Economia

Grandes bancos lucram 12,7% mais no 3º tri e sinalizam maior apetite por crédito

O resultado financeiro dos grandes bancos brasileiros de capital aberto no terceiro trimestre trouxe uma sinalização importante quanto ao crescimento do crédito no próximo ano. Com números em linha com as projeções do mercado, essas instituições esperam não só emprestar mais em 2019, como algumas estão dispostas a elevarem seu apetite por risco diante da expectativa de melhora do ambiente macroeconômico, o que também pode servir de impulso para as receitas com tarifas e prestação de serviços.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco apresentaram lucro líquido de R$ 18,435 bilhões de julho a setembro, expansão de 12,7% em relação à cifra de R$ 16,358 bilhões registrada um ano antes.

O resultado apresentou leve aceleração, uma vez que, no segundo trimestre, o crescimento anual foi de 12,30%. Com eventos extraordinários, o resultado foi de R$ 17,470 bilhões, 28,5% maior, considerando a mesma base de comparação.

Novamente, a redução dos gastos com calotes motivou os ganhos no período, mas a aceleração do crescimento das carteiras de crédito chamou a atenção. A maior expansão de empréstimos no terceiro trimestre, tanto no comparativo trimestral como no anual, foi vista no Santander (3,4% e 13,1%), seguido por Itaú (2,1% e 10,6%), Bradesco (1,5% e 7,5%) e BB (0,1% e 1,4%).

O presidente do BB, Marcelo Labuto, garantiu que o banco vai encostar nos pares privados também do lado do crédito em 2019. A instituição pode, conforme ele, ser mais agressiva e competitiva na concessão de crédito, mas sem mudar seu apetite de risco.

"Já temos condições de equiparar o crescimento do crédito ao dos pares privados", disse Labuto, em coletiva de imprensa, no período da manhã desta sexta.

O BB foi mais penalizado que seus pares durante a crise, uma vez que carregava empréstimos mais pesados e de longo prazo. Por isso, tem tido mais desafios para acelerar o ritmo da expansão de sua carteira. Enquanto isso, Bradesco e Itaú admitiram, pela primeira vez, que podem aumentar o apetite por risco.

A sinalização chama a atenção, de acordo com o analista da XP Investimentos, André Martins, pelo fato de o Itaú ter uma postura mais conservadora que os demais. Ou seja, se até ele está considerando mexer no perfil de risco, é um sinal de que a demanda reprimida no País terá mais espaço para ser atendida, o que tende a trazer bons frutos para as margens e, consequentemente, para os lucros em 2019.

Outra linha que o BB ainda não está satisfeito é quanto à rentabilidade. Labuto destacou, em sua primeira aparição como presidente do banco, que a instituição segue debruçada em melhorá-la ainda mais. A gestão atual, antes capitaneada por Paulo Caffarelli, foi responsável por fazer o retorno do banco mais que dobrar, passando de 6,6% no primeiro trimestre de 2016 para 14,3% no terceiro trimestre deste ano.

A mesma postura do BB foi compartilhada pelo concorrente Santander Brasil. Segundo o presidente do banco, Sergio Rial, a instituição não vai se contentar com a rentabilidade atual. O Itaú seguiu na liderança, com indicador de 21,3%; Santander veio na sequência, com 19,5%; e o Bradesco encostou no concorrente, ao elevar seu retorno em 0,6 ponto porcentual, para 19,0%.

Do lado dos calotes, a tônica de melhoria na qualidade dos ativos prevaleceu no terceiro trimestre, com os bancos ainda vendo espaço para melhoras adicionais. Enquanto Itaú e Santander relataram um caso específico que pesou na inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, o BB conseguiu se livrar de um caso que vinha pesando nos calotes da instituição.

Por fim, o gasto com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, de BB, Bradesco, Santander e Itaú foi a R$ 15,4 bilhões no terceiro trimestre, com uma redução de quase R$ 2,8 bilhões em um ano e de R$ 600 milhões no comparativo trimestral.

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