Fomento

Em tempos de pandemia, empresas do setor precisam reforçar ferramentas de análise de crédito

Uma das áreas mais nevrálgicas das empresas do setor, a análise de crédito ganhou ainda mais foco neste momento de pandemia, em que a demanda por recursos se tornou mais forte e urgente entre os clientes mais antigos e para aqueles que viram no factoring uma alternativa ao tradicional sistema financeiro.

O tema foi tratado por um time de especialistas de peso durante a live transmitida no canal do SINFAC-SP no YouTube, em parceria com a Vadu e a Boa Vista SCPC.

Moderada pelo diretor de relações com o mercado do Sindicato, Márcio Lima Gonçalves (Euro Money Fomento Mercantil), a videoconferência contou com a participação de Hamilton de Brito Junior (presidente do SINFAC-SP), Flávio Calife (economista-chefe da Boa Vista SCPC), Michel Varon (diretor do Vadu), além dos consultores Ernani Desbesel e Rogério Castelo Branco.

Hamilton explicou aos participantes as recentes ações promovidas pelo Sindicato, que ganharam grande dimensão por terem sido realizadas e bem-sucedidas, mesmo durante a pandemia.

As mais recentes delas foram a aprovação do protocolo de retorno de atividades que havia sido enviado à Prefeitura da Capital e o lançamento do vídeo com informações sobre cuidados e medidas a serem tomados pelas empresas do setor, a partir do momento em que retornarem às atividades.

O dirigente falou ainda de outras iniciativas, como a assinatura de termo aditivo com sindicatos, levando em consideração a MP 936; a participação no Comitê da Micro e Pequena Empresa e debates em torno do Pronampe; a criação do Gabinete de Crise; as discussões em torno do PL 675, que teve texto original aprovado na Câmara; a criação da Central de Risco – SINDC; pleito ao SEBRAE para que as ESCs possam participar do Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa (FAMPE) e benefícios adicionais aos associados.

O economista-chefe da Boa Vista SCPC, Flávio Calife, deu um panorama geral do mercado de crédito e consumo, a partir das expectativas e dos riscos das mudanças em curso, analisando como deve ser a retomada da economia.

Apresentou diversos dado, como a confiança dos consumidores, que em maio começou a se recuperar. “No final de 2020, as atividades devem voltar ao patamar do começo do ano. E o mercado de trabalho tem passado pela principal mudança”, salientou.

Para Michel Varon, do Vadu, a informação, daqui para frente, vai fazer toda a diferença na tomada de decisões, proporcionando mais segurança na análise de crédito. O especialista também divulgou dados da economia que se refletem na atividade produtiva.

Tomou como base os 12,8 milhões de desempregados, dos quais em torno de 1 milhão perdeu emprego em maio. Os pedidos de seguro desemprego aumentaram 53%, visto que cerca de 600 mil MPEs fecharam as portas. A redução média prevista nas vendas da indústria é de 55% até junho. As vendas no varejo tiveram o pior resultado em 20 anos, com queda de 16,8% e 63% das indústrias têm caixa somente para aguentar um mês.

“A parte relativa aos dados, a área analítica e de processos vão fazer a diferença no acesso ao crédito com mais qualidade”, ponderou o especialista.

Seu colega, o consultor Rogério Castelo Branco se mostrou preocupado com as Empresas Simples de Crédito enquanto instrumento de financiamento atuando em um cenário negativo como este.

“Como emprestar num ambiente recessivo com um público tradicionalmente rejeitado pelo sistema financeiro e, ao mesmo tempo, com a capacidade de produção reduzida?”, questionou.

De acordo com ele, a análise de crédito começa na requalificação do público a ser atingido, trabalho que também deve ser realizado pela área comercial, tão essencial nesta pandemia.

“A empresa não poderá abrir mão da sua política de crédito A tendência é que saíamos mais fortes deste período, mas isso vai exigir um esforço muito grande, especialmente da área comercial. Deveremos ser mais conservadores no tratamento das operações, neste período de pandemia e no pós-pandemia”, argumentou.

O também consultor Ernani Desbesel deu sua visão econômica do país e das empresas cedentes do setor. “No Brasil, as empresas começaram a reabrir sem um ponto de equilíbrio. O fomento comercial é o sustentáculo desta retomada. A cada crise, o setor abraça aqueles que saem dos bancos”, ressaltou.

Ao interagir com os participantes, o presidente Hamilton lembrou que o processo de visita aos clientes deverá ser revisto neste momento de pandemia, embora ele seja apoiador do tradicional método presencial.

“Eu realmente faço visitas a todos os novos clientes, e aos velhos somente quando surge algum problema. Reduzimos a entrada de novos clientes, porque queremos atender bem os antigos. Sendo assim, por que não fazer visitas usando a videoconferência? Como lidar com isso, visto que se trata de uma obrigação COAF a geração de relatórios de visitas? Na visita, vale o crédito do olho do olho, onde se percebe quem é laranja, quem é sério”, comentou.

A live teve uma grande audiência, contando com a participação de empresários de diversos cidades do país, como as paulistas Campinas, Fernandópolis, Jaguariúna, Araraquara, São José do Rio Preto, Franca, Guarulhos, Santo André, Jundiaí, Atibaia, Barueri, Santos, Osasco e Araras; Rio de Janeiro, Salvador (BA), Manaus (AM), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Macapá (AP), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Boa Vista (RR).

O acesso ao material do evento pode ser obtido AQUI.

Fonte: Reperkut