Economia

Banco tradicional ainda é conta principal dos brasileiros, mas há interesse em migrar para fintechs

A facilidade e experiência que as startups trouxeram para setores conservadores e pouco amigáveis, como o bancário, é bem vista pelos consumidores. Mas na hora H, o tradicional bancão ainda é a preferência dos brasileiros. Um estudo da Fisher Venture Builder, fundadora e aceleradora de startups, que ouviu mais de 1,3 mil pessoas em todas as regiões do Brasil mostra que mais metade dos entrevistados ainda tem conta apenas em uma grande instituição financeira.

Apesar de outros 42% terem conta tanto em fintechs quanto em grandes bancos, é no grandão que ele tem mais dinheiro guardado e/ou concentra a maior parte dos serviços financeiros. Somente 6% tem conta apenas em fintechs, dado que mostra que a migração total para um banco digital ainda está longe de acontecer.

"Os resultados do estudo demonstraram que o que o usuário mais preza em uma conta bancária é a possibilidade de fazer tudo 100% online, e as fintechs ainda enfrentam dificuldades no processo de 'onboarding' (os primeiros passos na interação com o cliente), que ainda não é totalmente digital e tem muita fricção, apesar de todos os avanços", comenta Pietro Bonfiglioli, cofundador da Fisher Venture Builder.

Os resultados demonstram que 43% dos entrevistados estão dispostos a migrar para outro banco e, desse total, 44% mudaria para uma fintech. Outros 52% responderam que tanto faz e apenas 4% declararam que escolheria um banco tradicional. A disposição de mudar é ainda maior entre os mais jovens.

Também são os mais novos (entre 24 e 34 anos) que têm sua principal conta em um banco digital. Dos pesquisados entre 25 e 34 anos, são 44% os que concentram sua conta principal em uma fintech.

Outro ponto relevante indicado no levantamento é que o grau de interesse em mudar de conta é o mesmo tanto para clientes de bancos digitais como de tradicionais: 40% dos que têm a conta principal em fintech e 44% dos que têm a principal conta em bancos tradicionais mudariam de instituição para ter serviços melhores.

"Quando somamos essa disposição a testar novos produtos e em mudar de bancos, vai sobreviver a empresa ou startup que atender às demandas do cliente, que não é mais tão fiel à instituição e à marca e está sempre em busca de novos benefícios. Criar uma outra conta, migrar para outro banco tem sido processos cada vez mais ágeis e simples: basta instalar outro aplicativo", diz Bonfiglioli.

Um ponto a favor das fintechs é a experiência de uso do aplicativo, site ou do processo de compra. Segundo a pesquisa da Fisher, apesar de ainda terem gargalos de entrega de bom serviço, a satisfação dos clientes de fintechs é maior do que a dos grandes bancos.

Quando perguntadas sobre o quão satisfeitas as pessoas estavam com suas contas, sendo 0 nada satisfeitas e 10 totalmente satisfeitas, as fintechs levaram uma nota média de 8,9 contra 7,3 dos bancões.

O que mais o cliente valoriza? A possibilidade de fazer tudo online está no topo das prioridades (64%), seguida pela facilidade para executar operações (44%) e pela confiabilidade e segurança transmitida pela instituição (44%).

"Um ponto que surpreendeu foi a quantidade de pessoas usando seus celulares para acessar suas contas bancárias - isso era impensável há alguns poucos anos, havia muita insegurança em inserir seus dados nesses dispositivos. Esse cenário mudou. E também o fato de quase metade ter respondido ter conta em fintech, ainda que também tenha conta em bancos tradicionais: foram mudanças muito rápidas, e a desconfiança e as barreiras estão diminuindo", comenta ainda Bonfiglioli.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/banco-tradicional-ainda-e-conta-principal-dos-brasileiros-mas-ha-interesse-em-migrar-para-fintechs-valor-invest