Economia

Empréstimos: taxas dos bancos seguem altas para o empreendedor

Uma análise de dados disponíveis no Relatório Semanal de Juros do Banco Central do Brasil para o ano de 2020, mostra que as empresas brasileiras tiveram acesso a mais de R$ 1 trilhão de crédito em diferentes linhas, em função do aumento da oferta no período e da queda da Taxa Selic, que está em 0,17% ao mês desde agosto passado. No entanto, desde o dia 10 de março, início da pandemia de Covid-19, os cinco maiores bancos do país ainda continuam com taxas de juros elevadas para o cliente final, além de terem registrado um aumento médio ponderado de 52% no spread bancário, nas linhas analisadas, passando de 259% a 343% em relação à Taxa Selic.

As conclusões foram obtidas em estudo realizado pela Capital Empreendedor sobre seis diferentes modalidades de crédito pré-fixadas: antecipação de recebíveis de cartão de crédito; capital de giro com prazo de até 365 dias; capital de giro com prazo superior a 365 dias; cheque especial; conta garantida e desconto de duplicatas. O levantamento focou nas cinco maiores instituições financeiras do Brasil que juntas detêm cerca de 70% do mercado de crédito a empresas do país.

Entre elas, o Santander, apesar de estar na liderança com maior número de quedas, ainda é o banco mais ‘caro’ no período analisado – a instituição possui as piores taxas em três das seis linhas da amostra – antecipação de cartão, capital de giro acima de 365 dias e cheque especial. A instituição aparece também junto ao Banco do Brasil com as melhores taxas em duas das modalidades de créditos para o empresariado.

“Esse estudo mostra importantes dados relacionados ao comportamento do crédito ao longo de meses em que empresários precisaram ser ainda mais resilientes e atentos às opções disponíveis no mercado”, afirma Juliano Graff, da Capital Empreendedor. “Apesar do spread elevado praticadas pelas instituições analisadas, hoje há uma maior oferta de opções, inclusive digitais, aumentando a competitividade do mercado de crédito e isso deve se acelerar nas próximas fases do Open Banking”, finaliza Graff.

Linhas de crédito

O saldo da linha de crédito que mais cresceu entre março e dezembro foi a de Capital de Giro com prazo de até 365 dias, destinada ao financiamento de curto prazo das empresas. Houve um crescimento do saldo de crédito de 73% em dezembro de 2020 com relação a março do mesmo ano, com crédito disponível de R$ 69,9 bilhões, ante R$ 40,4 bilhões. O levantamento da Capital Empreendedor aponta que a linha corresponde a 7% dos recursos livres de crédito oferecidos às empresas, atrás apenas da linha de Capital de Giro com prazo superior a 365 dias, com 33% do saldo de crédito disponível (R$ 361,97 bilhões), e do Desconto de Duplicatas, com 10% do saldo de crédito (R$ 125,97 bilhões).

Outra linha que pode ser interessante para as empresas, por contar com uma taxa reduzida de juros, é a Antecipação de Faturas de Cartão de Crédito, que atingiu uma redução média de 16% no período considerado. A linha representa 4% do saldo total de crédito com recursos livres no mercado, com R$ 45,32 bilhões concedidos até 30 de dezembro.

A análise mostra ainda que a linha de Conta Garantida sofreu uma queda de 38% no uso durante a pandemia, representando R$ 21,59 bilhões em dezembro (2% dos recursos totais) ante os R$ 37,06 bilhões oferecidos em março de 2020. A alta de spread na categoria também é expressiva: houve um aumento de 66% entre março e dezembro, atingindo 1342%, com taxa média dos bancos de 2,22% ao mês.

Entre todas as opções estudadas, o Cheque Especial é a que possui as piores taxas, com uso cada vez menor: em dezembro, apenas 0,66% do saldo de crédito disponível vem dessa linha, o que representa R$ 6,1 bilhões e uma queda de 43% sobre o início do ano. É também a modalidade com o maior spread bancário – 7538%, com taxa média de 12,45% ao mês.

Entre cada uma das modalidades, no fim do período do estudo, vale destacar ainda que:

Antecipação das faturas de cartão de crédito – O Bradesco foi o que registrou maior queda (-40%) e ofereceu a menor taxa a 0,35%;

Capital de giro com prazo até 365 dias – O Santander foi o que registrou maior queda (-52%), seguindo a Taxa Selic, e o Banco do Brasil ofereceu a menor taxa a 0,65%.

Capital de giro com prazo superior a 365 dias – Nesta modalidade, o Itaú foi a instituição que mais reduziu suas taxas, chegando a -31%, enquanto o Branco do Brasil foi o que teve a menor queda (-13%). Apesar disso, o BB manteve a menor taxa dos Big 5, a 0,80%.

Cheque especial – A Caixa teve a maior queda nas taxas de juros chegando a -12% e também é a instituição que oferece a menor taxa, a 8,82%.

Conta garantida – Novamente o Santander registrou a maior queda na taxa (-26%), oferecendo nessa modalidade também a menor taxa (1,81%).

Desconto de duplicata – O Santander também foi o banco que teve a maior queda na taxa de juros, chegando a -59%, e a melhor taxa, com 0,47% ao mês enquanto o Bradesco registrou a menor redução (-25%).

https://monitormercantil.com.br/saldo-de-credito-a-empresas-aumentou-mais-de-22-durante-a-pandemia/