Pilotando sua empresa


Nesses 16 anos de empres?io alguns fatores marcantes contribu?am para o amadurecimento de minha gest?, posso citar o casamento, pois gerir uma rela?o n? ?algo simples como todos sabemos; os dois MBA que fiz logo ap? terminar minha forma?o em Ci?cias da Computa?o, um de Gest? empresarial e Marketing e outro de Gest? Estrat?ica de Factorings, pois a troca de experi?cias profissionais geram mais conhecimento que muita teoria. A paternidade, educar crian?s ?algo que acrescenta muito em nosso dia a dia profissional, ser mais paciente, tolerante, comedido e outras virtudes. E o motocilcismo, minha outra grande paix?. Esse ser?o foco desse artigo, em que descreverei com mais detalhes como apliquei os ensinamentos que conquistei nos anos de empres?io e como aprendi nesses 6 anos em duas rodas. O dif?il ?saber quem ajudou mais um ao outro, se o empres?io ao motociclista ou o motociclista ao empres?io... Por v?ias vezes fiz mentalmente essa analogia entre o que estava vivenciando em duas rodas e a gest? da minha empresa, fui anotando tudo para um dia escrever algo mais elaborado, enfim, acho que chegou a hora.

Se voc?n? gosta de moto, continue lendo, pois certamente gosta de sua empresa, e deve gostar de viajar mesmo que de carro.

Revendo meu material do MBA de Gest? Empresarial e Marketing feito no IBES em 2003, na disciplina de Gest? Estrat?ica do Dr. Edgar J. C. Menezes encontrei essa frase: Fazer Estrat?ia significa definir o ONDE se quer ir e o COMO chegar at?l? Ser?que tem tudo a ver com o Motociclismo esse neg?io de Empresas?

Organizar uma viagem grande de Mototurismo ?mais ou menos como abrir uma nova empresa, ou prefiro dizer: criar um novo produto para nossa empresa. A pr?viagem, exige igualmente um planejamento detalhado, algo como um plano de neg?ios dentro de um planejamento estrat?ico. Na jornada, entram a?todos os conhecimentos de gest?, monitorando, avaliando, alterando metas, compartilhando, ajustando tudo que n? estiver dentro do planejamento inicial. Por fim, depois de retornar vem a fase de avalia?o e an?ises, onde surgem as melhorias para a pr?ima empreitada.

Lembrete: Um plano de neg?io ?um documento que descreve por escrito os objetivos de um neg?io e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcan?dos, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de neg?io permite identificar e restringir seus erros no papel, ao inv? de comet?los no mercado. Em um modelo simplista, os principais planejamentos a serem analisados para um novo neg?io ou produto s?: O empreendimento, os profissionais, metas e objetivos, a an?ise de mercado, o plano operacional, o plano financeiro e a avalia?o estrat?ica.

Seguem minhas analogias.

O Empreendimento, Metas e Objetivos - roteiro - Viajar de moto ?diferente de outras viagens pois o roteiro ?tudo, pois ele ?a viagem, o destino ?apenas o ponto de in?io do retorno, o meio da viagem. Normalmente todo dia temos destinos e novidades para se ver e aproveitar, isso excita, impulsiona, n? nos deixa cair na mesmice, na acomoda?o. Elaborar o roteiro exige muita aten?o pois temos que pensar em v?ios pontos como tempo dispon?el, estradas, hot?s, altitudes, clima e outros fatores. O roteiro tem que atender a expectativa de todos que v? participar dela, paisagens, culturas, gastronomia s? indicadores. Viajar mais quil?etros por dia? ou ficar mais tempo em cada parada? Isso depende do objetivo que o grupo deseja com a viagem .Quando se pensam em criar um novo produto (ou ramo de neg?io) um dos pontos principais ?a meta e o objetivo, o que se quer, quem ?o p?blico alvo, tudo isso tem que ser previamente analisado para n? se criar algo que vai atender apenas a expectativa e necessidade do empreendedor. Muitas vezes se cria algo pensando em retorno a curto prazo e o mercado entende como algo de longo prazo, imagina-se algo que ?de extrema necessidade ao usu?io, mas ele entende como algo mais apenas, isso infelizmente ?bastante comum e deve ser previsto.
 
