Fomento

Renda fixa: prestes a completar 20 anos, FIDCs têm boas perspectivas

Os FIDCs, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, estão prestes a completar 20 anos.

Criada em novembro de 2001, esta modalidade de investimento pertence à renda fixa. E consiste em fundos formados por títulos negociáveis com os valores que as empresas têm a receber. Que, por sua vez, podem ser cheques pré-datados, parcelas de cartões de crédito, aluguéis ou duplicatas.

Na prática, por exemplo, uma loja vende para um fundo suas dívidas a receber, por um valor menor. Quando o pagamento for feito pelos clientes, ele não irá mais para a loja, mas sim para os investidores que possuem cotas do fundo.

Os FIDCs garantem o retorno da diferença entre o valor pago e recebido pela dívida e um rendimento que pode ser prefixado ou pós-fixado.

Quanto à taxa pós-fixada, ela pode ser definida como um percentual do CDI, ou acompanhar um índice de preços, como o IPCA ou o IGP-M, por exemplo.

FIDCs: captação de um ano em seis meses

De acordo com os últimos dados da Anbima, esta categoria de investimento está em crescimento: foram R$ 31,2 bilhões captados no primeiro semestre de 2021, quantia bastante próxima a tudo o que foi captado em 2020 (cerca de R$ 33 bilhões).

Em termos de patrimônio total, os FIDCs tiveram evolução de 25% no primeiro semestre de 2021, contra retração de 7,3% nos fundos de renda fixa como um todo. Em outras palavras, os FIDCs estão tendo volumes de captação acima dos demais produtos da renda fixa.

Com expectativa de CDI em alta, com subida da Selic – a até mais de 8% ao ano até dezembro, com preveem os agentes do mercado –, estes fundos tendem a se tornar cada vez mais competitivos.

Por que investir em FIDCs?

Para Ricardo Binelli, sócio-diretor da Solis Investimentos, que é referência em FIDCs, o momento é oportuno porque os FIDCs devem se beneficiar da alta da Selic, além de serem uma boa oportunidade de diversificação, com volatilidade bastante baixa.

A questão da baixa volatilidade pode ser observada no gráfico abaixo, que compara a oscilação de um FIDC (o Solis Antares), com Ibovespa e Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), durante as crises do coranavírus, greve dos caminhoneiros e Josley Day (quando o país vivia sob risco de dois impeachments presidenciais sequenciais).

Binelli salienta que a estrutura dos FIDCs, com diferentes graus de risco entre os tipos de cotas disponíveis (sênior, mezanino ou subordinada), garante um “colchão de proteção” ao cotista contra o risco de inadimplência, o que foi colocado à prova durante a pandemia de Covid-19.

“Na pandemia, especialmente os fundos de direitos creditórios que concentram duplicatas de curto prazo de pequenas e médias empresas enfrentaram seu maior teste de estresse. A boa notícia é que eles superaram a turbulência e mostraram resiliência na crise”, afirma.

Ele explica que isso se deu porque os FIDCs têm, geralmente, crédito muito pulverizado, o que ameniza possíveis inadimplências. Fora isso, o prazo médio de um recebível é de 44 dias, o que significa que a cada 44 dias a carteira toda é paga e refeita.

Na crise, ele conta, o que os gestores fizeram foi concentrar energia nas cobranças, parando de originar novos créditos. Quando gerados, estes foram focados apenas nos setores mais defensivos da economia.

Algumas novidades estão por vir para os FIDCs nos próximos meses. Confira:

Acesso a investidores não-qualificados

Outro ponto positivo de atenção aos FIDCs para o segundo semestre é que eles podem se tornar acessíveis a investidores não-qualificados – atualmente, apenas investidores com mais de R$ 1 milhão em patrimônio podem ter acesso aos FIDCs.

Vale lembrar que a Comissão de Valores Mobiliários estuda também reduzir o montante necessário ao investidor para se classificar como qualificado para cerca de R$ 600 mil.

FIDCs favorecidos pela desbancarização

OS FIDCs também devem ser beneficiados pelas iniciativas do Banco Central de abertura do mercado às fintechs. Com a desbancarização, ou seja, com a migração dos clientes dos tradicionais “bancões” para as fintechs, as startups de crédito passam a “casar” muito bem com a proposta dos FIDCs.

FIDCS socioambientais

Em breve, os FIDCs também devem receber uma rotulação ESG da CVM. Ou seja, de responsabilidade ambiental, social e corporativa, que agrada os investidores atentos ao tema. Neste contexto, entrariam, por exemplo, FIDCs ligados a empresas de energia solar e microcrédito.

Entenda os FIDCs

O que são direitos creditórios?

São créditos que uma empresa espera receber por meio de pagamentos de clientes, aluguéis, cheques, valores parcelados em cartão de crédito.

O que são FIDCs?
São fundos que buscam retorno para os seus cotistas por meio destes direitos creditórios. Para tanto, eles têm pelo menos metade do patrimônio alocado neste tipo de papel.

Quais os tipos de cotas?
Existem três tipos de cotas nesta modalidade:

- Seniores: têm preferência no resgate dos investimentos e na amortização.
- Subordinadas preferenciais (mezanino): correm mais risco de inadimplência, mas também pode trazer mais rentabilidade. Carrega um risco intermediário entre as outras duas.
- Subordinadas ordinárias: só recebe os rendimentos depois das duas anteriores. É o tipo de cota que corre o maior risco de inadimplência, mas o risco é proporcional ao ganho.

Riscos

O acesso aos FIDCs, por enquanto, é restrito a investidores qualificados. Além disso, os fundos também têm baixa liquidez (pela própria limitação de acesso). E não têm não cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

https://www.euqueroinvestir.com/renda-fixa-fidcs-20-anos/