Fomento

Segmento de fundos estruturados em direitos creditórios evolui 20% no ano

O segmento de fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) já avança 20% no ano até agora em relação a dezembro de 2018. A expectativa é que o crescimento seja acelerado a partir de 2020, com a flexibilização da regulamentação do segmento.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que o patrimônio líquido de FIDCs atingiu R$ 175,2 bilhões no último dia 30 de maio. O montante representa um crescimento de 34,5% em relação ao observado no mês anterior, de R$ 130,2 bilhões.

Segundo o presidente do comitê de FIDCs da Anbima, Ricardo Mizukawa, até junho, a indústria contabiliza R$ 190 bilhões. “E mesmo com a retirada de um FIDC exclusivo do grupo econômico da Petrobras, que equivale a R$ 65 bilhões, o crescimento em relação a dezembro de 2018 é de 20%. Dos diversos tipos de fundos, FIDC é o veículo que mais cresce”, afirma.

O movimento crescente da indústria acontece tanto em relação à maior demanda por risco do lado dos investidores como também ante a maior necessidade de captação de recursos das empresas em um cenário de crédito bancário ainda muito restrito.

“Com a queda da Selic [taxa básica de juros] o investidor precisa de mais ativos no portfólio e rentabilidade. Ao mesmo tempo, tem movimento macroeconômico de concentração bancária que favorece a criação de novos fundos com foco em crédito. É um aumento de demanda”, explica o gestor de produtos e risco da SRM, Leandro Andrade.

A retomada econômica aquém do esperado, por outro lado, também pode prejudicar tal avanço. De acordo com o diretor da Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios Multicedentes e Multissacados (Anfidc), Luis Eduardo da Costa Carvalho, a falta de estímulo no mercado de crédito pode afetar o desempenho dos FIDCs.

“Caso essa situação não se reverta, o volume de negócios acaba prejudicado e, consequentemente, influencia a indústria. Mas isso ainda está sendo compensado pela inadimplência, que ainda está satisfatória”, comenta.

“Percebemos o potencial de crescimento até pela maior demanda de fundos e agentes financeiros em garantir a segurança de duplicatas. Esse é um caminho natural e é visto com bons olhos”, complementa Matheus Bonelli, sócio da Central de Registros de Direitos Creditórios (CRDC).

Consulta pública

As projeções de crescimento para o setor, porém, acabam sendo mais otimistas ante a expectativa de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocará a flexibilização das normas referentes à FIDCs em consulta pública no segundo semestre deste ano. Permitir o acesso do varejo para algumas estruturas específicas da indústria está entre as propostas.

“É importante destacar que esse trabalho dos órgãos reguladores vem para melhorar a dinâmica dos produtos e dar acesso do público em geral aos FIDCs. Isso abre portas não apenas para gerar um mercado melhor, mas para crescer a indústria sustentavelmente”, avalia o sócio diretor da Fromtis, Rafael Pizzardo.

Os especialistas destacam, porém, que essa adaptação ainda vai depender das sugestões e alterações que o mercado endereçará na consulta pública, mas que, de qualquer forma, são aspectos positivos. “Além de aumentar o patrimônio da indústria de forma mais ágil, também pode trazer uma eventual redução dos spreads e um cenário benigno para o setor”, conclui Andrade.

https://www.sinfacsp.com.br/noticia/segmento-de-fundos-estruturados-em-direitos-creditorios-evolui-20-no-ano-dci