Um objetivo e um bom roteiro
 
Os Profissionais - parceiros - Nada f?il, como em nossa empresa que se faz necess?io decidir corretamente quem ser? seus s?ios, colaboradores, parceiros e at?os clientes, numa viagem de moto essa quest? ?t? importante quanto. Ser? muitos dias compartilhando as alegrias, os problemas, os espa?s. Importante saber qual a aptid? de cada companheiro, suas limita?es f?icas e emocionais, e gerenciar isso. Nada diferente do nosso dia a dia na empresa n? ?mesmo? Exceto que na empresa n? dormimos no mesmo quarto com o cara roncando ao lado hehe O maior problema geralmente ?no final da viagem, quando todos j?est? mais cansados e ansiosos para voltar para casa. Veja, essa situa?o ?muito similar no mundo empresarial, depois de alguns anos de empresa algumas pessoas come?m a se estressar por motivos pequenos, por v?ios adquiridos ao longo dos anos. Como mudar isso? Bom, manda ele virar motocilcista... ou tem que se criar um novo desafio, algo que estimule ele a se aventurar por um novo caminho na empresa, enxergar novos rumos.
 
A escolha dos parceiros certos

Plano Operacional - Escolha da moto certa ou do roteiro de acordo com a moto - Vemos muito isso nos neg?ios, ou escolher novos produtos que n? tem rela?o com o foco da empresa nem com o mercado, ou usar ferramentas erradas para gerir, isso certamente vai gerar problemas ou aumentar demais o risco do neg?io. No meu ramo empresarial, que ?de TI, vemos muitas empresas deixando de diminuir seus riscos, diminuindo a rentabilidade pois insistem em usar ferramentas defasadas ou n? dimensionadas para seu neg?io, n? investem em infraestrutura e seguran?, muito menos no treinamento dessas ferramentas. No motociclismo ?igual, dependendo da moto o roteiro tem que ser diferente, estradas que incluem terra ou r?io s?devem ser feitas em motos tipo bigtrail, com pneus dimensionados, acess?ios de reparos etc. Sei que aqui muitos v? criticar dizendo que at?de Biz, custom ou outras j?fizeram esses caminhos, mas meu foco aqui ?empresarial, e no meu entendimento fazer algo onde se aumenta o risco a extremos, n? ?um bom neg?io. Outro ponto ?a rela?o pot?cia/peso, se vai ficar muitos dias e a viagem vai ser com garupa, uma moto de baixa cilindrada vai sofrer demais, aumentar a probabilidade de pane, aumentar o risco em ultrapassagens. Igualmente adquirir um sistema “meia boca” para gerir um neg?io que gira milh?es em carteira, falta pot?cia, controle.
Outro ponto importante a ser considerado ?o planejamento de manuten?o da moto, algumas exigem troca de ?eo a cada 3mil km, outras 6mil, 10mil, cabe avaliar se o roteiro vai contemplar oficinas especializadas caso a moto ainda esteja na garantia.
 
 
Plano Operacional - Equipamentos e Acess?ios - N? basta ter um bom servidor de dados e n? ter um ?imo antiv?us na rede. Impressora lenta geralmente ?motivo de rede mal estruturada. Custos elevados de documentos transitando para colher assinaturas podem ser reduzidos a quase nada com uso de assinaturas digitais, esses s? alguns exemplos que mostram que acess?ios n? s? perfumaria na sua empresa. Se bem escolhidos, dimensionados e implantados de forma correta s?aumentam a seguran?, o conforto e diminuem os custos sejam os mensais ou os eventuais.
A mesma coisa ?com as viagens, se faz necess?io analisar, prever e dimensionar. Ferramentas m?imas necess?ias (arame, corda, alicate, chaves de roda etc), reparador de pneu, l?pada reserva etc. Se for pegar trechos noturnos, far?s auxiliares, protetor de farol, protetor de motor com descanso de perna. Se parte do roteiro ?off-road, pneus apropriados. Prevendo frio, uma pequena barraca, manta t?mica, cantil. Aqui poderia descrever in?meros outros exemplos, mas o importante ? como disse anteriormente, analisar, prever e dimensionar.
 

Plano Operacional - Treinamentos - N? basta ter um bom equipamento, acess?ios dispon?eis e n? saber us?los de forma correta. Tentativa e erro em situa?es cr?icas ?invi?el. Ter um treinamento de pilotagem em asfalto, chuva, off-road, saber usar a frenagem corretamente, ABS, trocar um pneu, reparar furos, trocar ?eo, ajustar a corrente. Investir em treinamento sempre tem retorno. Em nossas empresas geralmente usamos um pequeno percentual das ferramentas que temos dispon?el, e muito por falta de conhecimento. Outra situa?o ?que com a rotatividade de colaboradores o conhecimento vai se perdendo com o tempo, por isso ?importante reciclar sempre os treinamentos, nas diversas ?eas da empresa, seja operacional, gerencial e at?em n?el estrat?ico. Quanto mais estamos treinados, mais estamos preparados para os imprevistos.
 
