Economia

BNDES reduz juros e mira alta de liberações no 1º semestre

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reajustou taxas e prazos das suas principais linhas de financiamento. O objetivo é trazer competitividade ao sistema e aumentar os desembolsos ainda no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o presidente do banco de fomento, Paulo Rabello de Castro, as mudanças do BNDES pressionarão os demais players (participantes) do mercado brasileiro a reduzir as taxas de juros para patamares mais competitivos.

“Essas mudanças das quais tomamos a dianteira vão influenciar todo o sistema bancário e os efeitos são para logo. O aumento da demanda e dos desembolsos vem ainda no primeiro semestre”, explica o presidente do banco.

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) Ricardo Balistiero, as mudanças na política de financiamento do BNDES vão contribuir para o aumento da demanda por crédito e, portando, para a retomada dos investimentos no País.

“A diminuição do spread é uma forma de reduzir as reclamações que alguns empresários vinham fazendo de que a TLP encareceria os empréstimos”, diz Balistiero, acrescentando que, além de mitigar essa crítica, os novos prazos e taxas tornam o crédito mais atrativo, principalmente para os setores prioritário (segurança pública, saneamento e energia solar).

“É importante que essas medidas sejam implementadas em um momento em que a economia está reagindo. Se isso acontecesse há um ano, dificilmente haveria demanda, pois a atividade estava muito recessiva”, completa.

Balistiero lembra, por exemplo, que os investimentos começaram a esboçar reação no último trimestre de 2017, ao crescerem 3,8% frente a igual período de 2016, depois de 15 quedas consecutivas.

Além da redução do spread médio – taxa de remuneração do banco – de 1,7% para 1,3%, também houve o alongamento de prazos (tanto de carência quanto de amortização) e uma maior participação do banco nos investimentos. Os prazos são de até 34 anos para investimentos em ferrovias, rodovias, hidrovias e mobilidade urbana; até 24 anos para energias alternativas, portos, aeroportos, exportação e desenvolvimento regional; até 20 anos para educação, saúde, segurança e telecomunicações e até cinco anos para linha de giro.

De acordo com Rabello, a métrica é de “compensação” em algumas taxas, mas o impacto é positivo. “O banco reconhece que dispõe de recursos suficientes para, sem prejuízo de sua rentabilidade, fazer esse movimento. As taxas subiram em setores menos incentivados e a perspectiva é de que [a mudança] traga um impacto positivo para a atividade econômica como um todo.”

Para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) Paulo de Carvalho Lins, as mudanças são um elemento adicional às ações que o governo e o próprio BNDES já vinham implementando.

“A estabilidade econômica e a simplificação das ‘regras do jogo’ são mais importante para a expansão da demanda do que o componente preço [como a redução dos spreads]”, destaca Lins, referindo-se, por exemplo, ao cenário de inflação e juros baixos e à redução, de seis para duas, das categorias de financiamento de projetos de infraestrutura.

“Com isso, o empresário consegue ter mais previsibilidade sobre o retorno do investimento que ele está fazendo”, acrescenta Lins, do Ibre.

Prioridades

O presidente do BNDES reforçou que os ajustes nas políticas operacionais – que devem entrar em vigor nos próximos dias – terão prioridades nos setores de segurança pública, saneamento e energia solar.

“São setores de alta demanda social. Principalmente a parte de segurança, área que o banco não olhava como parte de desenvolvimento e que agora passaremos, a tratar com prioridade”, diz o executivo.

O BNDES, não somente lançará uma linha específica para segurança ainda este ano com desembolsos próximos a R$ 4 bilhões – cerca de 50% dos atuais gastos de estados e municípios com o setor –, como também pretende ultrapassar os R$ 10 bilhões na linha até o ano que vem.

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