Tecnologia

‘Disrupção’ é a palavra de ordem

Termo que até muito pouco tempo atrás quase não se ouvia falar, "disrupção" está hoje em destaque no mundo dos negócios. Em todos os eventos relacionados à inovação, esta é a palavra de ordem, resultado do surgimento de novas empresas que vêm rompendo modelos tradicionais de negócio. Mas, na verdade, "disrupção não é uma palavra nova", diz Brian Curran,vice-presidente de Estratégia e Design de Experiência do Consumidor da Oracle em evento realizado nesta semana em São Paulo, o Oracle Open World 2016. 
Na ocasião, experts foram conversar com empresários sobre como eles podem incluir a disrupção na cultura de suas empresas a fim de se tornarem competitivas neste novo cenário de inovação. Segundo afirma Curran, disrupção já era uma palavra utilizada 50 anos atrás, e era associada, por exemplo, a alguém que não segue as regras, não faz o que mandam. 
O Uber é um dos maiores exemplos de empresa disruptiva hoje, pois criou através de uma plataforma digital uma solução revolucionária para um problema antigo, que é a mobilidade. Todos sabem que as grandes cidades sofrem com o excesso de carros nas ruas, e que muita gente estaria disposta a "dar uma carona" em troca de uma renda. O Uber ligou os pontos e criou uma plataforma que não detém os carros, não contrata motoristas, mas proporciona um meio de transporte a quem precisa se deslocar pela cidade e, ao mesmo tempo, uma forma de geração de renda a quem possui um veículo. 
"São empresas jovens de cinco a sete anos de existência com valor de mercado muito alto e que atuam de maneira digital", descreve Alexandre Arello, diretor da empresa de auditoria e consultoria Deloitte. As grandes companhias, então, se veem ameaçadas diante dessas empresas, que também costumam ser bastante eficientes do ponto de vista operacional - uma vez que costumam ser pequenas, com poucos funcionários – e possuem uma capacidade bem maior de recuperação caso falhem. 
Segundo Luís Parraguez, sócio da Deloitte, as empresas que usam modelos de negócios digitais possuem uma capacidade de capitalização oito vezes maior que modelos de negócios baseados em produtos."Estamos em um mundo disruptivo, de grande transformação. Mas somos ainda relevantes para nossos clientes", comenta. 
O foco no cliente, a capacidade de olhar para fora do negócio e de gerar experiências digitais personalizadas e sem intermediadores, na opinião de Parraguez, são alguns pontos da receita para fazer de um negócio digital um sucesso. Outra diferença desse tipo de negócio é que o seu retorno sobre o investimento vem, na realidade, da rede de relacionamentos em que seus usuários estão inseridos. "O relacionamento é um ativo muito importante. O impacto do consumidor é exponencialmente multiplicado pelo tamanho de sua rede. Hoje, não falamos mais em retorno sobre o investimento, falamos de retorno sobre o relacionamento." 
O capital investido dessas pequenas empresas é escalável, e seus projetos são executados de maneira iterativa: a cada ciclo, são feitos testes e validação do negócio, acompanhados da aplicação das alterações necessárias para o aprimoramento do negócio. Isso torna essas companhias ágeis e bastante flexíveis, características essenciais para o novo cenário de mercado. Por fim, destaca Arello, a inovação disruptiva não necessariamente precisa ficar restrita à área de software, mas também pode ser aliada a processos e produtos dentro de uma empresa. "A jornada já começou."

Mie Francine Chiba
Reportagem Local


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