Economia

Inadimplência deve ficar estável neste ano

São Paulo - A taxa de inadimplência no País deve ficar estável, pelo menos, nesta primeira metade do ano, ainda pressionado pelo nível de desemprego. É o que apontam especialistas entrevistados pelo DCI.

Apesar dos juros estarem em queda - tanto a Selic, quanto a de bancos -, esse custo é ainda alto. Isto somado à menor intenção da população de se endividar e da continuidade da seletividade nas concessões de crédito por parte das instituições financeiras, se houver queda na inadimplência esta será bem gradativa, segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Por outro lado, Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), acredita que o atraso no pagamento de dívidas não deve diminuir até que a atividade econômica mostre sinais de recuperação, o que deve acontecer só em meados de 2018.

"Todos os fatores que impactaram a inadimplência em 2016 [recessão, seletividade bancária e menor demanda] estarão presentes no curto prazo. Juros estão menores e a população e as empresas estão pegando menos crédito, o que favorece a queda da inadimplência. Mas a conjuntura deve manter o atraso nos pagamentos, com desemprego ainda alto e sem previsão de reversão nos próximos meses. E ainda temos uma série de incertezas tanto no ambiente doméstico quanto externo. Por isso, acredito que a inadimplência para as pessoas física e jurídica ficará estável", resumiu Oliveira.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central (BC), a taxa de inadimplência (recursos livres e direcionados) passou de 3,4% registrado em novembro de 2015, para 3,8% em igual mês de 2016. No caso de Pessoa Física, foi de 4,2% para 4,1%, nesta comparação. Mas para Pessoa Jurídica subiu de 2,6% para 3,5%, reflexo da recessão.

Consumidor

Apesar de concordar com as argumentações do diretor da Anefac, Marcela entende que a inadimplência, no caso dos consumidores, deve recuar, mesmo que "timidamente". Contudo, este cenário não revela uma tendência otimista, justamente por causa do desemprego no País.

"[Com a atual situação econômica] as empresas optam por demitir e fechar a vaga ou contratar outra pessoa com salário menor. Com zero renda ou renda menor, a capacidade de pagamento tende a diminuir, desta forma essas pessoas não se endividam e a taxa de atraso recua", aponta.

Recente pesquisa do SPC Brasil com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que o número de negativados cresceu, alcançando 58,3 milhões de consumidores em dezembro de 2016. Apesar de expressivo, as instituições entendem que o resultado revela uma desaceleração da taxa de crescimento da inadimplência.

Em janeiro de 2016, a estimativa era de 57,6 milhões de consumidores, o que mostra um aumento de 700 mil casos ao longo do ano. No mesmo período de 2015, porém, o aumento foi de 2,5 milhões.

Porém, uma melhora significativa desses atrasos depende, como os especialistas afirmaram, de uma retomada da economia. " O problema é que a inadimplência sempre tem uma defasagem com o que está acontecendo hoje. E uma reversão viria somente no segundo semestre", diz Marcela.

Fernanda Bompan

http://www.dci.com.br/financas/inadimplencia-deve-ficar-estavel-neste-ano-id600599.html