Economia

Crédito volta a crescer, a custos menores

O aumento do estoque de crédito em praticamente todos os grupos em março – a exceção foi o crédito direcionado – é mais uma indicação de que, aos poucos, as famílias e as empresas vão readquirindo confiança no desempenho da economia. De acordo com as Estatísticas monetárias e de crédito divulgadas pelo Banco Central (BC), o estoque de crédito livre aumentou 1,3% em março na comparação com fevereiro; o de pessoas física subiu 0,6%; e o de pessoas jurídica, 0,6%. O total do crédito direcionado diminuiu 0,1%, mas o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, considerou que, nesse caso, houve “estabilidade”.

O total de crédito para compra de veículos aumentou 1,2% e o parcelado do cartão, 0,9%. Mas os saldos das operações mais caras diminuíram. O do cheque especial caiu 3,5% e o do rotativo do cartão, 3,8%.

São dados que mostram maior disposição de consumidores e empresas de assumir dívidas, pois estão mais confiantes no futuro. Ressalve-se, porém, que o aumento no estoque de crédito observado até aqui não é suficiente para repor as perdas recentes. Em março do ano passado, por exemplo, quando começavam a surgir sinais mais consistentes de recuperação da economia, o saldo de crédito correspondia a 48,5% do Produto Interno Bruto (PIB); um ano depois, tinha caído para 46,6%.

O relatório tem, porém, outra informação positiva. Trata-se da tendência da taxa de juros. Em dezembro, com o recebimento da segunda parcela do 13.º salário, as pessoas demandaram menos crédito, razão pela qual houve queda no acesso às linhas mais caras, como cheque especial e rotativo do cartão. Consequentemente, os juros caíram. Em janeiro e fevereiro, observou-se o efeito inverso, razão pela qual o custo dos financiamentos voltou a subir.

Em março, a taxa média de juros no crédito livre ficou 0,8% menor. Nos 12 meses encerrados em março, a redução chegou a 10,7%. Na avaliação do BC, a tendência de queda de juros tem a ver com a política monetária, marcada por seguidos cortes da taxa Selic nos últimos meses (atualmente, está em 6,5% ao ano). É essa tendência que, nos próximos meses, deve prevalecer sobre os efeitos sazonais observados até há pouco.

Também positiva é a redução do risco de crédito, com a queda nos atrasos acima de 90 dias.

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