Economia

Pequena empresa terá difícil acesso ao crédito e juros altos até março



O crédito para micro, pequena e média empresária só melhorará no segundo trimestre de 2019. Apesar da maior demanda por financiamentos acompanhar a volta do consumo, o baixo desempenho e a falta de garantias ainda dificultam o acesso aos recursos.

Desde dezembro de 2016 até novembro deste ano, o saldo de crédito no sistema financeiro às micros, pequenas e médias empresas (MPMEs) diminuiu 25,7%, de R$ 673,9 bilhões para R$ 500,7 bilhões, segundo os últimos dados do Banco Central (BC).

De acordo com o professor do Mackenzie Marcos Antônio de Andrade, os últimos anos trouxeram uma piora no rating dessas empresas e não apenas diminuíram o estoque disponível no sistema financeiro como também aumentaram as exigências por parte das instituições financeiras.

“A alternativa que os bancos têm para provisionar menos, é exigir garantia. Isso explica o motivo de não existir uma alta significativa de concessões. As empresas precisam melhorar seus números, seus balanços e o seu relacionamento com os bancos”, explica Andrade.

O grande problema é que, a falta de resultados significativos desde o início da retomada da economia e de garantias para empréstimos, as MPMEs acabam migrando para linhas emergenciais – como cartão de crédito rotativo e parcelado e também cheque especial.

Tanto o parcelado como o cheque especial foram as duas das linhas que mostraram alta de juros no mês passado ante novembro de 2017, na contramão do resto do mercado.

Enquanto o parcelado subiu 5,3 pontos percentuais (p.p.) (de 139,9% ao ano para 145,2% a.a.), o cheque especial avançou 2,4 p.p., de 339,9% para 342,3% ao ano na mesma base.

Para o professor da Saint Paul Escola de Negócios Maurício Godói, porém, mesmo que as exigências bancárias fiquem maiores, o movimento das grandes empresas pode ajudar a impulsionar a demanda por recursos das MPMEs.

“Conforme as expectativas positivas se concretizem, a necessidade por estoque das grandes indústrias deve aumentar os pedidos feitos aos pequenos fornecedores e, consequentemente, alavancar o crédito para os PMEs”, diz.

Ele reforça, no entanto, a urgência de resultados por parte do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

“Tudo dependerá do ambiente político e do ajuste fiscal, mas acredito que já no segundo trimestre de 2019, teremos resultados mais perceptíveis”, conclui Godói.

Recuo na indústria

Em nota, o Instituto para Estudos de Desenvolvimento Industrial (Iedi) pontua que além de o recuo de 4,4% de crédito à indústria seguir uma queda de 9,5% dos últimos dois anos, a “resistência à baixa de juros” também é uma “pressão negativa”. “Enquanto os juros do crédito corporativo reduziram em 6% entre dezembro de 2017 e novembro de 2018, a inadimplência dessas operações caiu 33% em igual período. Ainda há avanços que precisam ser conquistados em 2019”, relatou o Iedi.

https://www.dci.com.br/economia/pequena-empresa-tera-dificil-acesso-ao-credito-e-juros-altos-ate-marco-1.768981