A exposição consciente e inconsciente ao risco – O caráter da faturizada

Muito se fala no setor financeiro sobre ¨riscos¨. E não é para menos, pois se há um assunto importante no cotidiano das empresas de trabalham com o crédito é esse tal de risco.

Mas como podemos trabalhar de forma a minimizar os riscos efetivamente corridos em cada situação que nos deparamos? Entendo que de forma consciente.

Penso que o maior erro que uma empresa que atua no ramo financeiro é não ter consciência do risco que corre, situação esta muito comum quando não há a preocupação em desvendar as reais condições envolvidas no negócio.

É perfeitamente compreensível o fato de que os colaboradores de nossas empresas estão sobrecarregados de afazeres ou pressionados pela necessidade de realizar negócios, porém nada tira a extrema importância de estarmos conscientes dos riscos efetivamente corridos.

Dentre todos os riscos, não há nada mais importante do que conhecermos o ¨C¨ do caráter de nossas faturizadas, invariavelmente seu desconhecimento é extremamente problemático, penso que muito mais que os outros ¨C´s¨ da análise de crédito somados. Faça uma análise e veja se as perdas de sua empresa não estão ligadas a falta de bom caráter da faturizada.

O setor de Factoring é muito vulnerável a sofrer golpes de todos os tipos pelo fato de que não participa da relação comercial ou de serviços que deu origem ao título de crédito negociado, diferentemente do próprio fornecedor que efetivamente participou ativamente da relação, tendo este sua atenção quase que exclusivamente dedicada a perceber capacidade financeira do devedor no momento de decidir a concretização do negócio.

Para factorings, a análise pura e simples da capacidade financeira do devedor é muito pouco, temos de ir mais adiante buscando a consciência total dos riscos envolvidos em cada operação, tanto no que se refere ao cedente/faturizado, quanto ao sacado/emitente do título de crédito.

Outro importante fator é o ¨dinheiro quente¨ (aquele que está esperando na conta corrente da factoring para ser operado) é o causador de muitos prejuízos. A inoperância parcial ou total da área comercial da empresa é a responsável pela falta de opções de negócios e consequentemente sujeita a factoring a maiores riscos, conhecidos ou não.

Se as factorings possuem negócios suficientes para somente 100% de seu capital disponível acabará sendo escolhida pelos negócios que faz, não escolhendo-os, como deveria ser. Sujeita-se então a factoring a riscos, muitas das vezes consciente, que não gostaria de ter. Tenhamos sempre 20% a 30% de negócios superiores ao capital para serem analisados, somente assim teremos a opção de escolher os melhores.

O monitoramento constante deve ser a regra, pois frequentemente somos vítimas de golpes de clientes que nos tornamos amigos (demais), fazendo com que a guarda seja baixada. Lembre-se que o título de crédito adquirido deve ser cuidado como um filho até que este crédito retorne na forma de dinheiro no caixa da empresa.

Conheça sempre o caráter de seu faturizado, antes ainda de sua capacidade financeira, pois é esta característica que irá fazer com que ele produza e entregue o bem ou preste o serviço de forma a qualificar o crédito negociado, não podemos esquecer que é o sacado/devedor que deve ter capacidade financeira, pois é este que deve efetuar o pagamento.

Ernani Desbesel
MBA em Gestão Estratégica de Factoring

 
 

Ernani Desbesel

Ernani Desbesel

Especialista em Negócios de Compra de Recebíveis
MBA em Gestão Estratégica de Factoring
Advogado há 26 anos com especialidade em negócios das Empresas de Compra de Recebíveis
Palestrante em 11 cursos sobre o Setor de Compra de Recebíveis
Ex-empresário do Setor de Fomento Mercantil
Consultor de Empresas de Factoring, Securitização e FIDC
Auditor de Riscos da ISO 31000:2009 (Gestão de Riscos)