Economia

Margem de lucro dos bancos cai pela metade em operações de crédito

Uma mudança de metodologia na apuração do spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram dos consumidores) fez a participação da margem de lucro das instituições financeiras nessa conta encolher quase pela metade. 

No ano passado, o Banco Central estimava que a fatia da margem de lucro dos bancos no spread era de 23,3%. Esse percentual se reduziu a 14% na nova forma de cálculo observada no Relatório de Economia Bancária, divulgado pela autoridade monetária nesta terça-feira (12).,
 
Isso aconteceu porque os custos administrativos dos bancos, que representavam 3,8% do spread, saltaram para uma participação de 25,5%, o que comprimiu a participação dos outros componentes da conta.

Essa profunda alteração de como o BC vê a composição do spread, segundo o diretor de Política Econômica, Mario Viana, se deu principalmente porque a instituição deixou de deduzir a receita com serviços dos custos administrativos totais. 

De acordo com ele, quando a antiga metodologia foi pensada, em 2004, os serviços não eram considerados um produto dos bancos. 
 
"Hoje supõe-se que os serviços não são uma forma de abatimento de custos, são uma fonte de receitas", afirmou Viana. "De tempos em tempos a metodologia é atualizada".

Outra mudança importante no cálculo foi que, em vez de considerar as taxas de juros calculadas mensalmente com base nos novos empréstimos, como fazia até o ano passado, o BC tomou como base o ICC (Indicador de Custo de Crédito).

O ICC leva em conta o estoque de crédito, ou seja, tudo o que está emprestado, e não somente os novos empréstimos. Como o estoque é formado por operações de prazo mais longo, a taxa de juros apurada nesse indicador é menor, assim como o spread. 
 
Enquanto o spread do ICC é de 12 pontos percentuais, em média, o das novas concessões é de 19,7 pontos percentuais.

A inadimplência, o componente com maior peso no spread, que no cálculo anterior representava 55,7% do spread, também teve sua participação reduzida pelo salto dos custos administrativos no total, para 38,2%. (Folhapress) 

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