Economia

Bradesco projeta alta de carteira neste ano

Mesmo com o crédito em queda e a inadimplência Corporate em alto patamar, o Bradesco espera melhora na carteira a partir do segundo semestre e considera índice de cobertura “adequado” para suprir eventuais calotes de empresas ligadas à Lava Jato.

O recuo do crédito veio puxado, principalmente, pelo segmento das pessoas jurídicas, que retraiu 6,7% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2017, de R$ 330,9 bilhões para R$ 308,8 bilhões. Esse segmento corresponde a 63,5% da carteira total do banco.

De acordo com o diretor de relações com o mercado do Bradesco, Carlos Firetti, a tendência é que o mix de produtos mude gradualmente ao longo deste ano.

“É natural que as carteiras de pessoas físicas e pequenas e médias empresas, que partiram com dianteira na recuperação, cresçam mais. O mix vai mudar e a tendência é que essas linhas cresçam mais do que o segmento Corporate em 2018”, afirma.

Enquanto o crédito para pessoas físicas mostrou aumento de 3,5% no primeiro trimestre em comparação a iguais três meses de 2017 (de R$ 171,8 bilhões para R$ 177,8 bilhões), as concessões para PMEs caíram 4,7% no período, de R$ 96,4 bilhões para R$ 91,9 bilhões.

O pior cenário, porém, ainda é refletido no segmento das grandes empresas, que mostrou recuo de 7,5% na mesma base de comparação (de R$ 234,4 bilhões para R$ 216,9 bilhões), além de registrar inadimplência de 2%, 1,5 ponto percentual acima da média histórica do banco.

“Muitas empresas já resolveram seus principais problemas de caixa e esperamos melhoras no segmento Corporate e middle market até o fim deste ano e ao longo de 2019”, avalia Firetti e pondera que, em termos de influência do cenário macroeconômico do País, as expectativas também são positivas.

“O próximo grande passo do crescimento é a volta do investimento corporativo, que devem deslanchar e influenciar positivamente no crescimento do segmento na nossa carteira”, completa.

Para o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, as expectativas do banco nesse sentido giram, principalmente, em torno das concessões de infraestrutura e de uma clareza maior das eleições.

“A perspectiva é positiva e não há nada que nos preocupe. O andamento da reforma da Previdência é importante porque é o que vai empurrar todas as outras reformas e avanços necessários no País. Assim, é lógico que a carteira de pessoa jurídica volte a decolar. É um ponto que todos temos que buscar”, conclui Lazari, presidente do Bradesco.

Provisões

Ao mesmo tempo, porém, as discussões ao redor de um possível novo empréstimo à Odebrecht também circundam especulações sobre os futuros resultados do banco privado.

A empreiteira – envolvida na operação Lava Jato, da Polícia Federal – tem cerca de R$ 4 bilhões em dívidas para pagar nos próximos 12 meses e tenta fechar um novo financiamento de R$ 2,7 bilhões com o Bradesco e o Itaú antes de entrar em recuperação judicial.

De acordo com os executivos do banco, porém, a instituição está “muito bem provisionada olhando o conjunto de carteiras e garantias” e que não há nenhum nível de preocupação quanto a isso.

“Quando falamos de cobertura, por exemplo, estamos com provisões muito tranquilas para cobrir qualquer risco que possa advir nesse cenário”, comenta o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.

O índice de cobertura efetivo do banco ficou em 269% no primeiro trimestre deste ano, alta de 48 pontos percentuais em relação ao observado em igual período de 2017 (221%).

Na mesma linha, a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) expandida – que considera os fluxos baixados a prejuízo, receita com recuperação de crédito, descontos concedidos e impairment de ativos financeiros – ficou em R$ 3,9 bilhões, -26,3% na mesma comparação (R$ 5,3 bilhões).

O guidance do Bradesco projeta aumento de 3% a 7% da carteira de crédito expandida e um intervalo de R$ 16 bilhões a R$ 19 bilhões para a PDD expandida. O lucro líquido do banco no primeiro trimestre atingiu R$ 5,1 bilhões, alta de 9,8% em um ano.

https://www.dci.com.br/financas/bradesco-projeta-alta-de-carteira-neste-ano-1.702605