Treinamento off-road
 
An?ise do Mercado - ambiente - Considero esse o ponto mais dif?il do plano de neg?ios e de viagem, pois nunca termina. ?necess?io avaliar o mercado antes e durante o percurso do projeto. Quando se pensa em uma nova empresa ou produto, a an?ise ?grande, p?blico, local, cultura, pol?ica local, pol?ica nacional e internacional, mercado financeiro, mercado de trabalho. ?complexo e trabalhoso, mas nessa an?ise est?boa parte do sucesso ou n? do neg?io. Mas n? basta ter essas informa?es somente antes da execu?o, ?preciso monitorar esse mercado o tempo todo, o queijo pode acabar (quem lembra do livro: quem mexeu no meu queijo?). Normalmente todo o ambiente de mercado ?muito mut?el, muitos itens diariamente, outros com prazos um pouco maiores, mas sempre mudam.
Estudar o roteiro, seus povos e culturas, as estradas, postos de abastecimento, policiamento, o clima da regi? na esta?o escolhida. Aqui darei um exemplo mais espec?ico: ?muito comum viagens pela Am?ica do Sul cruzando algum dos Pasos dos Andes. Chega-se a altitudes acima dos 4mil metros de altitude do n?el do mar, e nesses locais existe o Soroche (mal das alturas), efeitos causados pela dificuldade do organismo em absorver oxig?io, que pode ser letal. Aliado a isso a mudan? de temperatura entre o dia e a noite ?absurdamente grande variando mais de 30 graus muitas vezes. V?ios casos relatados de viajantes que avaliando de forma errada o ambiente resolvem atravessar esses pasos no final da tarde, subestimando a travessia achando que ser?feita em pouco tempo. No entanto ?comum demorar mais que o esperado, seja pela inconveni?cia do Soroche ou por se parar muito pela beleza dos locais que  nos for? a tirar muitas fotos e filmar. Quando se percebe cai a noite, o frio intenso e congelante, o perigo de uma nevasca, falta de ?ua e comida, podem ser uma armadilha fatal. Veja que nesse exemplo todo o risco desnecess?io ocorre por falta de an?ise do ambiente antes e durante o projeto. Outro exemplo ?o desgaste prematuro de pneus devido a escolha de pisos diferenciados.
Cabe aqui comentar que uma ferramenta de localiza?o via sat?ite, como por exemplo o Spot,  nesses casos pode ser a diferen? entre a alegria e a tristeza.
 
O ambiente muda

Espero que cada leitor desse artigo esteja fazendo suas analogias pr?rias, veja quantos exemplos cada um de n? temos em nosso dia a dia de trabalho ou de viagens.

Plano Financeiro - Esse item exige extremo cuidado ao ser analisado, n? que os demais devam ter menos import?cia, mas quando se mexe com dinheiro, qualquer erro pode ser desastroso. Em nossos neg?ios muito deve ser planilhado, desde os custos operacionais, custos fixos, custos extras, oportunidades, rentabilidade e assim vai. As vezes n? enxergamos onde est?nosso maior ganho ou nossa maior perda. Em nossa carteira existem clientes que dispendemos muito recursos, sejam eles financeiros ou operacionais e temos como retorno uma rentabilidade m?ima, as vezes at?negativa. Outros clientes que d? uma enorme rentabilidade,  segura, est? deixando de ser devidamente abordados. Nas viagens nos deparamos com algo parecido, localidades fora dos centros tur?ticos convencionais costumam ter um custo muito inferior e muitas vezes s? t? ou mais belas, in?pitas e exclusivas. Uma viagem pode ter seu custo variado em mais de 100% dependendo do padr? adotado de hot?s e refei?es, que s? os custos mais altos. Da mesma forma uma a?o de lan?mento empresarial varia muito tamb?, dependendo o p?blico alvo, local de atua?o etc. Hoje n? se pode desconsiderar a internet que traz resultados maiores a custos menores, e na maioria das vezes ?desconsiderada pelas empresas, grande falha!

Avalia?o estrat?ica - acompanhamento - No ?bito empresarial a avalia?o estrat?ica visa monitorar, analisar, avaliar, corrigir e depois voltar ao ciclo novamente. Manter-se dentro do planejado ou desenvolver novos processos para novos rumos fazem parte. N? ?nenhuma vergonha chegar em um ponto do projeto e verificar que se deve mudar de dire?o, temos que lembrar do ambiente mut?el, que hoje pode ser bom, amanh?n?, depois de amanh?excelente.
Nas viagens algumas a?es podem nos auxiliar. Fazer reuni?es durante o percurso para tomar decis?es em conjunto, revendo locais, rotas e qualquer outro problema. Manter contato com um grupo externo, por exemplo atrav? do Facebook ou um blog pessoal ?muito interessante.
Em uma viagem de mototurismo, ou viagem de aventura como alguns tamb? chamam, o n?mero de fotos e horas de filmagens s? enormes, ?imo, pois isso serve de material de an?ise, al? de ser uma das coisas mais gratificantes e prazerosas da viagem. Sempre comento que viajo tr? vezes: uma no planejamento, uma na aventura e outra na elabora?o do material de publica?o (blog, fotolivros e DVD).
Quando se est?elaborando esse material ?importante avaliar tudo que ocorreu, anotar o que n? foi feito dentro do projetado, analisar o que deve ser melhorado para a pr?ima viagem. Um exemplo simples: um dos maiores problemas dos motociclistas ?espa? de bagagem, principalmente quando se viaja com garupa. A cada viagem se verifica que levamos mais da metade do que ?necess?io, por isso se avaliado a cada viagem se consegue otimizar para a pr?ima. N? precisa usar a mesma roupa ?tima quatro dias seguidos ok? Otimizar, n? emporcalhar.

