Tecnologia

Bancos focam no digital e devem ter taxas mais baixas e produtos variados

São Paulo - A digitalização do sistema financeiro tem impulsionando a migração tecnológica nos grandes bancos e dado fôlego aos 100% digitais. Na premissa de taxa mais baixa e conta simplificada, processo terá novas soluções e deve alcançar pessoas jurídicas ainda este ano.

O impulso veio mais forte no ano passado: as fintechs ganharam fôlego no mercado; veio a autorização da abertura da conta corrente on-line pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); e as instituições 100% digitais, como o Banco Original e o Banco Intermedium cresceram.

De acordo com Marcos Lacerda, diretor de comunicação e marketing do Original, essa força se intensificou por ser uma migração "inevitável", e o próximo passo é passar tudo para o celular.

"São quatro ondas evolutivas: a primeira, foi a disseminação das agências bancárias; a segunda, o internet banking; a terceira, foi o mobile banking; e a quarta, é o que chamamos de 'Seamless Banking', ou 'banco em qualquer lugar'", explica Lacerda.

Em tempo, três dos cinco maiores se posicionaram.

O Banco do Brasil (BB) já possibilita a abertura completamente digital da conta, enquanto Bradesco e Itaú ainda exigem a presença na agência para oficializar, mas permitem transações pelo mobile. Apenas Caixa e Santander não possuem uma conta digital.

Mesmo parecida ao 100% digital, porém, Simão Kovalski, diretor de pessoas físicas do BB, diz que a conta é "limitada". "As movimentações são até R$ 5 mil e não há a possibilidade de tomar limite de crédito. No entanto, a grande maioria dos clientes de renda mais limitada preferem contas apenas para movimentações, e essa facilidade supre o que eles precisam", comenta Kovalski.

"Também estamos trabalhando em lançar uma conta mais completa em abril. Envolverá mais passos e uma documentação mais parruda, mas será inovador", completa.

Para João Vitor Menin, presidente do Intermedium, porém, ainda é preciso uma atenção ao "conceito de banco digital".

"No DNA digital, o intuito não é o cliente ir à agência para nada, mas conseguir suprir suas necessidades com arcabouço de serviços digitais. O movimento dos bancos se posicionando é importante, mas ser um banco digital é diferente de ser um banco de varejo com um canal digital", avalia.

Além disso, os executivos ressaltam o "atraso na largada" por parte dos grandes bancos.

"Reconhecemos a qualidade dos nossos concorrentes, mas na maioria dos casos, saímos na frente por já termos nascido 100% digitalizados, e o público está percebendo isso aos poucos", conclui Lacerda.

Contrapontos

De acordo com os executivos ouvidos pelo DCI, no entanto, ainda há algumas divergências a respeito da migração digital dos grandes bancos.

O primeiro ponto, segundo Menin, seria a cobrança de tarifas. "Somos 100% gratuitos, mas algumas instituições têm f serviços limitados demais e aumentando as tarifas. Isso não é uma competição, tem espaço pra todo mundo", disse o presidente do Intermedium.

No Original, os pacotes variam de R$ 9,90 a 29,90, dependendo dos serviços escolhidos, enquanto no BB, Itaú e Bradesco a conta é gratuita, mas limitada e com pacotes de produtos a partir de R$ 9,90.

Já para Carlos de Souza, secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-cut), o problema tem sido a forma como os bancos têm feito essa migração.

"A tecnologia é positiva, o viés é como ela está sendo usada", afirma, reforçando que muitas demissões acontecem frente o interesse de otimização dos lucros bancários.

"Sem contar que muitos clientes acabam migrando automaticamente para a conta digital e sequer são informados", avalia Souza.

Já a segurança, apesar de ser uma questão de incerteza no segmento, é constantemente aprimorada. "As transações vão ficando mais seguras. De qualquer forma, é um componente de constante investimento", afirma Ricardo Zanini, gerente sênior da GFT

Apostas

A opinião geral do setor, no entanto, é de ascensão bancária nas "apostas tecnológicas".

No Original, por exemplo além da aposta no programa de relacionamento com pontuação denominado "cash back" (dinheiro de volta), o foco tem sido taxas mais baratas no cartão e nos serviços.

"A previsão também é de lançarmos uma conta digital para pessoa jurídica até o final de 2017", acrescenta Lacerda.

Para Monica Saccarelli, sócia diretora da Rico, mesmo com "algumas mudanças legislativas necessárias", a transformação será cada vez maior "As instituições já estão se adaptando e esse processo tende a se fortalecer este ano", conclui.

Isabela Bolzani

http://www.dci.com.br/financas/bancos-focam-digital-e-devem-ter-taxas-mais-baixas-e-mix-variado-id600077.html