pessoal sem garantia. Então, como nos 120 primeiros dias os bancos devem oferecer a troca para quem tem esse tipo de empréstimo, é possível que haja um efeito positivo no mix das carteiras, ajudando a controlar a inadimplência geral.
"Estamos com tração em todas as linhas e nossa inadimplência está absolutamente controlada”
— Marcelo Noronha
Além disso, alguns bancos já vinham ajustando a disposição para tomar risco desde o fim do ano passado, o que também ajuda a explicar a inadimplência estável, apesar dos juros altos. “Estamos com tração em todas as linhas e nossa inadimplência está absolutamente controlada”, disse o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha. Segundo ele, o banco tem um apetite a risco moderado e isso não mudou com a Selic a 14,75%.
Na carteira de crédito a pessoa jurídica, a deterioração trazida pelo cenário macroeconômico deve ser maior. O CEO do Santander, Mario Leão, descartou a chance de uma crise de crédito, mas reconheceu que houve uma piora em alguns portfólios, como o de agronegócio e de companhias de médio porte. “As empresas que entraram nesse ciclo [de juros] mais estabilizadas aguentam um certo tanto, mas não conseguem, necessariamente, aguentar um ciclo de cinco, seis anos de alta”, afirmou.
O agronegócio também é um ponto de atenção no que diz respeito à qualidade do crédito, apesar da aproximação do novo Plano Safra, quando os produtores têm de estar adimplentes para ter direito e novas créditos subsidiados. No BB, onde a inadimplência ao segmento atingiu 2,45% no fim do ano passado, o indicador subiu para 3,04% em março.
Apesar disso, com um cenário de inadimplência, no geral, controlada e crédito avançando um pouco mais que o esperado, alguns bancos estão rodando acima das suas projeções (“guidance”) para 2025, que foram feitas em fevereiro, quando o contexto interno estava mais pessimista. De qualquer forma, nenhum CEO planeja, neste momento, revisar para cima as expectativas, até porque o desempenho no restante do ano permanece bastante incerto.
“A política monetária mais restritiva e uma natural desaceleração da economia já estavam contidas no nosso ‘guidance’, e estamos reafirmando esse guidance”, afirmou Maluhy. No a carteira de crédito, por exemplo, a projeção do Itaú é um crescimento de 4,5% a 8,5% neste ano - bem abaixo dos 13,2% que o banco apresentou nos 12 meses encerrados em março.
No Bradesco, Noronha disse que alguns indicadores podem ficar mais perto do topo do guidance. É o caso da carteira de crédito, cuja projeção de crescimento vai de 4% a 8% (o banco avançou 12,9% até março). Porém, o executivo disse que prefere ter uma abordagem gradual. “Vamos avaliar o cenário de forma dinâmica, lembrando que há uma expectativa de crescimento menor da atividade econômica no próximo semestre.”
Os investimentos em tecnologia continuam elevados, com o objetivo de competir em pé de igualdade com os “players” digitais. As despesas operacionais dos quatro bancos aumentaram 9,2% no primeiro trimestre, para R$ 46,9 bilhões.
https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/05/16/bancos-veem-credito-forte-e-risco-ainda-controlado.ghtml
No crédito, um fator que pode atenuar a desaceleração é o novo consignado privado. Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, já foram concedidos R$ 10,1 bilhões na modalidade. BB e Caixa lideram a oferta entre os grandes bancos, enquanto algumas fintechs e bancos médios, como PicPay e Pan, se destacam. A distribuição pelos canais próprios das instituições financeiras só começou em 24 de abril, então as contratações por meio dos incumbentes devem ganhar força a partir do segundo trimestre.
“O consignado privado vai ter um papel importante no mercado e na geração de PIB. Tem desafios operacionais importantes, que já eram esperados, mas é uma iniciativa fantástica, que vemos com bons olhos”, afirmou CEO do Itaú, Milton Maluhy. Segundo ele, o banco tem participação de cerca de 30% no consignado privado antigo - que dependia de convênio com as empresas - e vai buscar uma fatia adequada na nova linha.
Ainda não se sabe como vão funcionar algumas questões operacionais da modalidade, por isso não está claro qual será o nível de inadimplência dela. De qualquer forma, a expectativa é que seja menor que a de um crédito pessoal sem garantia. Então, como nos 120 primeiros dias os bancos devem oferecer a troca para quem tem esse tipo de empréstimo, é possível que haja um efeito positivo no mix das carteiras, ajudando a controlar a inadimplência geral.
"Estamos com tração em todas as linhas e nossa inadimplência está absolutamente controlada”
— Marcelo Noronha
Além disso, alguns bancos já vinham ajustando a disposição para tomar risco desde o fim do ano passado, o que também ajuda a explicar a inadimplência estável, apesar dos juros altos. “Estamos com tração em todas as linhas e nossa inadimplência está absolutamente controlada”, disse o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha. Segundo ele, o banco tem um apetite a risco moderado e isso não mudou com a Selic a 14,75%.
Na carteira de crédito a pessoa jurídica, a deterioração trazida pelo cenário macroeconômico deve ser maior. O CEO do Santander, Mario Leão, descartou a chance de uma crise de crédito, mas reconheceu que houve uma piora em alguns portfólios, como o de agronegócio e de companhias de médio porte. “As empresas que entraram nesse ciclo [de juros] mais estabilizadas aguentam um certo tanto, mas não conseguem, necessariamente, aguentar um ciclo de cinco, seis anos de alta”, afirmou.
O agronegócio também é um ponto de atenção no que diz respeito à qualidade do crédito, apesar da aproximação do novo Plano Safra, quando os produtores têm de estar adimplentes para ter direito e novas créditos subsidiados. No BB, onde a inadimplência ao segmento atingiu 2,45% no fim do ano passado, o indicador subiu para 3,04% em março.
Apesar disso, com um cenário de inadimplência, no geral, controlada e crédito avançando um pouco mais que o esperado, alguns bancos estão rodando acima das suas projeções (“guidance”) para 2025, que foram feitas em fevereiro, quando o contexto interno estava mais pessimista. De qualquer forma, nenhum CEO planeja, neste momento, revisar para cima as expectativas, até porque o desempenho no restante do ano permanece bastante incerto.
“A política monetária mais restritiva e uma natural desaceleração da economia já estavam contidas no nosso ‘guidance’, e estamos reafirmando esse guidance”, afirmou Maluhy. No a carteira de crédito, por exemplo, a projeção do Itaú é um crescimento de 4,5% a 8,5% neste ano - bem abaixo dos 13,2% que o banco apresentou nos 12 meses encerrados em março.
No Bradesco, Noronha disse que alguns indicadores podem ficar mais perto do topo do guidance. É o caso da carteira de crédito, cuja projeção de crescimento vai de 4% a 8% (o banco avançou 12,9% até março). Porém, o executivo disse que prefere ter uma abordagem gradual. “Vamos avaliar o cenário de forma dinâmica, lembrando que há uma expectativa de crescimento menor da atividade econômica no próximo semestre.”
Os investimentos em tecnologia continuam elevados, com o objetivo de competir em pé de igualdade com os “players” digitais. As despesas operacionais dos quatro bancos aumentaram 9,2% no primeiro trimestre, para R$ 46,9 bilhões.
https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/05/16/bancos-veem-credito-forte-e-risco-ainda-controlado.ghtml