Economia

Empresariado brasileiro vê cenário otimista para negócios em 2020, diz Deloitte

70% dos empresários no Brasil acreditam que 2020 será um bom ano para negócios no país, diz nova pesquisa da Deloitte. Representantes de mais de 1377 empresas, cujas receitas somadas equivalem à metade do PIB nacional, foram entrevistados para o Agenda 2020. É a quarta edição do estudo.

“O resultado é coerente com outros indicadores de expectativa do mercado,” diz Giovanni Cordeiro, economista-chefe da Deloitte e responsável pela pesquisa, a Época NEGÓCIOS. “O resultado é até mais positivo que o esperado.”

Segundo o estudo, a geração e manutenção de empregos será prioridade para as empresas em 2020. 73% afirmam que vão investir em ampliação e treinamento de funcionários, independentemente do cenário econômico do país. O percentual sobe para 93%, se a economia brasileira crescer ao longo do ano.

“O grande ponto é manter o quadro de funcionários para sustentar investimentos que são necessários,” disse Renata Muramoto, sócia da área de Consultoria e líder do CFO Program da Deloitte, a Época NEGÓCIOS.

Um eventual crescimento do país faria 58% das empresas aumentarem o quadro de funcionários, segundo a pesquisa. No entanto, 64% admitem diminuir o número de trabalhadores, em caso de retração da economia.

Outras áreas em que empresários pretendem investir são novas tecnologias (74%), lançamento de novos produtos e serviços (67%) e criar ou ampliar ações de pesquisa e desenvolvimento (58%), independentemente do cenário econômico. Os números saltam para acima de 80% em todos os pontos, considerando um cenário econômico mais positivo.

De olho no governo

A Agenda 2020 também perguntou sobre as expectativas dos empresários em relação às ações do Governo Federal. A reforma tributária foi considerada uma prioridade para 95% dos entrevistados. Geração de empregos, por sua vez, foi considerado prioritário para 79%, entre as formas de estimular a economia.

Cerca de dois-terços (67%) acham que o Governo Federal deve cumprir pelo menos parcialmente as demandas listadas pelo estudo.

“É um percentual coerente com o desafio que o Governo Federal tem que atender,” disse Cordeiro. “É de bom tamanho, algo positivo.”

No entanto, o cenário de 2019 é de maior insatisfação com o governo. A reforma tributária, as concessões e privatizações e a redução dos juros foram os únicos quesitos em que o governo recebeu avaliação positiva do empresariado. Questões como ajustes fiscais, ações de estímulo econômico, investimento em educação e saúde, política ambiental, desburocratização, entre outros, foram consideradas insatisfatórias.

“Isso mostra a visão do empresariado de outras questões importantes, como impacto social e desburocratização” disse Muramoto.

A pesquisa

Em sua quarta edição, a Agenda 2020 entrevistou representantes de empresas cujos rendimentos, somados, chegam a R$ 3,5 trilhões.

“A grande motivação é entendermos um pouquinho a visão do empresariado sobre perspectivas de investimento”, disse Muramoto.

A maioria dos entrevistados representam empresas de São Paulo (57%). O setor mais bem representado é o de bens de consumo (39%), seguido de serviços (24%) e TI/Telecomunicações (14%).

“A pesquisa reforça expectativa positiva, o quanto os empresários brasileiros estão dispostos a gerar investimentos e criar empregos,” diz Cordeiro. “Tem investimentos que são prioritários, isso é positivo. Comparando, reforça ainda mais que 2020 será um ano melhor. Conforme o ano for se materializando, mais projetos podem sair do papel aos poucos.”

https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2019/12/empresariado-brasileiro-ve-cenario-otimista-para-negocios-em-2020-diz-deloitte.html