Donismo

É certo, que o povo brasileiro é um dos mais criativos e empreendedor, se compararmos, por exemplo, com a maioria dos países em desenvolvimento e porque não dizer também, com os desenvolvidos.

Isto, sem dúvida notamos, devido a grande quantidade de novas micro e médias empresas, que surgem a todo dia, é só verificar o volume de registros na Junta Comercial dos Estados e nos Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas.

De certa forma, mesmo com capacidade e espírito empreendedor, algumas pessoas, devido ao “status” social que alcançaram trabalhando como empregados, só percebem esta vocação, quando perdem o que achavam ser eterno, o emprego.

Mesmo assim, no desespero, pois no Brasil a pessoa com mais de 40 anos só consegue trabalhar, se montar seu “próprio negócio”, na maioria dos casos, têm tido sucesso na sua nova empreitada.

De maneira geral, com raras exceções, estas empresas crescem, se desenvolvem, criam empregos, aumentam seu faturamento, porém, quando atingem determinado patamar, pecam por não parar e se organizarem.

Ao contrário, passam a sofrer de um mal chamado “DONISMO”, muitas vezes fatal para a saúde e sobrevivência das empresas.

E isso, não é privilégio das micro e pequenas empresas não, muitas médias e até grandes empresas, principalmente as organizadas de forma familiar, passam a sofrer deste mesmo mal.

O “donismo” desestrutura a empresa, suga suas economias, sufoca sua atividade, pois, administra seus negócios de uma forma egoísta, individual, colocando interesses pessoais, acima dos do empreendimento, visando formar um patrimônio, uma segurança, segurança essa falsa, que, se de um lado satisfaz o “ego”, de outro inviabiliza e mata a empresa, a sua “galinha dos ovos de ouro”.

O “donismo”, faz com que administre a empresa, como se estivesse administrando a “cozinha” de sua casa. O que ocorre na administração de uma “cozinha”? Faltou alguma coisa, compra; quer comer caviar, compra; quer fazer um churrasco, compra; quer ter convidados para o almoço, convide; ou seja, faz aquilo que bem entende, como bem entende e quando bem entende, pois ele é o dono, ele manda, ele paga.

Esta, porém, não é a forma correta de administrar uma empresa, lá, na cozinha, você é o dono, na empresa você é sócio, “está dono”. Aqui, suas responsabilidades são outras, aqui enquanto empresa, pessoa jurídica, suas obrigações são as sociais, fiscais, tributárias, para com os fornecedores, clientes, colaboradores, a sociedade, o país.

Quando determinado administrador, sofre deste mal, passa a preferir um carro novo, à folha de salários, uma viagem ao exterior, ao pagamento dos impostos, ou, ao pagamento de um título a seu fornecedor, pois “eu sou o dono”, eu mando e desmando, a empresa é minha, primeiro “eu”.

O centro das atenções, o direcionamento dos negócios e dos resultados, passa a ser outro, a satisfação pessoal e as necessidades dos seus, passa a ser o foco principal.

A mania de “dono”, a síndrome do “donismo”, são sintomas que quando diagnosticados, devem ser logo tratados, do contrário, levarão, sem dúvida nenhuma, a óbito aquela empresa e seu “dono” juntos.

Tarcisio Zonta

Tarcisio Zonta

Bacharel em Ciências Contábeis - FURB - Blumenau/SC
Pós-graduado e Especialista em Contabilidade e Custos - FURB - Blumenau/SC
MBA em Marketing - IBES - Blumenau/SC
Administrador de empresas há mais de 35 anos
Consultor na área de contabilidade, sucessão familiar, securitização de créditos e gestão de empresas. 

Nota: O autor é sócio da Zonta Contabilidade e Consultoria especializada na Constituição, Estruturação e Acompanhamento de COMPANHIAS SECURITIZADORAS DE ATIVOS EMPRESARIAIS e FIDC.