Fomento

Fomento Comercial vai se beneficiar do desenvolvimento de mercado de Fintechs

Ainda que a pandemia do novo coronavírus tenha deixado a nossa economia mais frágil do que já estava antes, as fintechs e as empresas do fomento comercial continuam firmes e vão ser favorecidas a partir da retomada gradual dos negócios.

Tal perspectiva foi projetada pelo diretor do Sindicato Leandro Lucas Zen, sócio-diretor da fintech Size, durante o webinário “Fintechs e o Mercado de Fomento Comercial: Aprenda as Bases de como Criar a sua Fintech”, transmitido nos dias 17 e 18 de junho, via plataforma Zoom.

Realizado pelo SINFAC-SP em parceria com a Size e com a Academia Brasileira de Gestão de Recebíveis (Abragere), o treinamento virtual levou a empresários do mercado de fomento comercial os conceitos gerais e as etapas para a criação de uma fintech.

Em contato com o mercado financeiro há uma década e meia, Zen deu um apanhado sobre a movimentação do mercado de fintechs – antes e durante a pandemia –, mencionando os frequentes aportes recebidos pelos players e as perspectivas para depois que a Covid-19 passar.

Segundo estudo apresentado pelo palestrante, as fintechs têm a oportunidade de crescer nos próximos anos, especialmente porque o país ainda tem em torno de 45 milhões de pessoas desbancarizadas – um em cada três brasileiros com mais de 16 anos. E as empresas do fomento comercial podem pegar carona nesse cenário positivo.

Os desbancarizados movimentam R$ 800 bilhões por ano. Este contingente ignorado pelo sistema financeiro tradicional é formado por 59% de mulheres; 69% de negros; 86% de pessoas das classes C, D e E; 39% de habitantes do Nordeste; e por 58% de pessoas que nunca frequentaram a escola ou estudaram até o ensino fundamental.

“Para mim, entretanto, os desbancarizadas também são as empresas com conta em banco que só foram abertas para receber dinheiro ou fazer TED. São clientes que não adquirem uma linha de crédito, nem mesmo um consórcio”, ponderou Zen.

Quinto maior centro global de tecnologia de fintechs, de acordo com a Global Fintech, a cidade de São Paulo tem sido celeiro de iniciativas promissoras nesta área, que ao longo dos anos viu a expansão das categorias em que essas empresas atuam.

Hoje, estão subdivididas nas áreas de backoffice, câmbio, cartões, crédito, criptomoedas, crowdfunding, dívidas, fidelização, finanças pessoais, investimentos, meios de pagamento, risco e compliance, serviços digitais e tecnologia.

“As fintechs mais bem-sucedidas têm o cliente como o centro das atenções. Este usuário quer agilidade, informações rápidas, pois não tem tempo a perder”, salientou Zen, para quem os principais desafios de uma fintech são eficiência, competitividade, maior satisfação, segurança jurídica e menores custos.

O palestrante explicou aos empresários os vários aspectos deste relativamente novo negócio e como ele beneficiará factorings, securitizadoras, FIDCs e ESCs.

A modelagem em torno das fintechs é o modo como o processo atual de uma empresa pode ser analisado e melhorado, a exemplo da agregação de mais produtos e serviços, com o objetivo de aumentar o faturamento.

Segundo Zen, o modelo de fintech as a service é uma tendência em alta, pois a empresa poderá oferecer serviços de banco para qualquer instituição ou varejista, por exemplo, para realizar um CDC, produto geralmente disponível em bancos.

Open banking

Prevista para ser iniciada no segundo semestre deste ano, de acordo com o cronograma do BACEN, a tecnologia disruptiva do open banking tem elevado ainda mais as perspectivas de negócios para as fintechs e, por conseguinte, para o fomento comercial.

A partir dele é possível promover o compartilhamento de dados, produtos e serviços. O cliente é empoderado, se tornando apto a levar suas informações para onde quiser, sem ter de começar um relacionamento do zero com uma nova instituição.

Expansão

Embora o mercado de fomento comercial continue forte, mesmo durante esta pandemia, ele ainda tem muito a crescer, conforme os números a seguir:

- Há atualmente 8 mil empresas de factorings e securitizadoras no país.

- 700 Empresas Simples de Crédito operando R$ 302 milhões de capital registrado. Só no estado de São Paulo, são 236 ESCs, com capital registrado de R$ 94 milhões.

- R$ 265 bilhões por ano estão endereçados a este mercado

- R$ 400 bilhões potenciais para a antecipação de recebíveis para micro e pequenas empresas.

- R$ 4 trilhões é a estimativa do mercado para o potencial de notas que poderiam ser descontadas.

- O Brasil tem atualmente 315 FIDCs em operação, com R$ 19,5 bilhões em carteira (dados de abril de 2020).

Maior portfólio

Empresa de pequeno porte, a Rentex Fomento Mercantil, de São Caetano do Sul, está buscando alinhar-se com as inovações que surgem diariamente no mercado. Para tanto, está estudando aumentar seu portfólio de produtos e serviços.

“Como a pandemia teve um impacto muito agressivo em nosso negócio, tivemos de diminuir as operações, porém a inadimplência aumentou significativamente neste período. Daqui pra frente consigamos reestabelecer nosso negócio”, explica a sócia Deris Mota Macedo.

Para Giancarlo Salvini, sócio da 2G Fomento Mercantil, fundada em 2017 e sediada em Petrópolis (RJ), o webinário esclareceu uma série de dúvidas sobre o tema, especialmente porque o empresário pretende estruturar uma fintech e entrar neste mercado.

Com raio de atuação de até 100 quilômetros e com clientes nas áreas têxtil, de transporte e construção civil, a empresa buscou, neste webinário, “conhecer mecanismos alternativos de pesquisas de crédito, visando aplicar esta tecnologia na atividade”, explicou.

Fonte: Reperkut

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/fomento-comercial-vai-se-beneficiar-do-desenvolvimento-do-mercado-de-fintechs