Outras virtudes adquiridas:

Paci?cia e Persist?cia - Fato que essa virtude ?fundamental ao mundo dos neg?ios, n? a acomoda?o, mas a paci?cia em esperar o melhor momento em agir, seja para lan?r um novo produto, fazer uma contrata?o, uma compra ou algo do g?ero. Muitas vezes agimos pelo impulso e isso n? ?nada bom, sempre. Para se ter uma ideia o planejamento de uma viagem grande geralmente ?em torno de um ano, No in?io controlar essa ansiedade, principalmente quando est?ficando cada vez mais perto, ?muito dif?il. Algumas situa?es exigem muita paci?cia, v?ios casos de bloqueio de estradas por obras, fechamento de pasos por causa de nevascas s? comuns, nessas horas calma e tranquilidade s? fundamentais. Com o tempo vamos aprendendo com essas situa?es e levamos esses aprendizados para nossas empresas, aprendendo a ser menos ansiosos e a esperar o momento certo das decis?es. Igualmente importante ?a persist?cia, nem sempre o caminho que escolhemos s? os mais f?eis, na verdade quase nunca s?, exigem esfor?s, tempo, energia. A grande maioria desiste nesse caminho. Por isso que o ?dice de mortalidade de empresas nos primeiros dois anos de neg?io ?de quase 30% (Brasil, 2012). Quem j?foi de moto ou carro at?o Ushuaia sabe o quanto ?dificil fazer os 1800km da Patag?ia, com suas retas intermin?eis e cansativas com ventos laterais que chegam a incr?eis rajadas de 80 km/h, mas depois ao chegar l?e ver a beleza e grandiosidade do destino, percebe que tudo valeu a pena. A abertura de um novo neg?io ou produto exige no in?io o maior esfor?, at?se chegar ao seu ponto de equil?rio muito esfor? e dinheiro s? necess?ios, e isso deve ser previamente planejado, mas quem persiste colhe seus resultados depois.
 

Parceria - Nem sempre o melhor caminho ?fazer tudo sozinho, aquela hist?ia de que "se quer bem feito fa? voc?mesmo" n? ?realidade nas gest?es. Divida os trabalhos, delegue, instrua e gerencie sua equipe. Troque o m?imo de informa?es com seus colaboradores e parceiros. Assim funciona tamb? na estrada, por exemplo, em um grupo existe o ponteiro (vai a frente) e o ferrolho (vai por ?ltimo), cada um tem suas fun?es espec?icas, e se n? trabalham em conjunto comprometem o grupo todo.

Proatividade Nada melhor para te for?r a ser proativo do que uma situa?o imprevista que deve ser resolvida de forma imediata e sem muitos recursos e pessoas dispon?eis naquele momento. Parece desesperador, mas isso ?muito comum em uma viagem. Com o tempo vamos aprendendo a lidar com isso e ficando cada vez mais eficaz nessas resolu?es. A dica que dou para exercitar essa virtude ?manter a calma, pensar com clareza e sem atropelos.

Hoje quando um parceiro profissional me diz: Temos um novo projeto, um grande desafio ?frente... ah, que alegria!
 

Graduado em Ci?cias da Computa?o (FURB), Especialista em Gest? Empresarial e Marketing (IBES) e MBA em Gest? Estrat?ica de Factoring (IBES). Empres?io administrador de empresa de sistemas de gest? (WBA) a 17 anos e atuou com professor universit?io por 9 anos. Moticlista a 5 anos com mais de 62mil km de estrada rodados na Am?ica do Sul, incluindo Atacama e Ushuaia.
Pietro Carlo Paladini Sobrinho
www.pietropaladini.com.br
pietro.paladini@wba.com.br
 

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Pietro Carlo Paladini Sobrinho

Pietro Carlo Paladini Sobrinho

Pietro Carlo Paladini Sobrinho
Empresário administrador de empresa de sistemas de gestão (Informare e WBA)
Especialista (MBA) em Gestão Estratégica de Factoring
Consultor de Empresas de Fomento Mercantil