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Emissão de FIDCs mais do que triplica e deve ter fôlego em médias empresas

 

São Paulo - A emissão de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) mais do que triplicou nos dois primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2016. Com juros mais baixos, médias empresas devem intensificar apostas nos fundos neste ano.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o volume emitido nos FIDCs foi de R$ 806,7 milhões entre janeiro e fevereiro deste ano. Além de ser mais do que o triplo do que o observado em iguais dois meses do ano passado (R$ 168,5 milhões), o volume é o mais alto para o período desde 2012 (R$ 1,724 bilhões).

"As empresas estão com a necessidade de captar recursos como forma de fortalecer o fluxo de caixa, e essa é uma mecânica que se encaixa no que o FIDC oferece, que atende a vários segmentos da indústria", afirma o sócio da NFA Advogados, Carlos Ferrari.

Nesse sentido, para o professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de Brasília (Ibmec), Marcos Melo, são as médias companhias - que começam a requerir valores de R$ 500 mil a R$ 1 milhão - que devem impulsionar esse movimento.

"Há uma carência muito forte de financiamento nessas empresas e o FIDC aparece como alternativa. A partir do segundo semestre, a depender da confiança do empresário, os fundos já podem ter um crescimento mais significativo", identifica o especialista.

Dentre as carteiras de destaque, aquelas que implementam a compra de créditos vencidos e não pagos deve se destacar, tanto pelo momento econômico do País como também pela expectativa dos investidores em reaver esses recursos inadimplentes.

Segundo o CEO da Integral Investimentos, Carlos Fagundes, "o estoque de créditos inadimplentes tem crescido" e, com ele, a tentativa de monetizar essas carteiras.

"O banco limpa sua carteira, apurando algum retorno dentro das dívidas com pouca perspectiva de recuperação. E nesse cenário, os FIDCs abrigam esses recursos por especialistas com capacidade de cobrança", analisa.

"É um ano de execução", completa Ferrari. Ele explica que, dentre as atividades desenvolvidas ao longo de 2016, a compra dos créditos vencidos e não pagos adicionados aos FIDCs não padronizados tem ganhado destaque no mercado de investimentos.

"O saldo da dívida e a compra desses créditos acaba gerando um retorno de percentual bastante acima do desconto tradicional de recebíveis. A compra é feita com muito ágio com a expectativa de receber esses créditos não pagos de volta", pondera.

Subordinadas

Ainda de acordo com os especialistas entrevistados pelo DCI, outro aspecto que também tem chamado a atenção das médias empresas é a "mecânica" de recebimento.

"A empresa muitas vezes também figura como subordinada, ganhando um percentual pequeno dentro do fundo. Nesse cenário, após a quitação da dívida, ela consegue ainda receber um adicional por subordinação, permitindo não apenas a formação de caixa mas um desconto e possíveis ganhos finais", identifica Ferrari, sócio da NFA Advogados.

Para Fagundes, apesar de a ideia ser a emissão de cotas para o atuante com preferência de recebimento, "os fundos estão bastante robustos" e permitem um baixo risco de crédito para o mercado.

"Impulsionados pela retomada econômica, a perspectiva é bastante positiva. São ratings elevados, que mostram uma evolução acelerada nos próximos anos", completa.

Isabela Bolzani

http://www.dci.com.br/financas/emissao-de-fidcs-mais-do-que-triplica-e-deve-ter-folego-em-medias-empresas-id614130.html