Economia

Com open banking, fintechs devem disparar e forçar adaptação de grandes bancos

O conceito de open banking está chegando aos poucos ao dicionário do brasileiro. O sistema permite que outras empresas e serviços acessem os dados do clientes - com a autorização explícita. Um dos princípios é que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições.

Na prática, para o consumidor final, o open banking regulado e funcionando no Brasil permitiria que as pessoas movimentassem suas contas a partir de diferentes plataformas e não só pelo aplicativo ou site do banco.

Compartilhar essas informações com mais pessoas, do ponto de vista do bancos tradicionais, representa uma quebra de barreira. Existe uma certa resistência no setor, porque as empresas mais antigas têm informações exclusivas que hoje não precisam compartilhar com concorrentes - como as fintechs, por exemplo. Esse novo modelo os obrigaria a liberar esses dados caso seja essa a vontade do cliente.

Embora ainda não haja uma definição formal sobre o open banking nacionalmente, o tema já está na pauta dos maiores bancos do país - e seus representantes reconhecem que a chegada do novo conceito beira o inevitável.

→ Como um duro golpe profissional transformou Guilherme Benchimol em um dos maiores empreendedores do país

Durante o Brazil Investment Forum, que aconteceu em São Paulo no último dia 3, representantes do Bradesco, Itaú e Banco do Brasil participaram de um painel em que compartilharam suas visões sobre a chegada desse novo sistema no mundo financeiro - e o tom foi otimista.   

Thiago Charnet, Diretor de TI do Itaú, entende que as fintechs estão à frente no manuseio de dados. Ele defende ser crucial que os bancos passem a melhorar a experiência que os clientes têm em seus domínios e com seus serviços, se não a possibilidade de queda na base de clientes é alta.

“As empresas que hoje os clientes acreditam e consideram grandes são focadas no bom atendimento. Então nosso desafio também é nos tornarmos instituições centradas nos clientes a partir dos dados”, complementa Charnet.

Para Maurício Minas, vice-presidente do Bradesco, como os serviços financeiros se engajam em praticamente todas as atividades do dia a dia que existem hoje, os bancos precisam usar isso em favor próprio. “Precisamos agregar valor. Se vamos abrir nossas APIs, podemos ter algumas vantagens diante disso”, diz.

Segundo ele, isso inclui aproveitar essa abertura de dados e informações para se integrar a novas cadeias de serviços e oferecer novos produtos, gerando novas fontes de receitas a partir de informações que antes também não tinham.

"O fluxo de dados sobre o que as pessoas fazem com a vida financeira que vai passar por nós vai aumentar e teremos acessos a novos dados que não temos hoje", explicou o executivo.

Além disso, ao facilitar a criação de novas aplicações que ganham tempo e oferecem praticidade para o cliente, o banco tem a possibilidade de focar na experiência e amplia suas possibilidades de negócios com uma melhora da sua tradicional "imagem burocrática".

Minas entende que o maior desafio para os bancos é ter concorrentes como as fintechs “porque são especialistas em tratar dados”. Por outro lado, com acesso a mais informações, os bancos terão a chance de ofertar produtos para o cliente com mais assertividade. “Temos que ser preditivos: ofertar para o cliente o que ele vai querer, antes dele saber que quer”, diz.
Responsabilidade  

Outro ponto importante que ainda será definido por uma regulação  é o que os bancos e outras instituições financeiras com acesso aos dados dos clientes terão permissão para fazer com essas informações.

“Nós temos acesso a certo e dados e teremos muito mais. Mas [o uso] será regulado, mais para frente acho que vai ser mais organizado. Teremos regras a seguir, por exemplo: não vou poder aumentar o crédito pessoal que disponibilizo avaliando a foto de perfil do Facebook do cliente”, explica Thiago Charnet, Diretor de TI do Itaú.
Profissão em destaque: cientista de dados

Com o novo sistema, uma profissão que vai ficar ainda mais em evidência é a de cientista de dados. Os profissionais que sabem coletar e analisar dados serão cada vez mais requisitados.

Gustavo Fosse, Diretor de TI do Banco do Brasil acredita que um desafio para os bancos também está relacionado a contratação de profissionais dessa especialização.

“E nós [do BB] temos um desafio maior ainda em relação a habilitação de profissionais. Como somos estatais, os funcionários entram por meio de concurso. Então temos parcerias com universidades e estamos dispostos a patrocinar os estudos para que as equipes estejam aptas a lidar com dados”, afirmou durante o evento.

Os executivos do Bradesco e do Itaú também compartilharam dessa necessidade de capacitar seus funcionários para que esse trabalho de análise com muito mais informação seja bastante eficiente com a chegada do open banking.

“Presumo que no futuro breve 100% dos funcionários vão ter que saber lidar com dados”, disse Fosse. 

Fonte: Giovanna Sutto, do InfoMoney

http://www.fintechspress.com/18-destaques/1918-com-open-banking-fintechs-devem-disparar-e-forcar-adaptacao-de-grandes-bancos?utm_source=Mailee&utm_medium=email&utm_campaign=Nubank+lan%C3%A7a+NuCommunity%2C+uma+rede+social+aberta+ao+p%C3%BAblico&utm_term=&utm_content=Nubank+lan%C3%A7a+NuCommunity%2C+uma+rede+social+aberta+ao+p%C3%BAblico