Economia

Crédito direcionado avançará pouco

O Banco Central (BC) projeta um crescimento abaixo de 1% para o crédito direcionado neste ano, impulsionado pela substituição das fontes de financiamento na direção do mercado de capitais. Para os recursos livres, a expectativa é de um avanço de 12,5%.

Os dados são do Relatório de Economia Bancária, divulgado ontem pela autoridade monetária com base nos dados do ano passado. Segundo o levantamento, enquanto os recursos livres avançaram 10,9% em 2018 contra 2017, o crédito direcionado demonstrou uma queda de 0,9% na mesma base de comparação.

Segundo o diretor de política econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, essa diferença na expansão reflete a mudança na orientação da política monetária que acontece no País desde 2016.

“Vemos com clareza um processo de substituição das fontes de financiamento de recursos direcionados para o mercado de capitais, captações no exterior e para o próprio crédito livre. Isso explica não só a retração até 2018 como a pequena expansão esperada para 2019”, comenta.

O movimento também tem influenciado no indicador de custo de crédito (ICC). Segundo o relatório, por exemplo, é o segundo ano consecutivo de queda do índice tanto para pessoas físicas quanto para as empresas, que recuaram 1 ponto percentual (p.p.) e 0,9 p.p. em 2018, respectivamente.

Tal indicador mede não apenas as taxas de juros de concessão na ponta a cada mês, mas o custo de toda a carteira do sistema financeiro, contando contratos passados ainda em vigor e também aqueles feitos mais recentemente.

"Essa diferença, inclusive, está concentrada principalmente nas modalidades com recursos livres. Mas reflete condições financeiras mais favoráveis e uma política monetária mais acomodativa”, afirma Viana, do Banco Central.

O custo de crédito para os recursos livres ficou em 31,4% em 2018 (recuo de 2,8 pontos percentuais ante 2017), enquanto o crédito direcionado atingiu 8,8% (-0,1 p.p.).

Composição do spread 

Outro ponto trazido pelo relatório do BC foi a redução de 0,4 p.p. na inadimplência associada ao crédito bancário, de 3,3% em 2017 para 2,9% em 2018.

“Nós temos um diagnóstico onde o maior componente do spread bancário tem a ver com as perdas que o sistema incorre por inadimplência e baixa recuperação de empréstimos”, explica o diretor e reitera que apesar de a concentração bancária ser parte da composição “não é o principal custo”.

De acordo com o levantamento, a inadimplência corresponde por 37,2% do spread e do custo de crédito do sistema financeiro, seguido por despesas administrativas (27,4%), tributos e Fundo Garantidor de Crédito (20,6%) e margem financeira (14,9%).

“Você pode ter um mercado concentrado, mas com as instituições concorrendo entre si e pode ter muitos participantes, mas que não concorrem entre si”, complementou Viana.

https://www.dci.com.br/economia/credito-direcionado-avancara-pouco-1.805183