Economia

Pequenas e microempresas se endividam apostando em retomada do crescimento

As micro e pequenas empresas lideraram o ranking de pedidos de créditos em maio. Foram 14,5% a mais de empreendedores recorrendo às instituições financeiras para investir no negócio. De acordo com levantamento da Serasa Experian, esse fenômeno vai na contramão das médias e grandes empresas, que registram quedas de 6,3% e 2,9%, respectivamente, na busca por créditos no acumulado do ano.

Apesar de esse dado sinalizar confiança dos pequenos empresários no cenário econômico, pode resultar em problemas, como o acúmulo de dívidas se o quadro de crescimento não se confirmar.

Inflação em alta, juros também subindo, dentre outros fatores, podem acabar impactando no consumo e gerando uma estagnação da economia. 
Para o economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, as pequenas empresas fizeram estoques considerando um cenário econômico mais favorável, mas agora precisam de fluxo de caixa para manter a perspectiva de resultados.

“As grandes e médias empresas têm mais folga no planejamento e podem buscar outras fontes de recursos, por isso buscam menos crédito. Já as pequenas empresas são muito dependentes do sistema bancário e isso aparece no levantamento”, afirma. 

A expectativa de crescimento neste ano foi o que levou Rachel Dutra, sócia de um restaurante no bairro Coração Eucarístico, região Noroeste de Belo Horizonte, a buscar um crédito bancário para concluir as reformas do estabelecimento. “Para nós, a pandemia foi boa, nós crescemos na adversidade. Mas, para continuar, foi preciso investir”, conta.

O caminho foi o mesmo adotado por várias outras pequenas e médias empresas. Mas traz um risco de endividamento. Segundo o gerente de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Felipe Brandão, a expectativa de futuro favorável que motivou Rachel ainda é percebida em pesquisas, especialmente entre os micro e pequenos empreendedores – 66% pretendem investir em seus negócios. Contudo, ele também avalia que as incertezas e o aumento na taxa Selic inibem novos investimentos.

É preciso considerar três fatores nessa equação, avalia o gerente do Sebrae. O primeiro fator que motiva o empresário a investir é a necessidade de ampliar produção e vendas; depois, a confiança de que terá retorno; e, por último, é a taxa de juros, que determina o preço para obter crédito.

“O investimento com a tomada de crédito pode ser para aquisição de uma máquina ou equipamento, que tende a melhorar o resultado das empresas. Mas o empresário só faz isso se continuar percebendo que o retorno irá compensar”, avalia Felipe Brandão.

Para Luiz Rabi, da Serasa, não há dúvidas: a tendência é a de que as pequenas empresas sigam o caminho das grandes e médias e demandem cada vez menos crédito. “A política de aumento dos juros induz a isso, como forma de diminuir o consumo e segurar a inflação”.

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