Economia

Alta na carteira de micro e pequenos negócios do BB fica apenas para 2019

A carteira de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil (BB) só deve crescer em 2019. A migração da base de créditos voltados a investimentos para recebíveis atrasa a melhora no banco e traz perspectiva de estabilidade na carteira até o final deste ano.

A carteira de crédito para pessoas jurídicas do BB somou R$ 263,4 bilhões no segundo trimestre. O número representa uma queda de 5% frente ao registrado em igual período de 2017, quando estava em R$ 277,2 bilhões.

Diferente do observado em seus pares privados, no entanto, a vertente responsável pela retração da carteira no banco público foram as micro e pequenas empresas (MPEs), que recuaram 29% na mesma relação, de R$ 57,4 bilhões para R$ 40,7 bilhões.

“As MPEs não estão crescendo por questões estruturais, mas também há todo um movimento de mudança no mix dos produtos”, explica o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do banco, Bernardo de Azevedo Silva Rothe.

“Estamos concentrando a nossa atuação mais em capital de giro e recebíveis, que têm prazos mais curtos e rotatividade maior”, acrescenta.

Ambas as linhas, porém, ainda têm decréscimo na comparação do segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2017.

Enquanto os empréstimos para capital de giro recuaram 2,2% na comparação (de R$ 114,7 bilhões para R$ 112,2 bilhões), os recebíveis caíram 6,1%, de R$ 7,522 bilhões para um total de R$ 7,066 bilhões.

Segundo o vice-presidente de negócios do varejo do BB, Marcelo Labuto, porém, o período é de “ajuste e adaptação à nova estratégia” e as perspectivas são positivas para os próximos trimestres de 2018.

“Migrar para um giro muito mais rápido com prazos muito mais curtos significa que é preciso um ajuste para que possamos entrar em um nível adequado da carteira”, afirma o executivo. Ele pondera, no entanto, que a melhora nos próximos meses “deve vir espelhada nesse segmento”.

Até agora, o principal avanço da carteira de crédito de pessoas jurídicas do BB vem de empréstimos cedido a estados e municípios que, pela primeira vez na série histórica do banco, superaram os financiamentos voltados às MPEs.

No segundo trimestre, o crédito cedido a governos ficou em R$ 45,2 bilhões, alta de 17,1% na comparação com iguais três meses do ano passado (R$ 38,6 bilhões).

Os empréstimos para médias e grandes companhias, por sua vez, somou R$ 133,8 bilhões, queda de 3% na mesma relação (R$ 138 bilhões).

“O resultado do lucro da nossa operação em MPE já é robusto, mas ainda há uma parte da liquidação do eixo calcado em investimentos que é necessária e que não tem essa dinâmica tão rápida”, declara Labuto, mas considera as perspectivas positivas.

“A tendência é de crescimento para os próximos dois trimestres, mas a certeza que eu consigo dar até agora é de estabilidade da carteira”, complementa o vice-presidente.

Captação de recursos 

Apesar das altas vistas no agronegócio (+0,2%, de R$ 188,2 bilhões para R$ 188,6 bilhões) e de pessoas físicas (+2%, de R$ 185,9 bilhões para R$ 189,8 bilhões) frente ao segundo trimestre do ano passado, a carteira ampliada da instituição atingiu R$ 685,5 bilhões, um recuo de 1,5% na mesma relação (R$ 696,1 bilhões).

Para o presidente do BB, Paulo Caffarelli, mesmo com a volatilidade esperada para o País, “o segundo semestre será melhor do que os primeiros seis meses do ano”.

“Veremos maiores desembolsos em todos os segmentos e devemos melhorar substancialmente o desempenho em pessoas jurídicas”, comenta.

Ele reforça ainda que parte da retomada no ambiente corporativo também se dará à maior demanda das grandes empresas por captar recursos via emissão de títulos.

“Mercado de capitais é o nome do jogo e estamos apostando muito nesse segmento. Tenho certeza que colheremos novos ganhos”, diz Caffarelli.

Entre os meses de abril e junho deste ano, por exemplo, o avanço do banco nas receitas provenientes do mercado de capitais foi de 17,9%, de R$ 180 milhões para R$ 187 milhões.

Na administração de fundos, a alta foi de 9,7%, de R$ 1,336 bilhão para R$ 1,559 bilhão.

Os executivos, nesse sentido, destacam a estratégia de mercado de capitais e ponderam acreditar em “conquistas maiores” com o modelo de maior foco em receitas com tarifas e prestação de serviços.

“Crescemos em mercado de capitais no âmbito de crédito corporativo, participando de 1/3 das operações feitas no mercado e distribuindo mais de 50% das originações feitas pelo banco”, diz Rothe.

As receitas com tarifas e serviços da instituição pública totalizaram R$ 6,798 bilhões em junho, aumento de 5,7% em relação ao segundo trimestre de 2017 (R$ 6,432 bilhões).

O lucro líquido ajustado do Banco do Brasil ficou em R$ 6,266 bilhões no primeiro semestre, um avanço de 21,4% frente a igual intervalo do ano passado (R$ 5,164 bilhões).

O Retorno Sobre Patrimônio Líquido (RSPL ou ROE, da sigla em inglês) do banco, por sua vez, atingiu 13,3% no período, contra os 12,4% de 2017.

Adquirência

Outro ponto levantado pelos executivos diz respeito à venda de maquininhas de marca própria do banco, cuja comercialização iniciou em maio.

Segundo o que diretor de meios de pagamento do BB, Rogério Panca, informou ao DCI, somando a venda e o aluguel feitos pelo banco em relação à Stelo e à Cielo, respectivamente, a comercialização até julho soma 66 mil pontos de venda. O volume já é 52,8% dos 125 mil projetados pela instituição até o fim deste ano.

“Vendemos 40 mil maquininhas da Stelo e conseguimos 26 mil novos credenciamentos na Cielo. E estamos bastante confiantes de que deveremos passar dos 125 mil projetados até dezembro”, conclui Panca.

https://www.dci.com.br/financas/alta-na-carteira-de-micro-e-pequenos-negocios-do-bb-fica-apenas-para-2019-1.730915