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Greve dos Correios atinge 20 estados e o DF, diz federação dos trabalhadores

A greve dos Correios começou às 22h de terça-feira (19) e atinge 20 estados e o Distrito Federal, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília (DF), Campinas (SP), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora (MG), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto (SP), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Maria (RS), Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Sergipe, Santa Catarina, Uberaba (MG) e Vale do Paraíba (SP).

Segundo a Fentect, a paralisação é parcial, com redução de funcionários nas agências.

Já os Correios informaram que a paralisação não afeta os serviços de atendimento e está concentrada na área de distribuição.

Dos 31 sindicatos ligados à Fentect, somente três ainda não realizaram assembleia: Acre, Rondônia e Roraima.

As agências franqueadas não estão participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos Correios pelo país, além de 1 mil franqueadas.

A paralisação deverá afetar as entregas e prejudicar os consumidores que dependem dos serviços da estatal postal.

Veja o que fazer para evitar problemas durante a greve dos Correios

Segundo a federação, foram mais de 50 dias de negociação, sem sucesso. Entre os motivos da greve estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para aqueles que já estão com férias vencidas.

Os Correios informaram que a paralisação parcial não afeta os serviços de atendimento e que todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram à greve, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis.

Segundo a estatal, a paralisação está concentrada na área de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã desta quarta mostra que 93,17% do efetivo total está trabalhando, o que corresponde a 101.161 empregados, número apurado por meio de sistema eletrônico de presença.

Ainda de acordo com os Correios, as negociações com os sindicatos que não aderiram à paralisação ainda estão sendo realizadas esta semana.

“Os Correios continuam dispostos a negociar e dialogar com as representações dos trabalhadores na busca de soluções que o momento exige e considera a greve um ato precipitado que desqualifica o processo de negociação e prejudica todo o esforço realizado durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”, informou em nota.

Veja a paralisação por regiões:

Alagoas

Em Alagoas, o sindicato avalia que os serviços de entrega vão ficar comprometidos. A greve, deflagrada por tempo indeterminado, é por aumento salarial e pagamento de data-base.

Amapá

No Amapá, a greve tem adesão de funcionários do setor operacional, que inclui carteiros, motoristas e atendentes. O presidente do Sintect-AP, Decírio Belém, informou que além de Macapá, agências no interior do estado também aderiram ao movimento, nas cidades de Santana, Ferreira Gomes, Itaubal e Pracuúba.

Amazonas

No Amazonas, os Correios informaram que o movimento está concentrado na área de distribuição. A empresa diz que as agências estão abertas e que "90% do efetivo estão presentes e trabalhando – o que corresponde a 1074 empregados."

Bahia

Na Bahia, os funcionários da empresa reivindicam reajuste salarial e melhorias em benefícios, e dizem que desde julho não conseguem entrar em acordo com os patrões.

Ceará

Em nota, os Correios afirmam que a paralisação dos empregados é parcial no Ceará e que não afeta os serviços de atendimento da empresa. A nota diz, ainda, o movimento está concentrado na área de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã desta quarta-feira mostra que no Ceará, 87,9% dos empregados estão presentes e trabalhando – o que corresponde a 2.289 empregados em atividade.

Espírito Santo

No Espírito Santo, as informações repassadas por sindicato e pelos Correios são desencontradas.

De acordo com o sindicato, 60% dos profissionais já aderiram à greve e o grupo é formado, majoritariamente, por carteiros, o que vai afetar a entrega de correspondências. Entretanto, os Correios dizem que mais de 87% dos funcionários estão trabalhando na Grande Vitória e no interior, e que a paralisação não afeta os serviços das agências.

Minas Gerais

Conforme os Correios, 96% dos empregados estão trabalhando em Minas nesta quarta-feira. Ainda de acordo com a empresa, as adesões se concentram em unidades operacionais da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo os Correios, todas as agências estão abertas.

Em Belo Horizonte (MG), funcionários dos Correios fizeram uma passeata no centro da cidade na tarde desta quarta-feira.

Pará

Os funcionários dos Correios em Santarém, no oeste do Pará, paralisaram parcialmente e por tempo indeterminado os serviços prestados no município. A maioria dos funcionários que paralisou as atividades é de carteiros.

Paraíba

Na Paraíba, de acordo com o diretor do Sintect-PB, Emanuel de Sousa, durante o período de greve, os serviços de postagem e entrega de correspondências e encomendas vão ficar suspensos. As agências vão funcionar em atividade interna, sem atendimento ao público.

Pernambuco

Em Pernambuco, as entregas de correspondências ficam comprometidas durante o período de suspensão das atividades, segundo o Sintect-PE.

Piauí

No Piauí, o setor de distribuição de encomendas e entrega de correspondências está 75% paralisado, enquanto o atendimento ao público funciona parcialmente.

Santa Catarina

Em Santa Catarina, segundo Giovani Zoboli, secretário-geral do Sintect-SC, cerca de mil funcionários estão paralisados em todo o estado. "Cerca de 70% da parte de triagem de cartas e encomendas aderiram à greve. Os administrativos não", disse.

São José do Rio Preto (SP)

O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos de São José do Rio Preto, que abrange mais de 100 cidades, afirma que 70% dos funcionários aderiram à paralisação, algo em torno de 120 carteiros.

Triângulo Mineiro (MG)

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios e Telégrafos de Uberaba e Região (Sintect-URA), Wolnei Cápolli, os funcionários continuam com os serviços essenciais à população, mantendo um quantitativo mínimo de 30% de trabalhadores. Ainda não há um número exato de servidores que paralisaram as atividades.

Vale do Paraíba (SP)

A estimativa do Sintect é de que cerca de 70% dos funcionários da região do Vale do Paraíba tenham aderido à greve.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.

Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.

Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.

Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.

Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promovesse o "equilíbrio rapidamente", "caminharia para um processo de privatização".

A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%.

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