Economia

Fitch espera estabilidade do rating de empresas brasileiras no curto prazo

A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou em relatório que as tendências de crédito para as empresas brasileiras atingiram um “ponto de inflexão”, devido a abundante liquidez do mercado doméstico, baixas taxas de juros locais e melhora gradual do fluxo de caixa corporativo.

Nesse cenário, a Fitch espera estabilidade do rating de companhias brasileiras no curto prazo, levando em conta a melhora da relação entre rebaixamento e elevação de notas.

“No entanto, permanece a incerteza em relação à recuperação econômica do Brasil, devido ao aperto fiscal, desafios à agenda de reformas do país, os efeitos da guerra comercial EUA-China e o impacto da crise financeira da Argentina nas exportações para esse mercado”, afirmam em relatório Joe Bormann, diretor geral de ratings corporativos da Fitch pa

Entre os indicadores destacados para a avaliação está a redução da alavancagem medida pela relação entre dívida líquida ajustada e lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e arrendamento (Ebitdar, na sigla em inglês) de 3 vezes em 2015 para 2,5 vezes em 2019.

“Além disso, a liquidez abundante permite uma melhor gestão de passivos e reduz o risco de refinanciamento em todo o amplo portfólio de empresas brasileiras”, destaca o relatório.

Com relação aos ajustes de nota, a Fitch afirma que as elevações começaram a superar os rebaixamentos em 2018, fato que não acontecia desde 2013, em cerca de 2,5 vezes em uma escala internacional.

Em 2019, a relação rebaixamentos/elevações permanece abaixo de 1 vez, com melhorias nos balanços gerando atualizações para companhias como JBS, CSN e Usiminas.

Atualmente, 85% das empresas têm perspectiva estável, contra 50% em 2017. As avaliações negativas caíram de 45% há dois anos para 6% em 2019. A perspectiva positiva foi de 5% em 2017 para 9% este ano.

Os setores de consumo, saúde e energia são exemplos dos mais bem posicionados para se beneficiar da melhoria prospectiva na demanda local, afirma o relatório. “Os setores com altos custos fixos e maior alavancagem operacional podem experimentar uma melhoria significativa da margem à medida que a demanda local se recuperar.”

Setores como o imobiliário e o de cimento devem ter uma recuperação mais tardia que outras áreas, devido ao alto desemprego e o baixo nível de utilização das fábricas.

“Os exportadores são vulneráveis ao aumento da volatilidade nos preços das commodities e à menor exportação devido a ventos externos relacionados ao comércio global, mas o risco de queda deve ser limitado devido aos baixos custos de produção”, diz o documento.

Com relação à economia brasileira, a Fitch lembra que em setembro revisou a perspectiva de crescimento do PIB de 2019 e 2020 para o Brasil de 1% para 0,8% e 2,2% para 2,0%, respectivamente. Também no mês passado, a agência projetou taxas básicas de juros de 5% em 2019 e de 5,25% em 2020.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/10/22/fitch-espera-estabilidade-do-rating-de-empresas-brasileiras-no-curto-prazo.ghtml