Economia

Banco Central alerta para incerteza de crédito após período de renegociações de financiamentos

BRASÍLIA — O Banco Central (BC) ressaltou nesta quinta-feira que as renegociações de dívidas durante a pandemia, com eventual aumento do prazo de pagamento, podem ter adiado a incerteza sobre o risco de cada operação de crédito. A informação está no Relatório de Estabilidade Financeira que analisa o comportamento do sistema bancário no primeiro semestre deste ano.

A premissa é que com essas repactuações das operações, com eventuais períodos de carência e extensão dos prazos, o risco de não pagamento e, por sua vez, de inadimplência, foram postergados. Outra incerteza para a economia citada pelo Banco Central é a que vem com o fim do pagamento do auxílio emergencial, em dezembro.

“O BCB permanece atento ao desenrolar dessas medidas, em especial à redução nos auxílios emergenciais e ao comportamento das dívidas que tiveram suas parcelas postergadas, à medida que termina a carência concedida. Esta última teve êxito em aliviar a liquidez de curto prazo dos clientes bancários e em preservar a solvência das instituições financeiras (IFs), mas pode ter postergado a materialização do risco de crédito”.

Apesar desse risco, o Banco Central ressalta que o crédito bancário para todos os portes de empresa aumentou durante a pandemia. De acordo com o relatório, o Sistema Financeiro Nacional entrou bem em 2020, com capacidade de lidar com a crise.

As grandes empresas, por exemplo, deixaram de se financiar no mercado financeiro para voltar a pedir crédito nos bancos, o que auxiliou no crescimento dos financiamentos bancários no período.

“Os mercados financeiros funcionaram adequadamente, e o balanço do sistema bancário cresceu consideravelmente no primeiro semestre de 2020, com elevado volume de captações e suprimento de crédito para a economia real no ritmo mais acelerado dos últimos cinco anos”.

Para famílias, no entanto, o crédito se comportou de forma diferente. O ritmo de crescimento de concessões diminuiu. O aumento do risco, com a queda de renda e de confiança do consumidor, pode ter afetado essas concessões. Segundo o Banco Central, 25% do estoque de crédito para pessoas físicas com repactuado por conta da pandemia, sendo que mais da metade dessas renegociações foram de financiamento imobiliário.

“Assim como no crédito a empresas, esse expressivo volume de repactuações pode estar postergando a materialização do risco de crédito para o final de 2020 e início de 2021, uma vez que parte dos tomadores pode não conseguir honrar os termos dos contratos repactuados”.

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