Economia

Com alta no crédito, lucro do Bradesco sobe 11% em 2017

O lucro do Bradesco cresceu 11,1% no ano passado, para R$ 19,024 bilhões, puxado pelos ganhos com administração de fundos e pelo corte nas despesas com devedores duvidosos. 

O resultado se deu em meio a um recuo da carteira de crédito, especialmente no segmento de pessoas jurídicas, e a uma elevação da provisão para calote nos últimos três meses do ano.
"O nosso lucro líquido foi adequado e fruto de um acerto das políticas adotadas. Tudo foi pensado e realizado, tivemos um realismo no crédito, um conservadorismo nas despesas e nos gastos e um ajuste na estrutura da organização", afirmou, em conferência por telefone a jornalistas, o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco.

Essa reestruturação envolveu a incorporação das agências, funcionários e outras sinergias com o HSBC, comprado pelo Bradesco em 2015. 

As receitas do banco cresceram 9,9% no ano passado, para R$ 30,81 bilhões, impulsionadas pelo avanço de 20,7% em administração de fundos e pelo ganho de 10,7% com conta-corrente. Mas as despesas pessoais e administrativas cresceram 7,8%, para R$ 39,6 bilhões.

A carteira de empréstimos do banco caiu 4,3% no ano, para R$ 492,931 bilhões. Mas houve leve aumento nas concessões no último trimestre (alta de 1,2%). 

"A carteira de crédito começou a reagir, principalmente no último trimestre, depois de um processo doloroso provocado pela recessão. Com a  desalavancagem do orçamento das famílias, tudo volta aos trilhos. Já começamos a ver uma reação no crédito em micro e pequenas empresas e no consumo das famílias", afirmou Trabuco.

Consignado e imóveis

Para pessoas físicas, o maior crescimento em 2017 foi registrado pelo consignado, com avanço de 13,3%, para R$ 43,968 bilhões. O financiamento imobiliário avançou 4,3%, para R$ 33,687 bilhões, e o de veículos cresceu 4,2%, para R$ 20,784.

Entre as quedas, destaque para o recuo de 20,6% no cheque especial. Segundo Firetti, a retração é um movimento natural decorrente da substituição de um crédito mais caro por opções mais baratas.

"É uma tendência que deve continuar ao longo dos próximos trimestres. Os bancos têm discutido melhorar de maneira mais consistente o nível de informação para o cliente, com taxas de juros melhores e dando mais prazo aos clientes para o gerenciamento de suas finanças", ressalta.

Os empréstimos para pessoas jurídicas retraíram 7,4% em um ano, para R$ 317,462 bilhões. A maior queda foi observada nas concessões para micro, pequenas e médias empresas, com recuo de 10,1%, para R$ 92,214 bilhões. Para grandes empresas, a queda foi de 6,3%, para R$ 225,248 bilhões.

"A demanda de micro, pequenas e médias empresas têm melhorado e temos visto sinais animadores. Para o ano, vemos pressão em pessoas jurídicas, mas no segundo semestre essa inadimplência corporate", afirmou Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do banco.

Calotes

No ano passado, a provisão que o Bradesco fez para devedores duvidosos recuou 15,9%, para R$ 18,276 bilhões. Mas houve crescimento na despesa no último trimestre do ano. A alta foi de 20,9%, para R$ 4,622 bilhões.

Segundo Firetti, o aumento foi provocado pela revisão das notas de crédito de grandes empresas. "Há uma tendência estrutural de melhora, a inadimplência está vindo bem. Ao longo de 2018, teremos uma melhora", afirmou. 

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